Iphan embarga obra irregular no Fortim do Queijo, patrimônio histórico de Olinda

Foram instalados sanitários, coberta em estrutura metálica, forro de PVC e uma lona na área superior, que "causaram danos" ao Forte, segundo o Instituto
Katarina Moraes
Publicado em 30/09/2022 às 15:29
Forte de São Francisco, situado na Praça do Carmo, em Olinda, descaracterizado Foto: DIVULGAÇÃO


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) embargou obras irregulares que estavam sendo executadas no Forte de São Francisco, situado na Praça do Carmo, em Olinda. Também conhecido como Fortim do Queijo, o equipamento é considerado um patrimônio tombado a nível federal pela sua importância histórica.

Segundo o Iphan, uma empresa privada foi autorizada a utilizar o espaço como um receptivo turístico e para requalificar seus elementos "com o objetivo de permitir seu uso e o aproveitamento do potencial turístico e de lazer".

Entretanto, em vistoria feita no local, técnicos do instituto identificaram que haviam sido feitas alterações e irregularidades que não estavam indicadas no projeto aprovado. Foram instalados sanitários, coberta em estrutura metálica, forro de PVC e uma lona na área superior, que "causaram danos" ao Forte.

Agora, os serviços só poderão ser retomados após apresentação de um projeto que contenha proposta para desfazer os danos executados irregularmente. O Iphan ressaltou que trabalha para identificar a autoria dos danos.

Por nota, a Prefeitura de Olinda disse que também não autorizou o serviço ou sabia que este seria feito. Ainda, alegou ter notificado a empresa e informado ao Iphan sobre o ocorrido. Veja resposta:

"A Prefeitura de Olinda foi consultada por uma empresa privada para uso do monumento Fortim de São Francisco como receptivo turístico. Foi comunicado que esse uso seria possível, desde que fossem obedecidos os regramentos do Patrimônio Histórico. A empresa se antecipou e colocou um toldo sem autorização da Prefeitura e do Iphan. A Prefeitura, por sua vez, notificou a empresa, exigindo a retirada do toldo e informou o Iphan sobre o ocorrido."

Há alguns meses, o JC noticiou a preocupação de especialistas com o processo de descaracterização que o Sítio Histórico de Olinda vem sofrendo nas últimas décadas. Isso porque uma série de mudanças naturais e urbanas, como sua arquitetura, foram consideradas para que Olinda se tornasse uma cidade-patrimônio em 1982.

Mas a falta de conservação, que vem acontecendo em um processo acelerado que já dura décadas, afasta Olinda da descrição feita pelo então secretário de cultura Aloísio Magalhães no ano da inscrição ao título. Leia mais sobre clicando aqui.

Fortim do Queijo

O Fortim do Queijo foi construído em 1630 pelo engenheiro Cristóvão Álvares para a defesa da então Vila de Olinda, segundo a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). De forma quadrangular, o monumento apresenta uma arquitetura simples e rústica, com pequenas molduras, possuindo apenas duas pequenas casas de armas e alguns canhões.

Como estava bastante arruinado, o forte passou por uma reconstrução no ano de 1781. No Arquivo Militar do Rio de Janeiro há uma planta, com o seu perfil, assinada por Antônio Bernardino Pereira do Lago.

No governo de Caetano Pinto de Mendonça Montenegro, no começo do século XIX, o forte foi reconstruído em alvenaria. Por esse motivo, tornou-se conhecido, além de Forte de São Francisco, como Forte do Montenegro. Mais recentemente, a fortificação passou a ser chamada de Forte do Queijo.

O Forte de São Francisco foi inscrito como Monumento Nacional, no livro Histórico nº 494 em 29 de maio de 1984.

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