Os Correios publicaram o edital de licitação para a venda do antigo Centro Cultural dos Correios (CCC), localizado na Avenida Marquês de Olinda, no Bairro do Recife — imóvel histórico que já foi um dos principais polos de lazer, cultura e tecnologia da cidade. A abertura das propostas ocorrerá no dia 10 de outubro.
Localizado no número 262, a edificação adquirida pelo então Departamento de Correios e Telégrafos (DCT) em 1921 para ser a sede dos Correios em Pernambuco. Ela tem linguagem arquitetônica influenciada pelo classicismo francês e conta com uma área construída de 3.210,66 m² e terreno de 663 m². Ainda, tem 4 pavimentos, salões principais, instalações sanitárias e salas diversas.
Segundo o historiador Leonardo Dantas Silva, o imóvel construído em 1912, em meio à reforma no Recife Antigo. "Tem estilo eclético como todo o bairro, que imita cidades como Paris e Londres", explicou. A agência funcionou no espaço até os anos 50, quando foi erguido o prédio dos Correios na Avenida Guararapes, no Bairro de Santo Antônio.
Em 2009, passou a abrigar o CCC, que fez parte de um movimentado circuito de artes no Bairro do Recife, composto ainda pelo Santander Cultural e pela Caixa Cultural — a única ainda em funcionamento. Em 2014, o CCC fechou as portas para uma reforma de R$ 2 milhões.
O que deveria ser apenas uma reforma rápida para promover melhorias na climatização, fachada e em alguns espaços internos, se prolongou até 2017, quando o espaço voltou a funcionar por meio de cessão. Dois pavimentos foram abertos ao público: o térreo, que conta com uma sala de exposição, e o primeiro andar, onde ficavam a Sala Histórica dos Correios e uma área na qual eram realizados lançamentos.
Entretanto, devido a pandemia da covid-19, a unidade estava com as atividades suspensas desde março. Antes disso, recebia visitantes de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados e domingos, das 12h às 18h, com entrada gratuita.
No último ano, cerca de 150 famílias sem-teto da Frente Popular por Moradia no Centro ocuparam o imóvel - que depois se desligou da coordenação da ocupação. O movimento foi encerrado em fevereiro deste ano, e, desde então, o prédio segue sem uso.
Dantas Silva lamenta a perda de mais um espaço cultural na cidade. “Ali aconteceram importantes exposições, era um local agradabilíssimo", disse. Ainda, reiterou a necessidade do poder público mantê-los. "Esses espaços estão perdendo a valorização, porque só conseguem ser mantido por instituições oficiais, não particulares. Só quem tem a perder é o Recife."
Por estar inserido na área histórica tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Bairro do Recife, o prédio não pode ser demolido ou modificado externamente, mas sua estrutura interna pode mudar, caso seja o desejo do futuro proprietário.
Segundo os Correios, a alienação do imóvel "faz parte das ações de otimização da carteira imobiliária dos Correios que visam, além da redução de gastos com a manutenção de imóveis ociosos e subutilizados, arrecadar recursos para investimento na própria empresa".
Cadastro
As vendas dos imóveis dos Correios ocorrem em formatos eletrônico e presencial. Para participar no formato eletrônico, é necessário que os interessados se cadastrem na plataforma Licitações-e, do Banco do Brasil. Ao concluir o cadastro, pessoas físicas e jurídicas conseguem enviar propostas para participar da disputa online, realizada no site www.licitacoes-e.com.br.
Para participar no formato presencial, é necessário entregar as propostas no local onde será realizado o certame ou nas agências do município onde estão localizados os imóveis, de acordo com o local e horário de atendimento descritos nos editais.
Mais informações sobre a alienação, como edital e fotos do prédio, estão acessíveis na página do Feirão de Imóveis dos Correios. Interessados também podem agendar visita pelos telefones (81) 2101-6803, (81) 2121-1047/1055.
Comentários