Motociclista perseguido pelo Bope no caso de Porto de Galinhas diz ter medo de ser morto
O autônomo Manuel Aurélio Nascimento Filho prestou depoimento na Delegacia de Homicídios, em Prazeres
Com informações da repórter Suelen Brainer, da TV Jornal
Um dos investigados pela Polícia Civil no caso que resultou na morte da menina Heloysa Gabrielly, após ser baleada na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, o autônomo Manuel Aurélio Nascimento Filho, de 23 anos, prestou depoimento na Delegacia de Homicídios Sul, no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, por cerca de duas horas.
Segundo o autônomo, ele fugiu da equipe do Bope porque estava pilotando a moto de um amigo sem habilitação e documentação do veículo. "Em momento nenhum eu atirei, até porque não tenho arma. Estão dizendo que tinham duas pessoas na moto, mas estava sozinho. Passava perto da borracharia e vi eles (policiais) vindo e dei a volta. Eles vinham acelerando e não mandaram parar. Quando passei por um quebra mola, eu acabei ficando em pé... Eles deram tiros e eu baixei. No final da rua, acabei caindo e me ralei, mas corri e os tiros rolando", contou Manuel Aurélio Nascimento.
Ainda de acordo com a versão do investigado, a motocicleta que a polícia apontou como a que ele estava pilotando não é a mesma que ele utilizava. "A moto que eu estava era de um amigo, não é a moto que eles (policiais) falam que roubei. Por que não pegaram a moto na hora que caí e só mostraram depois de semanas? Por que colocaram três armas? Por que disseram que tinham duas pessoas?", questionou Manuel Aurélio.
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MEDO
Na saída da delegacia, o morador da Comunidade de Socó, em Porto de Galinhas, confessou temer pela sua vida. "Estou com medo... De esses caras (policiais) me pegarem, vão querer me matar. E morto fala o quê?", desabafou o autônomo Manuel Aurélio. "Espero que a justiça seja feita", finalizou.
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O advogado do autônomo, David Kenion, afirmou que não há nenhum mandado de prisão contra o cliente. "Estou satisfeito que comparecemos à delegacia. O delegado nos deu a palavra que não tem mandado de prisão contra ele (Manuel Aurélio). Então, é esperar a conclusão do inquérito policial", explicou.