Motorista que atropelou advogada durante protesto contra Bolsonaro no Recife é indiciado por tentativa de homicídio
"O procedimento investigativo foi encaminhado na última quarta-feira (03) ao Ministério Público de Pernambuco indiciando o acusado por tentativa de homicídio", informa a Polícia Civil
Matéria atualizada às 18h01
A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) concluiu as investigações sobre o atropelamento envolvendo o administrador Luciano Matias Soares e uma advogada, no dia 2 de outubro, durante as manifestações no Recife contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com a PCPE, o motorista foi indiciado por tentativa de homicídio e o procedimento investigativo seguiu para o Ministério Público (MPPE), nessa quarta-feira (4).
No dia da manifestação pacífica contra o presidente da República, no Centro do Recife, uma mulher foi arrastada por cerca de 50 metros. Testemunhas contaram que o motorista teria avançado em direção ao grupo de manifestantes que a mulher fazia parte. O acidente aconteceu por volta das 12h30 na Avenida Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio. A mulher foi socorrida pelo Samu para um hospital particular da capital pernambucana, onde ficou internada por 12 dias. Ela levou quatro pontos na cabeça, sofreu uma fratura no tornozelo e passou por cirurgia.
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O motorista trafegava pela Avenida Martins de Barros. Ao parar no semáforo antes do cruzamento com a Ponte Maurício de Nassau teria se deparado com o grupo de manifestantes. Uma das versões é que ele não quis parar para esperar as pessoas atravessarem a via. A vítima se segurou no capô do carro. Quando o condutor freou bruscamente, logo depois da estação do BRT, ao lado do Armazém do Campo, a mulher caiu no chão. O motorista, então, passou por cima dela e fugiu sem prestar socorro.
Para a advogada da vítima pelo Centro Popular de Direitos Humanos, Tereza Mansi, a conclusão da Polícia Civil causou surpresa, e que vai diligenciar na tentativa de reverter essa conclusão. “Não era realmente o que esperávamos, pelos depoimentos das testemunhas realmente não dava para se chegar nessa conclusão. Nós entendíamos que seria a tentativa de homicídio ainda com agravantes, mas nunca esperávamos que ele faria a tentativa de homicídio privilegiada, pelo excesso de legítima defesa”, afirmou a advogada Tereza Mansi.
Após ser identificado, Luciano Matias, pediu perdão a vítima e explicou que saiu do local por medo de ser agredido pelos manifestantes. "Só passei por ela porque ela se pendurou no meu carro. As pessoas que tavam com ela começaram a dar um monte de pancada no meu carro, que está todo amassado na frente, o vidro quebrado. Então, eu fiquei com medo de ficar e acontecer uma coisa pior. E por isso que assim... Infelizmente, aconteceu, eu tô pedindo perdão mais uma vez, não é do meu caráter. Não é do meu feitio fazer isso", declarou o administrador, em entrevista ao NETV.
Em sua defesa, o advogado Sergio Gonçalves afirmou que Luciano Matias teria pedido autorização a um dos manifestantes e que teria questionado se os manifestantes iriam fechar a via. "Ele disse que a pessoa informou que ele poderia passar pelo lado direito, tendo em vista que a manifestação seguiria para o lado esquerdo. Quando chegou na metade para o fim da manifestação, foi surpreendido por uma mulher informando que naquele momento ele não poderia passar mais. Nesse caso, ele ficou assustado, porque o carro dele não tem fumê e estava sozinho dirigindo", disse Gonçalves.
Sobre o indiciamento do administrador, o advogado explica que é necessário aguardar o prazo legal do Ministério Público, mas que seu cliente está tranquilo quanto a conclusão das investigações feita pela Polícia Civil. "Em relação indiciamento, reagiu com naturalidade porque se trata da opinião do delegado. Autos foram encaminhados ao MPPE para serem analisados e ver a questão do oferecimento de denúncia, se há autoria, materialidade e justa causa. Nós vamos aguardar o prazo legal da promotoria, e ver se vai ser confirmado a tentativa de homicídio privilegiado, ou vai para uma lesão corporal e ate mesmo crime de trânsito", afirmou.