CASO TAMARINEIRA: ''Eu queria pedir compaixão e misericórdia'', diz mãe de réu por triplo homicídio
Emocionada, a mãe de João Victor disse sentir muito pelas mortes, mas destacou que o filho não é assassino
Emocionada, a mãe de João Victor Ribeiro de Oliveira, réu por triplo homicídio doloso duplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio, pediu compaixão para com o filho.
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Ana Patrícia Ribeiro falou com a imprensa, nesta quarta-feira (16), segundo dia do julgamento de João Victor, que acontece no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no Recife.
Meu filho não provocou, ele não tinha consciência. Ele não saiu de casa com intenção de matar, foi um acidente. Foi uma fatalidade.Ana Patrícia Ribeiro
"Ele não é assassino. É um momento de muita dor para todos. Sentimos muito, principalmente pelas duas famílias. A nossa é a terceira. Eu queria pedir compaixão, misericórdia da sociedade para entender que meu filho precisa de ajuda e ele não vai ter no lugar que querem colocá-lo", declarou a mãe do réu.
Ana Patrícia afirmou que o processo de separação entre ela e o pai de João Victor não foi bem aceito por ele, que tinha cinco anos na época. De acordo com a mulher, na adolescência, João se envolveu com drogas e ela, em Aracajú, o enviou para morar no Recife, com uma funcionária, a fim de afastá-lo de substâncias químicas. “Se eu errei, foi tentando acertar”, disse.
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A mãe do réu afirmou que o filho "entrou em um mundo de drogas". "O álcool é uma droga lícita, porque existe a indústria. Será que ele é a causa? [...] A gente percebeu, infelizmente, que ele entrou no mundo das drogas e eu não conseguia sozinha [ajudá-lo]", disse.
Após a ouvida das testemunhas e do interrogatório do réu, deverá começar a fase de debates entre defesa e o Ministério Público de Pernambuco, responsável pela acusação. Após os debates, os sete jurados que compõem o Conselho de Sentença se reunirão para decidir se João Victor é culpado pelos crimes.
Acusação
Responsável pela colisão que deixou três pessoas mortas, João Victor Ribeiro de Oliveira, 29, está preso desde 2017. A perícia do Instituto de Criminalística revelou que ele trafegava a uma velocidade de 108 km/h. O máximo permitido na via, entretanto, era de 60 km/h.
Ele ainda avançou o sinal vermelho. O teste de alcoolemia realizado no motorista registrou nível de 1,03 miligrama de álcool por litro de ar, três vezes superior ao limite permitido por lei.
A vítima, Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, perdeu no acidente a esposa Maria Emília Guimarães da Mota Silveira e o filho Miguel Arruda da Mota Silveira Neto. Além disso, a filha, Marcela Arruda da Mota Silveira, ficou com sequelas devido ao trágico acidente no cruzamento da Rua Cônego Barata com a Estrada do Arraial, no bairro da Tamarineira. A babá das crianças que também estava no carro, Roseane Maria de Brito Souza, também morreu com a colisão.
Meu filho não provocou, ele não tinha consciência. Ele não saiu de casa com intenção de matar, foi um acidente. Foi uma fatalidade.<br><br>
Ana Patrícia Ribeiro