Advogada atropelada em ato no Recife tem estado de saúde estável e permanece em observação
A mulher está internada no Real Hospital Português
A advogada de 28 anos atropelada no último sábado (2) durante dispersão do protesto pacífico contra o governo do presidente Jair Bolsonaro tem estado de saúde estável e encontra-se em observação, segundo comunicado transmitido pela Comissão de Advocacia Popular (CAP). Devido ao rompimento no ligamento do tornozelo, ela precisou passar por cirurgir e teve 10 pinos implantados em seu pé, o que demandará prolongada recuperação.
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A vítima teria convulsionado após o atropelamento, que ocorreu no sábado por volta das 12h30. Além da cirurgia no pé, ela levou pontos na cabeça. Nesta segunda-feira (4), e mulher ainda está em observação e em recuperação no Real Hospital Português, na Avenida Governador Agamenon Magalhães.
O atropelamento
A advogada, que havia participado de uma manifestação pacífica contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, no Recife, foi atropelada, no início da tarde desse sábado, no Centro da cidade. Segundo a vereadora Dani Portela (PSOL), ela foi arrastada por cerca de 50 metros.
Testemunhas contaram que o motorista, um administrador que dirigia um carro Jeep Renegade, furou o bloqueio feito pelos manifestantes e acabou atingindo e arrastando a advogada, que integra a Comissão de Advocacia Popular da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE). O acidente aconteceu por volta das 12h30 na Avenida Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio. A mulher foi socorrida pelo Samu.
Em entrevista ao NE2, da TV Globo, no sábado (02), o suspeito disse: "só passei por ela porque ela se pendurou no meu carro. As pessoas que estavam com ela começaram a dar um monte de pancada no meu carro, que está todo amassado na frente, o vidro quebrado. Então, eu fiquei com medo de ficar e acontecer uma coisa pior. E por isso que assim... Infelizmente, aconteceu, eu tô pedindo perdão mais uma vez, não é do meu caráter. Não é do meu feitio fazer isso". Ele estava acompanhado de um advogado.
O administrador também registrou um boletim de ocorrência de dado/depredação na Central de Plantões da Capital. Ele já foi candidato a vereador pela Frente Popular do Recife em 2012.
Ao JC, o advogado Sérgio Gonçalves defendeu que o administrador não atropelou a advogada por razões políticas, e que, inclusive, o cliente é simpático às reivindicações do ato contra Bolsonaro.
"Ele foi relacionado como um aliado de Bolsonaro porque ele foi candidato a vereador pelo PSC em 2012, quando nem o nome Bolsonaro era falado. Já tenho em mãos e possivelmente nas redes sociais deve ter também ele informando que votou e vota no PT. Tenho também documentos que mostram ele com a camisa e a bandeira do PT. Inclusive ele falou nas entrevistas de ontem que é votante do presidente Lula, ou seja, esse fato da data de ontem não foi um ato político. Não podemos direcioná-lo como se fosse um atentado aos manifestantes", afirmou.
O inquérito ficará sob comando da 1ª Delegacia de Homicídios do DHPP. A expectativa é de que as primeiras imagens que mostrem o atropelamento e fuga do motorista sejam entregues já nesta segunda-feira (4) para perícia. Testemunhas do caso também devem ser ouvidas. A polícia não confirmou se foi pedida a prisão do suspeito à Justiça.
O presidente da OAB-PE, Bruno Baptista, e a vice-presidente da entidade, Ingrid Zanella, estiveram no Hospital Português para prestar solidariedade à advogada. Eles estiveram junto com representantes das comissões de Advocacia Popular, Mulher Advogada e Direitos Humanos. O presidente conversou por telefone com o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, que garantiu apuração célere e rigorosa do caso.
Bruno considerou o atropelamento "bárbaro". "As nossas comissões de direitos humanos, prerrogativas, mulher advogada e advocacia popular estão acompanhando de perto o caso. Também falamos diretamente com o secretário de defesa social, que se comprometeu uma rápida apuração. A nossa principal preocupação é com o estado de saúde da nossa colega e também com uma rápida apuração, porque isso não pode ficar impune", concluiu.