URBANISMO

Esvaziada, Rua da Imperatriz, no Centro, pede socorro à Prefeitura do Recife

Via que até então era um dos pontos comerciais mais movimentados da cidade perde cada vez mais lojas e clientes

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 11/05/2023 às 14:45 | Atualizado em 11/05/2023 às 15:10
SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM
Movimentação parada na Rua da Imperatriz Tereza Cristina, na Boa Vista, Centro do Recife - FOTO: SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM

Em colaboração com Dyandhra Monteiro, da TV Jornal

Trinta proprietários de edifícios localizados na Rua Imperatriz Tereza Cristina, na Boa Vista, pedem socorro à Prefeitura do Recife. Vítimas diretas da decadência da área central, atraem cada vez menos locadores e acumulam dívidas por imóveis vazios em uma região que, há pouco, era um dos mais movimentados pontos comerciais da cidade.

O principal pedido é pela inclusão da via no programa para revitalização do Centro da capital pernambucana, o Gabinete do Centro do Recife (Recentro). Isso porque ele concede incentivos fiscais para construção ou recuperação de edifícios, mas somente nos bairros do Recife, São José e Santo Antônio.

Só que, logo na Imperatriz, fronteira desses bairros, há 43 lojas fechadas das 79 existentes - que poderiam gerar até 2 mil empregos diretos e reduzir o vazio urbano que a rua se encontra, de acordo com o grupo. Para quem lá atua, é o momento mais crítico na história do corredor.

Um dos afetados é o advogado e empresário Marcus Gallo, cuja família mantém atividades no bairro da Boa Vista há mais de 50 anos, mas nos últimos meses, tem enfrentado diversas dificuldades.

"Estamos em um prédio com 28 espaços para locação. Desses, somente dois estão locados e com valor abaixo do mercado, senão não estariam aqui. Pagamos quase R$ 4 mil de IPTU por mês, então fica difícil fechar essa conta, porque também temos que pagar funcionário, energia elétrica", disse.

Já o empresário Ruben Corrêa é proprietário de um prédio com quatro pavimentos, todos desocupados há seis anos, com um custo anual de R$ 30 mil só em impostos. “Ninguém aguenta isso. Gostaríamos de pagar IPTU com clientes na rua, com lojas alugadas”, disse.

Em diversos imóveis, há placas de venda e aluguel. Em outros, é possível observar os efeitos do tempo. A vegetação toma conta de algumas sacadas. Estruturas apresentam infiltrações e há marquises completamente destruídas.

Um vídeo de 2010 encontrado na internet mostra que a mudança é recente. "Olha a água, é R$ 0,50". "Plantas ornamentais por R$ 24,90". "Promoção, a hora é agora”. Era o que diziam os comerciantes enquanto uma banda de rua tocava frevo, tentando seduzir as dezenas de pedestres que caminhavam pela Imperatriz.

Essa tendência de abandono não se restringe à rua. Há pelo menos duas décadas, o Centro do Recife tem enfrentado queda ou estagnação no número de moradores, que migraram para outras regiões da cidade, como mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mesmo assim, a veia comercial da região, que remete à origem da cidade, conseguiu se manter - mas, naturalmente, sem um fluxo de moradores constante, vem sendo cada vez mais afetada, principalmente após a pandemia da covid-19 e do “boom” das vendas online.

O dono da tradicional Padaria Imperatriz, Horácio Amorim, reclama que o movimento sofreu queda nos últimos meses e pede apoio da prefeitura em reforçar a segurança. “O Centro da cidade está carecendo de uma segurança melhor, limpeza e transporte. É uma soma de fatores que vai torná-la melhor”, opinou.

AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE A RUA DA IMPERATRIZ

O tema foi alvo de uma audiência pública nessa quarta-feira (10) na Câmara Municipal, convocada pelo vereador Alcides Cardoso (PSDB), que fez um requerimento, em 2022, para incluir a via na lei de incentivos fiscais do Recentro. "Gostaria de saber se a proposição será acolhida pela Prefeitura", questionou.

Também participaram do debate os vereadores Rinaldo Junior (PSB) e Luiz Eustáquio (PSB), aliados do prefeito, a secretária de Turismo do Governo de Pernambuco, Nathalie Mendonça, Kelly Pereira, representando a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), o comandante do 16º Batalhão de Polícia Militar de Pernambuco, tenente-coronel Hugo, Cícero Monteiro, representando a gerência de planejamento estratégico do Grande Recife, e João Paulo da Silva, do Recentro.

Ao final da discussão, houve encaminhamentos para a formação de dois grupos de trabalho. Um entre vereadores e comerciantes, proprietários e algumas secretarias, e o outro entre Recentro, CTTU, Emlurb, Secretaria de Turismo de Pernambuco e do Recife, Secretaria de Segurança e os proprietários.

Já João Paulo afirmou que está em análise o pedido de inclusão da Rua da Imperatriz ao Recentro. “Protocolamos um pedido, no início do mês de abril, à Secretaria de Finanças para que ela estude a viabilidade de inserção desse território na lei do Recentro e estamos monitorando essa análise”, disse.

Para Ruben, a audiência “foi muito proveitosa”. “Na próxima vamos incluir comerciantes e lojistas na comissão. Queremos sobreviver e colocar a Rua da Imperatriz para frente”, disse.

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