Óleo nas praias: novos vestígios no litoral nordestino não têm relação com derramamento de 2019, diz Marinha do Brasil

A conclusão é da Marinha do Brasil, que divulgou nota técnica neste sábado (10). O parecer é assinado em conjunto com sete instituições, entre universidades e órgãos ambientais, como Ibama e UFPE
Margarida Azevedo
Publicado em 10/09/2022 às 10:48
Óleo que atingiu várias praias do Nordeste em 2019 e mobilizou um mutirão de voluntários pra limpar não tem relação com os resíduos encontrados em agosto passado, segundo a Marinha do Brasil Foto: Foto: Bruno Campos/ JC Imagem


Resíduos sólidos encontrados em praias do litoral nordestino, nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Bahia, no final de agosto, não têm relação com o derramamento de óleo ocorrido três anos atrás, no segundo semestre de 2019.

A conclusão é da Marinha do Brasil, que divulgou nota técnica neste sábado (10). O parecer é assinado em conjunto com sete instituições, entre universidades e órgãos ambientais, como Ibama e UFPE.

"A partir das análises de amostras de resíduos de óleo até agora efetuadas, há indicação de que houve um novo evento, cuja hipótese mais provável aponta para um incidente envolvendo petróleo cru, proveniente do descarte de água oleosa lançada ao mar, após a lavagem de tanques de navio petroleiro, em alto mar", explica a Marinha, na nota.

Para chegar à conclusão, foram realizadas análises químicas de amostras coletadas em praias de Pernambuco (Casa Caiada, Cupe, Catuama, Maria Farinha, Rio Doce, Bairro Novo, Milagres, Boa Viagem, Paiva e Quartel), Paraíba (Pitimbu e Jacarapé), Alagoas (Carro Quebrado) e Bahia (Ondina).

"Os biomarcadores, ou indicadores de origem, sugerem tratar-se de petróleo produzido no Golfo do México. Tal origem foi estabelecida a partir da análise das amostras coletadas, especificamente, nas praias de Pernambuco (Boa Viagem, Paiva e Quartel) e Bahia (Ondina)", diz um trecho da nota técnica.

AMOSTRAS

Segundo a Marinha do Brasil, em algumas pelotas de óleo foram encontradas com organismos do gênero Lepas. "Estes organismos são conhecidos como “cracas” (crustáceos), e cuja espécie encontrada vive em águas abertas. De acordo com o tamanho das cracas encontradas, já bem desenvolvidas, pode-se afirmar que essas pelotas de óleo permaneceram mais de duas semanas à deriva, no oceano, antes de encalharem na praia", informa.

Somente em amostras coletadas na praias de Itacimirim e Itapuã, ambas na Bahia, os pesquisadores identificaram resultados relacionados ao derramamento de 2019. Mas a Marinha diz que isso não indica tratar-se de um novo derramamento.

"Tais amostras demonstram a existência de resíduos daquele óleo, que permaneceu nas areias das praias, ou fixado em rochas e recifes de coral próximos ao litoral, que se desprenderam por força de ventos mais fortes e de ressacas, que normalmente ocorrem na região, nessa época do ano", esclarece.

LABORATÓRIOS ENVOLVIDOS

As análises foram realizadas pelo Laboratório de Compostos Orgânicos em Ecossistemas Costeiros e Marinhos (OrganoMAR), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pelo Centro de
Excelência em Geoquímica, Petróleo, Energia e Meio Ambiente (LEPETRO/IGEO), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Também participou o Laboratório de Geoquímica Ambiental Forense (LGAF) do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) (Marinha do Brasil). Esse último é o laboratório forense oficial da Autoridade Marítima brasileira, para fins de investigação da origem de tais incidentes.

A nota técnica é assinada pelo Comando do 3º Distrito Naval, sediado em Natal, no Rio Grande do Norte, em conjunto com INPE/MCTI, UFBA, UFPE, UECE, IBAMA, CTMRJ, IEAPM e ComPAAz/Marinha do Brasil.

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