Oitenta pés de maconha são incinerados na Praia de Gaibu, no Grande Recife
Duas pessoas foram presas durante a operação. Combate ao tráfico de drogas é uma das principais ações das forças de segurança em Pernambuco
Com informações do repórter Adúlccio Lucena, da TV Jornal
Uma casa na Praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, escondia um laboratório de cultivo de maconha que foi descoberto na noite dessa segunda-feira (7) pelo Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati) do 18º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE). No local, foram encontrados aproximadamente 80 pés da Cannabis Sativa prontos para consumo, que integram as estatísticas que fazem de Pernambuco o estado onde mais se incinera a erva no Brasil, segundo dados da Polícia Federal.
Os militares faziam rondas na região quando receberam denúncia anônima sobre cultivo de maconha. Ao checar a informação, constataram a veracidade. Além da plantação, a estufa contava com ambiente climatizado, ventilado, com iluminação especial, sala de secagem e colheita. Dois homens que estavam presentes no momento da abordagem foram presos em flagrante por tráfico de drogas. Mendi Correia Handi, de 31 anos, e Arthur Oliveira Souza, de 29 anos, foram levados até a Delegacia de Polícia Civil do Cabo.
- Derivado medicinal da maconha, novo canabidiol chega às farmácias em julho
- Nova York aprova legalização da maconha
- Comissão especial da Câmara aprova liberação do cultivo da maconha para fins medicinais no Brasil. Dois deputados de Pernambuco votam contra
- Conheça nariz eletrônico desenvolvido por pesquisadores da UFPE capaz de "farejar" presença de maconha
De acordo com a polícia, o laboratório produzia a flor da maconha, também conhecida como “skunk”, que, por não passar por processos químicos, tem alto grau de pureza e um valor de mercado elevado. As investigações apontaram que uma grama da erva fabricada na casa era vendida por até R$ 100.
Pelo grande volume do material, foi solicitada a presença do delegado plantonista, que pediu a separação de pequena parte da apreensão para fins periciais, segundo a PMPE, enquanto o restante do material foi incinerado no próprio local.
Segundo a Lei Nº 11.343, "importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar" pode acarretar em pena de reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias-multa. O mesmo vale para quem semear a droga.
O combate ao tráfico de drogas é uma das principais ações das forças de segurança em Pernambuco - e a maconha está entre as drogas mais cultivadas no Estado. A Polícia Federal (PF) em Pernambuco, por exemplo, apreendeu 10,1 toneladas de maconha pronta para o consumo, 1,5 milhão de pés e 463 mil mudas de da planta em 2021 só em operações no Sertão. A efeito comparativo, o Pará, segundo estado que mais erradicou a erva no País, queimou 220 mil pés e 28 mil mudas. Em Pernambuco, além da Cannabis, também foram recolhidos 2.2 toneladas de cocaína e 1.5 mil comprimidos de drogas sintéticas.
Polígono da Maconha
A PF também deu início à primeira operação de erradicação de maconha do ano no "Polígono da Maconha", região que é a maior produtora da erva no País e que abrange os municípios de Salgueiro, Mirandiba, Serra Talhada, Ibimirim, Belém do São Francisco, Cabrobó, Carnaubeira da Penha, Floresta, Lagoa Grande, Orocó e Santa Maria da Boa Vista, todos no Sertão pernambucano. Detalhes devem ser enviados na próxima segunda-feira (14).
Um artigo científico da Universidade Federal Fluminense (UFF) que teve a região como foco apontou que o Polígono da Maconha foi implantado nestas cidades por estratégia de distribuição, por não haver "não disputa por território por existir grande disponibilidade de terras para a produção". O pesquisador Adriano Oliveira, que assina o trabalho, ainda pontua a necessidade de enxergar "o problema da droga não só apenas como uma questão de polícia". "Para municípios sem perspectivas de geração de emprego, o cultivo e tráfico de droga resultam em fonte de renda que alimenta a cadeia econômica da região. Gerando, inclusive, impostos para as prefeituras locais", pontuou.
A reportagem também solicitou dados e informações ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), à Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) e ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), e atualizará esta matéria assim que obtê-los.