"Foram encontrados juntos, em cima da cama", diz parente sobre casal que morreu por deslizamento de barreira em Olinda
Irmã e cunhado do pedreiro foram encontrados mortos na tarde desta quinta-feira (26), um dia após serem soterrados
As famílias de Rosimere Silva de Oliveira, de 47 anos, e de Sérgio Pimentel dos Santos, 53, tiveram, nesta quinta-feira (26) a confirmação da morte do casal, que estava há mais de 24 horas soterrado sobre os escombros de uma barreira que deslizou no Córrego do Abacaxi, em Caixa D`água, Olinda.
À reportagem, o irmão da dona de casa, o pedreiro Pedro Hipólito de Oliveira, 48, contou que o Corpo de Bombeiros de Pernambuco encontrou os corpos juntos, em cima da cama da casa onde moravam. "Nós falávamos desde ontem que estavam no quarto, mas não procuravam por lá. A gente já estava sem esperança˜, disse.
Em clima de revolta, Pedro pediu que o poder público tomasse providências em relação à barreira, que sequer estava coberta por lona plástica - uma medida paliativa que, muitas vezes, pode evitar desmoronamentos de terra.
˜Só chegam para saber como está quando tem alguma vítima, quando cai tudo. Mesmo depois de dois dias de chuva, não vieram botar lona aqui", afirmou o irmão, que foi a pessoa que fez o reconhecimento dos corpos quando foram encontrados, no início da tarde de hoje.
O caso ocorreu na Rua Santos, durante as fortes chuvas que caíram na Região Metropolitana do Recife (RMR) da terça-feira (24) para a quarta-feira (25).
As buscas estavam sendo realizadas desde então pelo Corpo de Bombeiros, com o apoio de cães farejadores, servidores da Defesa Civil de Olinda e voluntários, entre vizinhos e familiares.
Mais cedo, outro irmão de Rosimere, o pintor Ezequiel Justo, havia informado que foram encontrados alguns pertences do casal. "Acharam os documentos, o sofá, a televisão. Eu só durmo quando encontrar ela", desabafou.
Ainda na quarta (25), o pintor contou em entrevista a jornalistas que chegou a pedir que a irmã dormisse na casa da mãe, que fica em uma parte mais baixa da localidade.
Apesar disso, a dona de casa decidiu ficar na própria residência. "Eu falei, 'dorme aqui com teu marido', ela disse 'vou fazer o feijão e vou descer'. Na última vez que a vi, ela perguntou se a internet tinha caído, eu disse que não e ela subiu. E acabou. Jesus levou".
Na mesma área, uma outra casa também foi soterrada, mas não havia ninguém dentro.
Balanço
Segundo a Secretaria Executiva de Defesa Civil de Olinda, 80 profissionais estão nas ruas para realizar trabalhos de prevenção, vistoria e limpeza em diversos pontos da cidade.
Os servidores fazem serviços como substituição de lonas de proteção nos morros e encostas nos bairros do Monte, Caixa D’Água, Peixinhos, Águas Compridas e na Ladeira do Giz, no Alto da Conquista; vistoria em imóveis para avaliação de riscos; assistência social, entre outros.
Além disso, uma equipe foi deslocada para retirar baronesas no Canal do Fragoso e outra, auxilia o Corpo de Bombeiros nas buscas do Córrego do Abacaxi.
Entre as 19h da quarta (25) e as 7h da quinta (26), foram feitas 14 colocações de lonas, uma erradicação, e houve duas movimentações de barreira.
A Defesa Civil e Olinda pode ser acionada pelos números 0800 081 0060 e 9.9266.5307 (ligação e WhatsApp).
Outro deslizamento com morte em Olinda
No Córrego do Abacate, em Águas Compridas, também em Olinda, a morte de um homem foi confirmada após um deslizamento, ainda na quarta-feira (25). Ele foi identificado como José Cláudio da Silva, 62 anos.
Com as mortes confirmadas na manhã desta quinta, sobe para três a quantidade de óbitos registrada em Olinda por causa das chuvas.
Além disto, um motociclista está desaparecido depois de cair no canal conhecido como "Lava Tripa", na Avenida Presidente Kennedy, bairro de Peixinhos.