Celebração e manifesto político contra Bolsonaro marcam o Dia da Consciência Negra no Recife

Para celebrar e fomentar os debates políticos no Dia da Consciência Negra, movimentos negros pernambucanos que fazem parte da Articulação Negra de Pernambuco (Anepe) realizam neste sábado (20) uma marcha com o tema “O povo negro resiste ao genocídio: antes, durante e depois da pandemia”. O ato começou às 14h, no Pátio do Carmo, localizado no bairro de São José, no Centro do Recife e seguiu até a Praça do Arsenal da Marinha, no Bairro do Recife, onde acontece o Festival da Cultura Negra. Na programação cultural, que acontece das 15h às 21h, ainda está incluída a Feira Akofena, realizada na Rua do Bom Jesus, também no Bairro do Recife, com a participação de empreendedoras negras.

A marcha pelo Dia da Consciência Negra recebeu o apoio do movimento Fora Bolsonaro, mas os organizadores fizeram questão de destacar que a causa negra está acima de qualquer posicionamento político. "A pauta política é importante, mas não vai se sobrepor a este momento de celebração, até porque entendemos que o genocídio do povo negro é constante, antes, durante e após a pandemia, e será sempre denunciado por nós", afirmou Eduarda Nunes, integrante da Anepe e do Afronte Coletivo. 

SHOWS

Entre as atrações confirmadas para o Festival da Cultura Negra, previsto para iniciar às 17h40, estão o Afoxé Oyá Alaxé, Uana Mahin, Okado do Canal, MC Agô, Dj IDLibra e Coco do Seu Zé Moleque. Além disso, o palco também vai sediar a Batalha do Conhecimento, encabeçada pelo tradicional recital Boca no Trombone.

A organização do evento orienta todos os participantes da Marcha da Consciência Negra de Pernambuco e do Festival da Cultura Negra a utilizarem máscaras de proteção contra a Covid-19, além de manterem o distanciamento social adequado durante os eventos. O 20 de novembro, instituído como Dia da Consciência Negra, homenageia a luta de Zumbi e Dandara, figuras líderes do Quilombo dos Palmares, local histórico de resistência e marco da luta contra a escravidão. 

MOVIMENTO

A Articulação Negra de Pernambuco é uma rede de ativistas e organizações negras, que atua no enfrentamento ao racismo no Estado. Foi criada no início dos anos 2000 e ficou ativa até 2010. Em 2019 ela foi rearticulada e hoje conta com cerca de 30 coletivos, organizações e movimentos vinculados. A Anepe articula suas ações no entendimento de que a sociedade brasileira ainda não reconhece a mulher negra e o homem negro como agentes de desenvolvimento social, político, econômico, científico, cultural e ambiental, mesmo com a população negra residente no país sendo de 54% (IBGE, 2020), sendo 53% desse total composto por mulheres negras.