CONGRESSO EUCARÍSTICO: Casa do Pão, espaço para refeições, cursos e atendimento médico para moradores de rua é o legado dos católicos para o Recife

A Casa do Pão ofertará diariamente as três refeições para moradores de rua e pessoas em situação de vulnerabilidade social, atendendo ao tema do congresso, "O pão em todas as mesas"
Margarida Azevedo
Publicado em 15/11/2022 às 13:40
Uma das ações da Casa do Pão será uma escola para ensinar a fazer pão. Produto será consumido no local e também comercializado Foto: LUCAS_DIAS


Com informações da repórter Cinthia Ferreira, da TV Jornal

Vivendo na rua há mais de três décadas, José Batista da Silva, 68 anos, agora tem onde tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias. Foi inaugurada, neste feriado da Proclamação da República (15), a Casa do Pão, num prédio localizado na Rua do Imperador, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife. O espaço é o legado concreto do 18º Congresso Eucarístico Nacional, que reuniu, durante cinco dias, religiosos e leigos católicos de todo o Brasil na capital pernambucana e em Olinda.

A Casa do Pão ofertará diariamente as três refeições para moradores de rua e pessoas em situação de vulnerabilidade social, atendendo ao tema do congresso, "O pão em todas as mesas". No casarão de três andares os frequentadores também poderão tomar banho e lavar suas roupas. O espaço ainda oferecerá atendimentos médico, psicológico e jurídico. Uma padaria escola ensinará a fazer pão. O produto será consumido no local e também comercializado para ajudar nas despesas com a casa.

Está prevista ainda a oferta de aulas de alfabetização. A manutenção da Casa do Pão ficará a cargo de voluntários e do diaconato da Arquidiocese de Olinda e Recife, em parceria com instituições públicas e privadas, como a Prefeitura do Recife, a Universidade Federal Rural de Pernambuco e a Defensorias Públicas de Pernambuco e da União, entre outras entidades.

INAUGURAÇÃO COM BÊNÇÃO

Na inauguração foi servido um café da manhã para mil pessoas. O cardeal e bispo emérito de Leiria-Fátima, em Portugal, enviado especial do papa Francisco, dom António Marto, participou da cerimônia e abenççou o local. Também estava presente o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.

"O tema do congresso é Pão em todas as mesas. Isso nos motivou a deixar como legado para a cidade a Casa do Pão. Um congresso realizado no Nordeste, com tantas carências e com esse tema não poderia ser diferente", afirmou dom Fernando, destacando que uma das inspirações também foi o papa Francisco "que é um exemplo de sensibilidade social muito grande".

"Fiquei feliz. Ganhei roupa, sandália, tomei banho. Agradeço bastante", comentou José Batista.

SERVIÇOS E DOAÇÕES

"Os pobres serão acolhidos com dignidade. Haverá profissionalização, alfabetização, assistência jurídica. Espiritual também pois há uma capela. Tudo isso com trabalho de parcerias e de voluntários e que fará muito bem ao Recife", comentou o arcebispo de Olinda e Recife.

Empresários que quiserem podem doar recursos para manter a Casa do Pão. "Pessoas também podem doar seu tempo e se tornarem voluntárias. Serão muito bem vindas para servir os pobres", enfatizou dom Fernando.

Segundo a secretária municipal de Assistência Social do Recife, Ana Rita Suassuna, a prefeitura vai instalar um centro de atendimento com serviço social, psicólogos e educadores. "Se uma pessoa precisar de documento, vamos encaminhar. Ou de um serviço de saúde, por exemplo", explica Ana Rita.

COMPROMISSO COM OS POBRES

"A Casa do Pão é um legado do 18º Congresso Eucarístico Nacional, essa congregação de católicos do Brasil inteiro para celebrar a eucaristia, mas também comprometer-se com o outro. Será um espaço de acolhida em pelo menos cinco pilares: alimentação, higiene pessoal, atendimento jurídico, médico e espritual. Um local para que o ser humano integral possa ser acolhido e cuidado. Um espaço de resposta às necessidades das pessoas e da sociedade", ressaltou o gestor do local, diácono Aerton Carvalho.

"A casa é direcionada especialmente pra pessoas em situação de rua, mas é claro que a gente sabe que existem pessoas em vulnerabilidade social. Por isso também abrirá para aqueles que não têm o que comer, que precisam de educação porque na cozinha escola terão um ofício. O Movimento de Educação de Base ajudará nas formações", complementa o diácono.

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