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Habitacionais Encanta Moça I e II, no Recife, não deverão ser entregues no prazo de seis meses

Em audiência na Câmara do Recife, representante da Prefeitura do Recife disse ter tomado um 'susto' com os prazos apresentados pela Compesa

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JC

Publicado em 04/11/2021 às 17:50 | Atualizado em 04/11/2021 às 18:02
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A entrega dos habitacionais Encanta Moça I e II, que estão sendo construídos no Parque do Aeroclube, no Pina, deve atrasar. A previsão de conclusão da obra é abril de 2022, porém, em audiência pública na Câmara do Recife, nesta quinta-feira (4), as discussões indicaram que o prazo não será cumprido.

O debate sobre a entrega foi mediada pelo vereador Paulo Muniz (SD), presidente da Comissão de Acompanhamento das Obras do Parque do Aeroclube. Na ocasião, ficou claro um desencontro entre Prefeitura do Recife e Compesa.

Participaram da audiência pública representantes da Construtora BRK; da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa); da Secretaria de Saneamento Básico e do Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife.

“A Prefeitura procurou a Compesa solicitando que fizéssemos o trecho da elevatória do Aeroclube até o ponto de coleta da estação para viabilizar o empreendimento. Estamos na fase de análise de orçamento para poder iniciar o processo licitatório, que gira em torno de 120 dias. Pretendemos publicar a licitação até o final de novembro. A execução da obra leva de seis a oito meses”, afirmou Jamily Cruz, gerente técnica de Engenharia da Compesa, explicitando que serão necessários mais do que os seis meses que restam para a entrega das 600 moradias dos habitacionais.

A informação pegou de surpresa o representante da Prefeitura do Recife no encontro, Pedro Placido, secretário-executivo de Projetos do Gabinete de Projetos Especiais. ”Iniciamos as tratativas com a Compesa há 45 dias. Estamos alinhando detalhes de adequação orçamentária, retificação da planilha. Mas estou agora, na audiência pública, tendo noção do prazo. O susto foi meu também. Vamos avaliar o que podemos fazer para otimizar esse prazo de licitação da obra”, disse Placido, propondo uma nova audiência pública para o mês de dezembro pra que apresentem um novo planejamento.

“Nesta audiência ficou claro que minhas preocupações iniciais com as obras do Aeroclube são extremamente válidas. O projeto já começa mostrando que realmente há muito pouca conversa e pouco alinhamento entre os times para que a obra funcione. Seiscentas famílias que esperam receber em abril seus apartamentos saem hoje com a notícia de que isso não mais acontecerá. Os habitacionais são a primeira parte do complexo enorme do Aeroclube. Se isso não funcionar bem agora, imagina no restante das obras”, avaliou Paulo Muniz.

Já a gerente da Compesa, Isabelle Castro, abordou a questão do abastecimento de água. Ela disse que a Prefeitura do Recife solicitou à Compesa um estudo de viabilidade técnica pra atender à demanda de abastecimento do parque e dos arredores. Inicialmente seria uma demanda de 32 litros de água por segundo, pra atender a todo o complexo, mas “a vazão caiu pouco, constatando-se que 9 litros por segundo seria o suficiente. O projeto já foi aprovado e entregue à Prefeitura desde fevereiro de 2021. A obra está sendo executada pela construtora contratada pela Prefeitura do Recife, que é a Exata. Constatamos que na questão do abastecimento há pressão e vazão suficientes para atender os habitacionais, inclusive com construção de um equipamento que vai garantir a viabilidade de sucesso do empreendimento”, disse Isabelle Castro.

Mas, se a questão do saneamento básico parece estar bem encaminhada, o que pareceu complicado foi mesmo a questão do esgotamento sanitário. O representante da Construtora BRK, Rodrigo de Souza Amorim, gerente de projetos técnicos, disse que a aprovação dos projetos para o habitacional ocorreu em 2017, quando foi emitida uma nota de viabilidade inicial para todo o empreendimento, com vazão de 6 litros de esgotamento sanitário por segundo. De acordo com o técnico, o destino dos afluentes será a estação de tratamento do Cabanga e haverá um ponto de interligação do esgoto na Avenida Domingos Ferreira, próxima ao parque.

