Trecho da Praia de Porto de Galinhas é considerado temporariamente impróprio para banho. Entenda
Análise de balneabilidade da água demonstrou que há uma alta concentração de coliformes fecais no principal ponto de Porto de Galinhas, a praia mais visitada de Pernambuco
A conta do despejo irregular de esgoto feito amplamente na cidade do Ipojuca chegou à praia de Porto de Galinhas, principal ponto turístico de Pernambuco. Nessa semana, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) considerou parte dela como temporariamente imprópria para banho, no período entre 12 e 18 de agosto.
Isso porque a análise de balneabilidade da água demonstrou que há uma alta concentração de coliformes fecais, chamados de termotolerantes. Após o período indicado, será feito um novo estudo, que determinará se ela segue com índice alarmante ou não.
Em Porto, são colhidas amostras em apenas um ponto: na altura da Rua Esperança, próxima à vila de Porto. Então, não se sabe se a água está imprópria em uma maior extensão do mar.
Mas o problema não é novidade na região. Estima-se que apenas 20% do Ipojuca disponha de um sistema de saneamento básico. No restante, o despejo é feito de forma precária ou irregular. No ano passado, foi constante a viralização de imagens do esgoto correndo para o mar de Porto de Galinhas. Veja um dos vídeos:
Após um dos casos repercutir, a CPRH fez uma fiscalização no sistema de esgotamento sanitário do município e aplicou uma multa de R$ 20 mil ao perceber que eram usados poços de acumulação e retirada do esgoto por meio de caminhões limpa-fossa.
Ao JC, no último ano, comerciantes e moradores locais afirmaram que isso acontece em todo período de chuvas, impossibilitando-os de trabalhar e afastando os turistas do paraíso natural.
“O saneamento não consegue aguentar tudo isso. Em dia de chuva, tudo enche, até o centro, não precisa nem engrossar. Para a gente que trabalha com turismo fica difícil, e quem vem visitar espera uma coisa mais decente”, reclamou, à época, o bugueiro Luiz Lopes.
Está prevista para março de 2023 a finalização da obra de implantação da primeira etapa do Sistema de Esgotamento Sanitário de Porto de Galinhas.
A obra inclui a construção de duas estações elevatórias e recuperação de outras duas elevatórias de esgoto, implantação e recuperação de cerca de 30 quilômetros de rede coletora, além da construção de uma nova estação de tratamento de esgoto, para benefício de 28 mil pessoas.
Leia o posicionamento da Compesa
A Compesa esclarece que não opera sistema de esgotamento sanitário em Porto de Galinhas, cuja obra para implantação das unidades operacionais de esgoto foi iniciada pela prefeitura municipal de Ipojuca, mas que não chegou a ser finalizada.
Mesmo não sendo sua responsabilidade para concluir a obra, a Compesa, no intuito de colaborar na solução da questão, que beneficiará os moradores e turistas do balneário, se comprometeu em assumir a complementação do projeto iniciado pela prefeitura. O empreendimento vai custar R$ 60 milhões, investimento viabilizado pelo governo do Estado, previsto no Programa Cidade Saneada, a Parceria Público Privada do Saneamento de 14 cidades da Região Metropolitana do Recife e ainda de Goiana, na Mata Norte.
A expectativa é que as intervenções sejam iniciadas em dezembro de 2022, com previsão para conclusão de dois anos, a partir da assinatura da ordem de serviço, que é o passo inicial para a execução da obra.
*A reportagem do JC também entrou em contato com a Prefeitura do Ipojuca para obter um posicionamento para esta matéria e aguarda resposta. O espaço está aberto.
Outros paraísos manchados pela poluição
Além de Porto, outras famosas praias de Pernambuco também receberam a classificação de "imprópria" para banho pela CPRH. Alguns exemplos são Serrambi, Tamandaré, Gaibu e Barra de Jangada. Confira lista completa abaixo.
No Recife, estão nessa lista todas as localidades analisadas, uma na Praia do Pina e duas em Boa Viagem.
Em Jaboatão dos Guararapes, também: nas praias de Piedade e de Candeias. Em Olinda, as praias de Rio Doce, Bairro Novo, Carmo e Milagres estão na lista de impróprias para banho.
Como a água é analisada?
- Houver incidência relativamente elevada ou anormal de doenças por veiculação hídrica;
- Acusar recebimento regular intermitente ou esporádico de esgotos por intermédio de valas, corpos de água ou canalizações, inclusive galerias de águas pluviais;
- Indicar presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive óleos, graxas e outras substâncias capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação;
- Floração de algas ou outros organismos, até que comprove que não oferecem risco à saúde;
- Nas semanas que forem classificadas como impróprias;
- Sua utilização nas 24 horas subsequentes à ocorrência de chuvas, devido ao maior risco de doenças;
- Outros fatores que contraindiquem temporária ou permanentemente o exercício de recreação de contato primário.