Condomínio em que doméstica morreu ao cair em poço de elevador se negou a dar informações sobre manutenção, diz CREA-PE
A empregada doméstica morreu ao cair no poço do elevador do prédio onde trabalhava há 15 anos, no bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife
O representante do condomínio de classe média em que a empregada doméstica Sandra Maria da Silva, 53 anos, morreu ao cair no poço do elevador, localizado no bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife, se negou a dar informações sobre a manutenção dos elevadores ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE).
Segundo o órgão de fiscalização, não havia registro sobre o profissional ou empresa responsável pela manutenção do equipamento do edifício. Procurado pelo CREA-PE, o representante do condomínio teria se negado a fornecer as informações.
LEIA TAMBÉM: Quem é o culpado pela morte da empregada doméstica que caiu em poço de elevador do prédio onde trabalhava no Recife?
EMPREGADA DOMÉSTICA CAI EM POÇO DE ELEVADOR NO RECIFE
Sandra Maria trabalhava em um dos apartamentos do condomínio de classe média há 15 anos. No que parecia mais um dia rotineiro de trabalho, o filho da empregada doméstica, Wanderley da Silva, tentou contato com a mãe no final do expediente para buscá-la.
Sem conseguir contatá-la, o jovem ligou para os patrões da vítima para saber da mãe. De acordo com o filho da vítima, o patrão de Sandra Maria informou que ela teria descido com algumas sacolas para ajudar a colocar no carro da patroa e que não havia retornado.
- Caso Miguel: moradores do prédio onde filho de empregada doméstica morreu lamentam tragédia
- Empregada doméstica agredida por PM em elevador quebra silêncio e revela motivação da briga: "me chamou de safada"
- Empregada doméstica que morreu ao cair em poço de elevador no Recife trabalhava em apartamento há 15 anos
A vítima teria morrido ao tentar subir para o apartamento dos patrões, ao entrar no elevador e não perceber que a cabine não estava no pavimento.
De acordo com peritos do Instituto de Criminalística (IC), o equipamento do edifício é do modelo mais antigo, no qual os passageiros acessam o interior do elevador de forma manual.
Ainda segundo peritos do IC, Sandra Maria teria puxado a porta do elevador social no andar térreo. Sem perceber que a cabine não estava ali, a mulher teria caído para o subsolo, em uma altura de 4 metros.
No boletim de ocorrência registrado pela central de plantões, consta que no momento em que a vítima caiu no poço, moradores do prédio tinham ficado presos dentro do elevador no oitavo andar do edifício. O porteiro teria tentado religar o sistema, mas o equipamento não respondia.
Foi então que o funcionário acionou o técnico para resgatar os moradores presos no equipamento. O elevador teria permanecido sem funcionar, quando um técnico desceu ao poço para verificar o motivo da falha e encontrou o corpo da vítima. Ainda não há confirmação sobre o que ocorreu primeiro.
APÓS NEGAR INFORMAÇÕES SOBRE MANUTENÇÃO DO ELEVADOR, CONDOMÍNIO É OFICIADO
Em nota, o Crea-PE informou que vai oficiar o condomínio onde Sandra Maria morreu, solicitando que sejam informados os dados da empresa e do responsável técnico pela manutenção do equipamento.
O órgão informou que o ofício será entregue ao síndico do prédio na tarde desta quinta-feira (28). O condomínio terá o prazo de 24 horas para entregar a cópia do contrato de manutenção, constando os dados da empresa e responsável técnico pela manutenção do equipamento.
"É responsabilidade do síndico qualquer acidente causado pela falta de vistorias periciais, manutenções periódicas, de sinalização e demais ações ou omissões por negligência, imprudência e imperícia. O profissional, por sua vez, responde por acidente causado por falha de execução do serviço por negligência, imprudência ou imperícia", afirmou o órgão.
O Conselho esclareceu também que ao emitir a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), o profissional ou empresa responsável pela manutenção assume a responsabilidade pela perfeita execução da obra ou serviço, incluindo "eventuais responsabilizações que decorram de falhas técnicas ou acidentes, desde que comprovada sua culpa".
Segundo o CREA-PE, a existência do documento garante que a responsabilidade civil e criminal seja transferida diretamente ao contratado, isentando o síndico, ressalvados casos específicos.
PATRÕES E SÍNDICO DO PRÉDIO NÃO SE PRONUNCIARAM
Desde que ocorreu a morte de Sandra Maria da Silva, os patrões da empregada doméstica e o síndico do prédio não foram encontrados pela equipe de reportagem da TV Jornal.
Na manhã dessa quarta-feira (27), funcionários do imóvel informaram que não tinham autorização para comentar sobre o que aconteceu, mas que o síndico não se encontrava no prédio.
Morador do edifício, o médico Gustavo Couto contou que conhecia a vítima de vista. "Extremamente triste, é uma coisa que a gente não tem ideia do que é isso. É lamentar e ser extremamente solidário com a família", declarou.
FAMÍLIA PEDE POR JUSTIÇA
O corpo de Sandra Maria foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML) na manhã da quarta-feira (27) e será velado no cemitério de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, às 10h desta quinta-feira (28).
Familiares da doméstica pedem por justiça. “Minha mãe era uma pessoa querida, todo mundo adorava ela. O que eu quero agora é justiça”, afirmou Wanderley da Silva.
Bombeiros dão dicas de como evitar acidentes em elevadores