PROTESTO RECIFE: Movimentos sociais protestam no Centro da cidade. Veja reivindicações e ruas afetadas
Protesto no Recife acontece no início da tarde desta quarta-feira (21)
Movimentos sociais fizeram um protesto por moradia entre o início da tarde até as 14h30 desta quarta-feira (21) no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife. O ato foi provocado pelo Movimento de Luta nos Bairros (MLB) e o Movimento de Luta e Resistência pelo Teto (MLRT).
Juntas, as entidades comandam duas ocupações: a Menino Miguel, que reúne 50 famílias sem-teto no antigo Hotel Nassau, e a Leonardo Cisneiros, onde vivem 120 famílias no prédio antigo prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Os manifestantes tocaram fogo em pneus na Avenida Martins de Barros, na altura da Ponte Maurício de Nassau. A fumaça densa e escura é vista de longe. Depois, voltaram para os edifícios.
O coordenador estadual do MLRT em Pernambuco, Giancarlo dos Lírios, explicou ao JC que o ato é uma reivindicação por moradia popular na cidade, pela desapropriação do prédio do INSS e pela transformação Hotel Nassau em habitação social, como está previsto no Plano Diretor do Recife.
"Um dos motivos do protesto é por estarmos entrando em um novo governo. Queremos um canal de diálogo com Raquel Lyra antes dela assumir, partir para uma negociação para a garantir de moradia", disse ele.
Segundo a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), houve bloqueios na avenidas Martins de Barros e Nossa Senhora do Carmo e na Rua da Praia.
O órgão informou que agentes e orientadores da CTTU fizeram um monitoramento e orientação aos condutores.
Com os ônibus parados, os passageiros caminhavam até a Avenida Conde da Boa Vista para sair do local.
Além da CTTU, também estavam presentes a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) e o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE).
Déficit habitacional do Recife
Pernambuco conta com um déficit habitacional superior a 240 mil casas - ou seja, 7,7% da população total do Estado não tem onde morar ou mora em condições de extrema precariedade. O percentual, que nem mesmo engloba pessoas em situação de rua, sobe para 8,3% no Grande Recife, com cerca de 112 mil famílias nessa situação.
Os dados, coletados pela Fundação João Pinheiro, no entanto, foram colhidos em 2019 - e já não devem mais expressar a emergência habitacional que a região possui. Mesmo assim, apontam que a quantidade de famílias que estão nesses prédios é apenas uma amostra da quantidade de famílias sem um teto digno na RMR.
Enquanto isso, os programas de habitação social são praticamente restritos às ações do governo federal, que, nos últimos anos, têm restringido a verba para ele. A proposta de Orçamento de 2023 do governo Jair Bolsonaro (PL) cortou 93% da verba para o programa Casa Verde e Amarela, reservando apenas R$ 82,3 milhões para ele, a menor desde a criação do Minha Casa, Minha Vida, de 2009.
A nível municipal, as novas moradias têm sido escassas. O Recife tem cinco habitacionais em construção atualmente - todas as obras herdadas de gestões passadas - que, juntos, terão 1.292 apartamentos. O resultado da conta que não fecha é uma cidade repleta de moradias irregulares, em áreas de risco e tomada por ocupações.
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“A produção de moradia foi paralisada, tivemos queda na renda das famílias e aumento no custo de vida. Essas pessoas não moram ali porque querem, mas porque não têm outra alternativa. Não existe programa municipal e estadual de moradia, e o federal está paralisado”, pontuou a coordenadora de incidência política da Habitat Brasil, Raquel Ludermir.