Violência

Secretário de Defesa do Cabo diz que município tem trabalhado para reduzir alto índice de homicídios

Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontou o Cabo de Santo Agostinho como a 2ª cidade com a maior taxa de homicídios do Brasil

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Luisa Farias

Publicado em 20/07/2021 às 11:20 | Atualizado em 20/07/2021 às 11:33
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O secretário de defesa social do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), Pablo de Carvalho, repercutiu os resultados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública que mostram o Cabo como 2ª cidade brasileira com a maior tava de homicídios por 100 mil habitantes. 

O anuário é produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que utilizou como base os dados dos crimes cometidos durante o ano de 2020. Segundo o ranking, o Cabo de Santo Agostinho apresentou no período 90 homicídios por 100 mil habitantes, número inferior apenas ao da cidade Caucaia, no Ceará, com um índice de 98,6. 

Já a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) aponta que em 2020 foram registrados 185 homicídios no Cabo. No primeiro semestre deste ano, 80 foram assassinadas. 

Em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta terça-feira (20), o secretário citou alguns dados que mostram ligeira melhora nos índices de violência em 2021. De acordo com ele, houve uma redução de 25% dos homicídios no primeiro semestre deste ano e de 17% dos roubos. "Os números são muito altos e a gente tem trabalhado firmemente para que eles continuem sendo reduzidos", afirmou. 

Pablo também ressaltou a contratação de 117 novos guardas municipais, que no Cabo podem fazer uso de arma de fogo. "Todos esses guardas sairão armados com 9mm, espingarda 12, arma não letal, terão treinamento de 860 horas de alto padrão humanístico, técnico, e sairão também formados em trânsito˜, afirmou. 

O município também passa por um processo de integração com as polícias Civil e Militar. A segurança pública ostensiva é em boa parte de responsabilidade dos governos estaduais, mas os municípios também têm o seu campo de atuação através da própria guarda e ações de prevenção, como o videomonitoramento. 

O secretário conta que houve um aumento de 100% na área de videomonitoramento e de 200% no período em que as câmeras funcionam, que agora é de 24 horas. "A gente está montando aqui um sistema técnico operacional, para trabalhar junto com outras instâncias do Pacto Pela Vida para seguir reduzindo esses números que são realmente muito preocupantes. Mas eu repito, a gente está trabalhando firmemente para montar um sistema de segurança que faça com que os números continuem caindo.

Segundo apontou o Ronda JC, no Cabo de Santo Agostinho há muitos confrontos entre grupos criminosos, e uma parcela dos homicídios se deve à cobrança de dívidas de compra de drogas. 

Questionado sobre a particularidade que o Cabo enfrenta para dispor de números tão altos de homicídios em relação a outras cidades até mesmo da RMR, Pablo respondeu que o perfil dos autores e vítimas dos crimes, considerando faixa de renda e escolaridade, são semelhantes aos de cidades como a capital Recife e a vizinha Jaboatão dos Guararapes. 

O que muda no Cabo é mesmo a forte presença das facções. "A gente tem aqui, como tem em vários lugares do Brasil, uma guerra de facções de narcotraficantes que são responsáveis por cerca de 70% desses crimes. É uma coisa isolada, pontual, mas de grande gravidade", afirma Pablo de Carvalho. 

 

Combate

Pablo de Carvalho aposta em um sistema de segurança pública no município em que a guarda municipal esteja mais focada no combate aos crimes como roubo, furto e estupro para que as polícias possam se debruçar no narcotráfico. 

"Não que a gente não se responsabilize, também pelo narcotráfico, a gente entende que a segurança é de responsabilidade de todos e a gente tem que dividir essa missão com as forças operacionais amigas. Mas essencialmente, o foco é esse problema, não só aqui no Cabo como no Brasil inteiro, nas grandes cidades, a gente tem essa questão do narcotráfico como uma atuação muito acentuada, muito aguda, no cometimento de homicídios", destacou.

O secretário também foi questionado sobre a efetividade das ações contra a violência focadas apenas na repressão policial. Ele argumentou que é preciso viabilizar uma política de segurança pública que atue de forma transversal, integrando diversas outras secretarias, para ir a fundo na origem da criminalidade. 

"A gente tem agregado a Secretaria de Saúde, de Educação, de programas sociais, uma análise criminal que não enxergue apenas o cometimento do crime específico, mas que tente começar a enxergar os índices de escolaridade, de renda, para que você tenha uma visão do crime nas suas múltiplas causas", apontou. 

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