O banhista Marcelo Costa Santos, de 51 anos, que morreu após um ataque de tubarão no sábado (10/7), na Igrejinha de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, deverá ser sepultado apenas nesta segunda-feira (12). Além de estar em choque, a família do auxiliar de serviços gerais estaria aguardando familiares que residem na Bahia. O enterro deverá acontecer de 13h, no Cemitério da Várzea, na Zona Oeste do Recife.
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Segundo informações da funerária que fará o sepultamento, a mãe e a esposa de Marcelo Costa é quem iriam liberar o corpo no Instituto de Medicina Legal (IML), o que não tinha acontecido até a postagem desta reportagem. O auxiliar de serviços gerais ainda chegou a ser levado para o Hospital da Restauração (HR) no Derby, Centro da capital pernambucana, mas não resistiu aos ferimentos.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incidente aconteceu nas proximidades do posto 4 da corporação. O tubarão chegou a amputar a mão direita da vítima e a causar um ferimento profundo em sua na coxa direita. Ao chegar no hospital, a vítima teria sofrido uma parada cardiorrespiratória e falecido. O capitão do Corpo de Bombeiros Joel Fernandes, que participou do socorro, conta que a vítima estava em uma partida de futebol na faixa de areia junto a colegas do trabalho e entrou na água do mar para se limpar.
Segundo os bombeiros, Marcelo não estava no fundo quando foi atacado. “Eles estavam em uma confraternização, jogando futebol, e, depois, ele, sozinho, entrou no mar e ficou com a água abaixo da linha da cintura. Não estava fundo. Quando foi mordido, ele mesmo gritou informando que estava sofrendo um ataque de tubarão. Foi quando os salva-vidas do posto 10 desceram, o retiraram da água e fizeram um primeiro atendimento", relatou.
PONTO CRÍTICO
A Igrejinha de Piedade é o ponto considerado mais crítico de Pernambuco: de um total de 66 ataques oficialmente computados pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) do Estado, 12 aconteceram no local. Ainda há dois incidentes em Fernando de Noronha em análise pela instituição.
Segundo a especialista em tubarões, oceanóloga e professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco Rosângela Lessa, existe uma "situação favorável" que explica a recorrência de ataques na região. "Ali há uma abertura nos arrecifes que faz com que as águas do raso e das áreas mais fundas se relacionem. Então, se o tubarão tiver por ali, vai ter acesso às áreas mais rasas". Além disso, há também o fato de haver uma aprofundação da costa no local.
Próximo ao local do incidente, há placas e bandeiras que indicam o perigo. Para Rosângela, a saída para evitar acidentes é a conscientização. "Esse não é um problema que é resolvido. Não tem como prever e nem como garantir que os incidentes não ocorram mais nas áreas onde já ocorreram. É um problema de educação, mais do que qualquer coisa, porque as recomendações não são seguidas. Acredito que não importa o quanto se faça de pesquisa, se os humanos não se derem conta e sigam as instruções", alertou.
Segundo o Cemit, existem aproximadamente 110 placas destinadas à prevenção de incidentes com tubarão no Estado, que contêm informações sobre condutas a serem seguidas. Estão distribuídas ao longo de 33 km do litoral pernambucano, nas áreas consideradas de maior risco de incidente com tubarão.
ATAQUES
O Estado não registrava novos ataques de tubarão desde 2019. De 1992 até 2019, foram registrados 62 ataques na área do 'continente', sendo 27 no Recife, 23 em Jaboatão dos Guararapes, seis no Cabo de Santo Agostinho, quatro em Olinda, um em Paulista e outro em Goiana. Em Fernando de Noronha, quatro pessoas foram vítimas dos tubarões.
Desse total, 25 vítimas não resistiram aos ferimentos, e 41 sobreviveram - muitas sofreram amputações. Os pontos onde mais foram registrados incidentes no continente foram na Igreja de Piedade (19,35%), na Praia de Piedade, e no Acaiaca (11,29%), na Praia de Boa Viagem. Em Fernando de Noronha, cada um dos quatro ataques aconteceu em localidades diferentes.
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