O vereador Paulo Muniz contestou: “Soubemos que o ponto de conexão não pode mais ser na Avenida Domingos Ferreira, como você disse, pois ela está sobrecarregada. Mas, terá que ser construído outro ponto a cerca de 900 metros deste original, no Centro Sul, da Avenida Conselheiro Aguiar. Portanto, temos informações destoantes”.

O gerente de projetos da Construtora BRK, Rodrigo de Souza, disse que para fazer esta ligação futura do esgoto, que não será mais na Avenida Domingo Ferreira e sim na Avenida Conselheiro Aguiar, será necessário um afastamento do sistema, para que ele possa operar. “Vamos ter que fazer uma intervenção na rua, para instalar essa ligação”, disse. O vereador considerou que esse novo ponto de conexão vai conduzir a um atraso na entrega das unidades habitacionais. O representante do Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife, Pedro Plácido, confirmou que haverá um novo acesso no ponto de conexão com o sistema do Cabanga. E propôs uma próxima reunião pública da Comissão Interpartidária para início de dezembro, quando já terá sido feita a licitação para complemento da obra.

O vereador ainda destacou que antes de tomar posse para seu primeiro mandato já havia iniciado visitas aos habitacionais Via Mangue 1, 2 e 3, também na Zona Sul, e constatou a situação caótica causada pelos problemas de saneamento como falta d’água, fossa sem tratamento e tubulações de água e esgoto com rachaduras, causando o encontro dos materiais.

“Pelo andamento das obras, não está havendo uma conexão entre os dois governos, estadual e municipal, responsáveis pelas obras. O habite-se não pode ser dado sem a garantia de que as 600 moradias que estão previstas, tenham água e esgoto garantidos. Há um risco concreto de atraso no cronograma”, avaliou o vereador, ao final da reunião.

“Saio daqui apreensivo com esta audiência pública. Coloco o meu gabinete à disposição. É muito preocupante a demanda de habitação. As famílias que vão ganhar os apartamentos vão sair daqui com notícias de que não mais receberão seus apartamentos em abril. Com o papel de fiscalizador, ficarei atento para que as unidades habitacionais só sejam entregues quando a ligação de esgoto for feita”, disse o vereador. Ele lamentou a ausência da secretária de Saneamento Básico da Prefeitura do Recife, Eliana Viana, na audiência pública. Da mesma forma também reclamou que a Neoenergia não mandou representantes para os debates. “Isso mostra que há um descaso para com a população. A segurança pública depende da iluminação, e ela não atinge somente os habitacionais, mas quem está aos arredores”.

Habitacionais

O Parque o Aeroclube está sendo construído no antigo terreno do aeroclube do Recife, localizado no bairro do Pina. É tido como um projeto grandioso, com possibilidade de causar muitos impactos para a população. A Comissão Interpartidária é composta, além do presidente, pela vereadora Ana Lúcia (Republicanos), Fred Ferreira (PSC), Marco Aurélio Filho (PRTB), Renato Antunes (PSC), Samuel Salazar (MDB) e Zé Neto (PROS).

Anunciado pela Prefeitura do Recife como o maior parque urbano da cidade, tem 12 hectares e é 52% maior do que a área do Parque da Jaqueira, três vezes maior do que o Dona Lindu e o dobro do Parque de Santana. O investimento previsto é de R$ 99,5 milhões. Serão construídos no local dois habitacionais (Encanta Moça I e II), que somam 600 moradias.

O Encanta Moça 1 (com área de terreno de 15.537,46 m²) e o 2 (com 16.303,44 m²) terão 300 unidades habitacionais, cada, além de quadra polivalente, praça/playground e centro comunitário. Os apartamentos estão distribuídos em sete blocos com cinco pavimentos e oito apartamentos por andar mais um bloco com cinco pavimentos e quatro apartamentos por andar. Estima-se que 2,1 mil pessoas lá residirão. Os condomínios integrarão o Parque do Aeroclube, anunciado pela Prefeitura do Recife como o maior parque urbano da cidade, com 12 hectares.

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