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AUMENTO DO DIESEL: "Se os aumentos não pararem, o transporte público vai entrar em colapso", alerta presidente da Urbana-PE

Fernando Bandeira explicou que o aumento do diesel, que já chega a um acumulado de 47%, passou a ocupar os custos em 30% no setor de transportes

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Bruno Vinicius

Publicado em 10/05/2022 às 10:14 | Atualizado em 10/05/2022 às 13:11
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Além de reação no consumidor final, o aumento de 8,87% no diesel também gerou preocupações no setor de transportes. Segundo Fernando Bandeira, que é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE), "se os aumentos não pararem, o transporte público vai entrar em colapso". Em entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o representante das empresas de ônibus afirmou que, apesar do colapso, a situação em Pernambuco é diferente do restante do País.

Fernando Bandeira explicou que o aumento do diesel, que já chega a um acumulado de 47%, passou a ocupar os custos em 30% no setor de transportes. O número antes era de apenas 22% a 25%. "Chega um determinado momento que não há onde tirar. Haverá um colapso do setor. Aqui na região metropolitana temos amparo do governo estadual, mas e as cidades que não têm? Hoje, o combustível, que era 22% ou 25%, chega a 30% da operação. Caso continue a insensibilidade do governo federal, teremos um colapso no transporte público", disse, à Rádio Jornal.

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De acordo com Fernando Bandeira, há sistemas de transporte público no Brasil que não têm aporte por parte das gestões públicas no custeio dos combustíveis. Em Pernambuco, o Governo do Estado "pagou" R$ 300 milhões em subsídios ao setor. "Não chega a esse ponto em Pernambuco, porque o Governo do Estado tem tido sensibilidade e tem conseguido amortecer os aumentos deste insumo. Somente por causa disso que não teremos esse caos e vai acontecer no Brasil, com certeza. Somente seis cidades brasileiras têm a mesma situação que a nossa", afirmou o presidente da Urbana. 

"Só esse ano, o diesel aumentou 47%. Todo esse país é transportado por rodas, tanto cargas quanto passageiros. Como pode fazer um negócio desses? A política nossa do país está errada em relação a esses setores, o transporte de cargas e transporte público deveriam ter um tratamento diferenciado para que não houvesse um aumento de custos e, consequentemente, um aumento de inflação", enfatizou Bandeira.

ENTIDADES ALERTAM

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) afirmou que seria necessária uma redução na frota dos coletivos pelo país, caso houvesse mais um aumento no diesel. Com novo aumento, a entidade estima que as empresas só disponibilizarão os transportes nos horários de pico na manhã e na tarde. A redução impactará diretamente 43 milhões de passageiros.

"Se não forem definidas fontes para cobrir esses custos adicionais, as operadoras serão obrigadas a racionar o combustível e oferecer apenas viagens nos horários de pico pela manhã e à tarde. No resto do tempo, os ônibus terão que ficar parados nas garagens", disse o presidente da NTU, Francisco Christovam.

"No resto do tempo, os ônibus terão que ficar parados nas garagens. As empresas não querem praticar uma operação seletiva, atendendo apenas linhas e horários de maior demanda, mas serão obrigadas a adotar essa medida radical porque não suportam mais os sucessivos aumentos de custo e os prejuízos", complementou.

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