ELEIÇÕES 2022 - DESAFIOS

Em obras há mais de uma década, Habitacional Mulheres de Tejucupapo separa filhos de mãe

Sem casa própria, futura moradora do habitacional precisa dividir salário mínimo para pagar aluguel dela e dos filhos

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 25/08/2022 às 7:09 | Atualizado em 25/08/2022 às 9:59
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Desafios especial habitacionais, personagem: Maria do Carmo - FOTO: DAY SANTOS/JC IMAGEM
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“A gente já esperava que fosse demorar, mas não tanto”. A conformidade de Maria do Carmo, 53 anos, reflete o estado de quem já está calejado com as injustiças da vida.

Esperando um apartamento no Habitacional Mulheres de Tejucupapo, na Iputinga, Zona Oeste do Recife, há 11 anos, ela teve agora o direito de conviver com os filhos vilipendiado pelo poder público, que deveria prestar-lhe o melhor dos serviços.

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“Meus filhos trabalham em Camaragibe. Então, morar com o pai ficou melhor. O mais velho, na época que a gente estava buscando esse apartamento, tinha 12 anos. Agora, está todo mundo pagando aluguel. Eu não tenho espaço aqui. Eles estão agora com 20 e 25, e vejo eles um fim de semana a cada 15 dias, mas nos falamos pelo WhastApp”, conta.

Atualmente, Maria do Carmo mora na comunidade do Detran, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife. Não é a sua primeira ou segunda casa alugada: “Essa já é a décima”, busca na memória. “Quem vive de auxílio é assim. A gente muda que só…Porque não dá para pagar aluguel. Quando não paga, o dono da casa pede ela de volta. O dinheiro é pouco e ainda demora a sair”, complementa.

 

Na casa do Detran, são basicamente três cômodos, no valor de R$ 350. Do salário mínimo que ganha ainda paga energia, compras de casa e ajuda na moradia dos filhos. Quando morava com eles e o marido, a situação já foi de moradia cedida, passou por casa de apenas dois cômodos e até mesmo um barraco.
“Meus filhos agora estão prestes a casar, os planos que eu tinha com eles já mudaram”, reflete ela.

O habitacional, orçado em R$ 14,5 milhões, ainda é esperado para 2023 por ela, mas não do mesmo jeito. Mais do que a tinta e os materiais mudados com o passar do tempo na obra, o desejo de morar bem foi aplacado pela dura realidade que um projeto mal gerido na sua execução.

“Com o tempo você perde toda a expectativa. Você vai acreditar porque precisa, mas o afã não tem mais. A gente só acredita agora com a chave na mão, lá dentro, morando. A gente sabe que não perde, mas não tem a expectativa que tinha há cinco anos. Acabou isso”.

GUGA MATOS/JC IMAGEM
ELEIÇÕES 2022 - Problemas que os novos governantes irão enfrentar - Habitacional Mulheres de Tejucupapo - GUGA MATOS/JC IMAGEM

CEHAB

A Cehab diz que a previsão de entrega está mantida para o mês de dezembro, com garantia orçamentária.

“Hoje a obra conta com 45 funcionários. A quantidade de funcionários alocados na obra para atendimento do prazo de execução é de responsabilidade da empresa contratada e a mesma diz que em função da demanda pode vir a realocar profissionais qualificados, já contratados, de outras obras em andamento ou contratar novos profissionais”, garante a pasta estadual.

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