MORTE EMPREGADA DOMÉSTICA

Empregada doméstica que morreu ao cair em poço de elevador no Recife trabalhava em apartamento há 15 anos

"O que eu quero agora é justiça", afirmou Wanderley da Silva, filho da empregada doméstica encontrada morta em prédio de classe média na Zona Norte do Recife

Julianna Valença
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Julianna Valença
Publicado em 27/07/2022 às 12:11 | Atualizado em 28/07/2022 às 10:13
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LUTO Sandra Maria da Silva morreu, na terça, após cair no poço do elevador do prédio onde trabalhava - FOTO: ARQUIVO PESSOAL/SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM
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A empregada doméstica Sandra Maria da Silva, 53 anos, morreu na terça-feira (26) ao cair no poço do elevador de um prédio de classe média localizado no bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife. Segundo familiares, a vítima trabalhava em um dos apartamentos do imóvel há 15 anos.

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O filho de Sandra Maria, Wanderley da Silva, disse que buscava a mãe todos os dias após o serviço e estranhou quando ligou para ela no fim da tarde e não conseguiu contatá-la.

O promotor de vendas informou à TV Jornal que, na tentativa de falar com a mãe, telefonou para os patrões de Sandra. Então, o proprietário do imóvel o informou que Sandra Maria havia descido com algumas sacolas para ajudar a colocar no carro da patroa e que não havia retornado.

A vítima teria morrido ao tentar retornar para o apartamento dos patrões, ao entrar no elevador e não perceber que a cabine não estava no pavimento.

Pouco tempo depois, Wanderley chegou ao prédio e estranhou a movimentação dos bombeiros na rua. Foi então que ele soube que se tratava da morte da própria mãe.

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Corpo de Bombeiros foi acionado para a ocorrência às 16h13. - JC IMAGEM / Beto dlc

“Minha mãe era uma pessoa querida, todo mundo adorava ela. O que eu quero agora é justiça”, afirmou Wanderley da Silva.

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O corpo de Sandra Maria foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML) na manhã desta quarta-feira (27) e será velado no cemitério de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife.

EMPREGADA DOMÉSTICA CAI EM POÇO DE ELEVADOR NO RECIFE

O Corpo de Bombeiros foi acionado para a ocorrência às 16h13. De acordo com peritos do Instituto de Criminalística (IC), o equipamento do edifício é do modelo mais antigo, no qual os passageiros acessam o interior do elevador de forma manual.

Ainda segundo peritos do IC, Sandra Maria teria puxado a porta do elevador social no andar térreo. Sem perceber que a cabine não estava ali, a mulher teria caído para o subsolo, em uma altura de 4 metros.

"Ela foi acessar o elevador do primeiro andar, que é o equivalente ao P, na altura de 4,3 metros. Só que quando abriu a porta, não encontrava-se a cabine, ela caiu em precipitação", explicou o perito André Amaral.

No boletim de ocorrência registrado pela central de plantões, consta que no momento em que a vítima caiu no poço, moradores do prédio tinham ficado presos dentro do elevador no oitavo andar do edifício. O porteiro teria tentado religar o sistema, mas o equipamento não respondia.

Foi então que o funcionário acionou o técnico para resgatar os moradores presos no equipamento. O elevador teria permanecido sem funcionar, quando um técnico desceu ao poço para verificar o motivo da falha e encontrou o corpo da vítima. Ainda não há confirmação sobre o que ocorreu primeiro.

PATRÕES E SÍNDICO DO PRÉDIO NÃO SE PRONUNCIARAM

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Sandra Maria trabalhava no mesmo apartamento há 15 anos. - JC IMAGEM/ Sidney Lucena

Desde que ocorreu a morte de Sandra Maria da Silva, os patrões da empregada doméstica e o síndico do prédio não foram encontrados pela equipe de reportagem da TV Jornal.

Na manhã desta quarta-feira (27), funcionários do imóvel informaram que não tinham autorização para comentar sobre o que aconteceu, mas que o síndico não se encontrava no prédio.

Morador do edifício, o médico Gustavo Couto contou que conhecia a vítima de vista. "Extremamente triste, é uma coisa que a gente não tem ideia do que é isso. É lamentar e ser extremamente solidário com a família", declarou.

INVESTIGAÇÃO

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que a ocorrência foi registrada como Morte a Esclarecer, por meio da Central de Plantões da Capital, nesta terça-feira (27). As investigações foram iniciadas e ficarão a cargo da Delegacia de Casa Amarela.

Norberto Lopes, consultor jurídico do Sindicato da Habitação (SECOVI-PE), esclareceu sobre quem pode ser responsabilizado em casos de morte em elevadores de prédio.

"Precisa se levar em consideração que a manutenção contínua dos elevador faz parte de uma obrigação do síndico. É ele quem contrata empresas especializadas para as manutenções, principalmente as do elevador", disse Norberto Lopes.

"Há necessidade de saber se existe um contrato vigente de manutenção de elevadores no prédio. A empresa contratada pode ser responsabilizada. A perícia é quem apontará de quem é a responsabilidade", concluiu o consultor jurídico do SECOVI-PE.

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