Avança o processo de beatificação de Dom Helder Camara (1909-1999) no Vaticano. Nessa terça-feira (15), foi emitido um decreto que valida juridicamente os documentos enviados a Roma para justificar o título.
A notícia foi dada pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, durante missa que marcou o encerramento do 18º Congresso Eucarístico Nacional, no Marco Zero do Recife.
Na ocasião, Dom Fernando leu o comunicado enviado pelo vice-postulador da causa de canonização de Dom Helder, frei Jociel Gomes, arrancando aplausos dos fiéis. Confira:
Exmo. e Revmo.
Frei Jociel Gomes, OFMCap. Vice-postulador
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Comunico que foi emitido hoje, em Roma, o Decreto de Validade Jurídica do Processo de Dom Helder Camara, reconhecendo que todos os atos e toda documentação feitos na Arquidiocese foram aprovados pelo Dicastério das Causas dos Santos. Doravante, solicitaremos a nomeação de um Relator e iniciaremos a elaboração da Positio, que será, posteriormente, analisada pelas comissões de historiadores, teólogos, bispos e cardeais, a fim de que deem seus pareceres. Com a aprovação destas comissões, o Papa poderá declará-lo “Venerável”.
Rezemos nessa intenção.
Roma, 15 de novembro de 2022.
Agora, ainda de acordo com a Arquidiocese, inicia-se a elaboração do "positio" - conjunto de documentos que são apresentados a comissões e, posteriormente, ao Papa Francisco, para que ele declare uma pessoa como Venerável.
"Esse decreto reconhece que todos os atos realizados na Arquidiocese a documentação produzida estão de acordo com as normas. Esse é um grande passo, é um reconhecimento dos nossos trabalhos e uma autorização para novos e significativos passos", afirmou o frei Jociel.
Segundo o Frei, agora, será requerida a nomeação de um relator para acompanhar a elaboração da "positio" - um conjunto de documentos que são apresentados a comissões e, posteriormente, ao Papa Francisco, para que ele declare uma pessoa como Venerável. "Após isso, vem a beatificação e, por fim, a canonização", explicou.
O processo de beatificação do arcebispo emérito foi iniciado em 2015, com a autorização do Vaticano. A partir disso, foram recolhidas documentações e testemunhos de pessoas que tiveram a vida tocada por Dom Helder.
Então, em agosto de 2015, um acervo com sete coleções, totalizando 180 volumes e 60.520 páginas de textos escritos do religioso foi entregue à Arquidiocese e encaminhado ao Vaticano.
Dom Helder Camara nasceu em Fortaleza, no Ceará, em 7 de fevereiro de 1909, onde foi ordenado padre em 15 de agosto de 1931, além de ter recebido sua ordenação episcopal em 20 de abril de 1952.
Em 1964, foi nomeado arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, e atuou em Pernambuco até sua morte, aos 90 anos, em 27 de agosto de 1999, no Recife.
Ele foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Além disso, durante a ditadura militar no Brasil, foi grande defensor dos direitos humanos e pregava uma Igreja voltada para os pobres e a não-violência.
Para quem conviveu com o arcebispo, ele já é considerado um santo - como conta a Elizabeth Barbosa, membra do conselho curador do Instituto Dom Helder Camara (IDHeC) que participou da organização dos documentos enviados ao Vaticano.
"Ele teve o evangelho na vida. Organizou comunidades, comprou e loteou engenhos para dividir com quem morava nas terras. Tinha preocupação com a fome e com a miséria. Se fosse hoje, estaria na linha de frente contra a miséria e o armamento mundial. Foi um cidadão do mundo e um pastor universal", afirmou.
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