Após 9 anos interditada, Matriz de São José é devolvida ao Centro do Recife. Leia história da Igreja

A Igreja, inaugurada em dezembro de 1864, foi fechada em 2013 após o teto ceder por uma infestação de cupins, infiltrações e falta de manutenção. Agora, reabre com a presença do arcebispo de Olinda e Recife
Katarina Moraes
Publicado em 14/12/2022 às 17:23
Construção da Matriz de São José foi iniciada na segunda metade do século XIX, para ser a matriz da freguesia de mesmo nome Foto: RENATO RAMOS/JC IMAGEM


Uma imponente construção situada no coração da cidade reabrirá as portas. A Matriz de São José, situada no bairro de mesmo nome, estava interditada há nove anos por problemas estruturais, mas será devolvida ao Centro do Recife às 11h desta sexta-feira, 16 de dezembro, com a presença do Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido.

A Igreja, inaugurada em dezembro de 1864, foi fechada em 2013 após o teto ceder por uma infestação de cupins, infiltrações e falta de manutenção - no mesmo ano em que teve o tombamento aprovado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado de Pernambuco.

“Tínhamos o comprometimento da fachada, da sacristia, além de rachaduras e infiltrações nas paredes, forro e teto, que resultavam em um perigo para toda a nossa comunidade”, contou o Padre César, responsável pela Matriz. Por isso, suas celebrações foram transferidas para a Capela da Santíssima Trindade, na Avenida Dantas Barreto, também no Centro do Recife.

A recuperação do patrimônio só foi iniciada em novembro de 2020 a partir de ações mitigadoras do Projeto Novo Recife - pelo impacto ambiental e urbano gerado pelas obras do Cais José Estelita. Segundo o Consórcio Novo Recife, formado pelas empresas Ara Empreendimentos, GL Empreendimentos, Moura Dubeux Engenharia e Queiroz Galvão, foram investidos R$ 4 milhões na reforma da Igreja.

“Ela é parte de nossa memória, da riqueza cultural sagrada e turística. É um patrimônio de valor histórico, leva o nome do Bairro, casa de todos os fiéis das proximidades que perderam seu local sagrado há vários anos e, por isso, o Consórcio Novo Recife decidiu priorizar essa ação”, afirmou Eduardo Moura, diretor da Moura Dubeux.

O Consórcio contratou o Instituto de Desenvolvimento Humano, que é especializado em restauração de igrejas, para a execução do serviço. Neste momento, o trabalho em andamento é o de recuperação da fachada, modernização da parte elétrica, pintura interna, restauro do grande painel e das imagens.

A expectativa é que a obra seja concluída no primeiro trimestre de 2023, antes da tradicional Festa de São José, realizada em março. Enquanto isso, os serviços serão feitos sem impedir a realização as atividades no lugar.

Ainda neste ano, com a finalização das intervenções internas, após a missa presidida pelo Arcebispo, vão retornar à igreja matriz as celebrações, as atividades sociais e pastorais. “É um momento importante na nossa trajetória porque endossa a relação do recifense com nossa igreja, que é de muito respeito e carinho”, disse Padre César.

História e importância da Matriz de São José

O pesquisador Bruno Melo explicou que a construção da Matriz de São José foi iniciada na segunda metade do século XIX, para ser a matriz da freguesia de mesmo nome, criada por Lei Provincial N. 133 de 02 de maio de 1844. 

"A construção da igreja teve como principal motivador o então Bispo Diocesano, Dom João da Purificação Marques Perdigão, português de Viana do Minho, que assumira a Diocese de Olinda em 1833", disse.

Já a pedra fundamental da obra foi lançada no dia 8 de dezembro de 1845 por Dom João Perdigão, que não chegou a ver sua igreja concluída, pois faleceu em 30 de abril de 1864, enquanto a igreja foi solenemente aberta ao público em 8 de dezembro de 1864, pelo Deão Joaquim Francisco de Farias. 

Em estilo neoclássico o templo ostenta em seu frontispício um mural de autoria de Francisco Brennand, inaugurado em 1964, com a representação de lírios - um dos símbolos de São José.

Tochas com labaredas de pedra adornam o muro do adro. Dois quadros dentro da igreja, de autor desconhecido, mostram Dom João Marques Perdigão, bispo da então diocese de Olinda, à época da construção do templo, e Deão Farias, personagem da época. Sua maior atração está nas portas internas da sua entrada principal, confeccionadas em pau-brasil.

Uma curiosidade é que seu sino, segundo o historiador Leonardo Dantas Silva, é o maior do Recife, pesando 24 arrobas.

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