Início da reforma do Mercado de São José desloca comerciantes para anexo provisório
Primeira fase vai afetar cerca de 100 permissionários, que trabalham na área de artesanato do equipamento
A primeira etapa das obras de reforma e restauro do Mercado de São José, no bairro de mesmo nome, no Centro do Recife, está marcada para começar na próxima segunda-feira (8), segundo a Prefeitura. Elas afetam, neste momento, o setor de artesanato do equipamento, que por isso passa a funcionar em um anexo provisório na Rua da Praia, abrigando mais de 140 boxes.
De acordo com a gestão municipal, cerca de 100 permissionários serão afetados nesta fase. Desses, 46 vão para o anexo, enquanto 54 preferiram receber um auxílio mensal no valor de R$ 3 mil enquanto durarem as obras - cuja previsão de fim não foi informada. O horário do funcionamento nele segue o dos mercados públicos: de segunda a sábado, das 6h às 18h e nos domingos e feriados das 6h às 13h.
À reportagem, permissionários aprovaram o espaço provisório; contudo, reclamaram pela mudança acontecer no mês de janeiro, quando o movimento de turistas se intensifica na capital pernambucana.
“Os boxes foram bem feitos, estão bonitinhos e organizados, têm banheiros. Mas estávamos negociando um prazo maior para sair, quem sabe no final do mês ou no Carnaval, porque o movimento de janeiro é bom, os hotéis estão com muitos turistas, é quando a gente ganha um dinheirinho extra”, disse o comerciante Rubem Falcão, de 78 anos.
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A posição também é do diretor fundador da Associação dos Permissionários do Mercado de São José (AMSJ), Fábio Falcão, de 45 anos. “Eles alegam que a construtora não podia parar, por causa do prejuízo. A corda sempre quebra pro lado mais fraco. Esse galpão já era para ter sido entregue bem antes. Não concordamos, mas já bateram o martelo”, disse.
Fato é, todavia, que o equipamento de fato precisava de uma requalificação: o que é um ponto comum entre o poder público e os vendedores. “Essa reforma do mercado tem que ser feita, vai trazer constrangimento para todos nós, mas precisa ser feita porque as ferragens estão carentes, precisam de uma restauração”, disse Rubem.
O JC relatou, em 2022, a situação do prédio, inaugurado em 1875: vitrais e telas caíam frequentemente, havia falta de organização, de padronização e de uso de itens de higiene pelos comerciantes, como luvas, por exemplo, pouca manutenção e limpeza.
REFORMA NO MERCADO DE SÃO JOSÉ
Mas a reforma, anunciada pela Prefeitura ainda em março de 2022 sob o investimento de R$ 22 milhões, rendeu uma série de desgastes entre o município e os permissionários, que em um primeiro momento não aceitaram as mudanças propostas pelo próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Isso porque o órgão exigiu que o mercado, que é tombado pela sua importância arquitetônica e histórica, retornasse ao projeto original - o que implicaria na necessidade de remoção das barracas de alimentação que ficavam em sua parte frontal. Contudo, permissionários denunciaram à Prefeitura que isso afetaria dezenas de famílias que sobrevivem dessa renda diariamente.
Então, o Iphan autorizou a construção de um mezanino, que funcionará em um primeiro andar para abrigá-los, enquanto o município mantinha reuniões periódicas com os vendedores a fim de atender suas demandas.
Os serviços estão sendo realizadas pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), e vão contemplar todos os 403 boxes existentes. Além disso, as obras incluem a reforma dos banheiros, restauração dos elementos de ferro, vidro e madeira. Haverá a reorganização dos 403 boxes existentes, sendo 44 localizados na rua central, 178 localizados no pavilhão norte, 156 localizados no pavilhão sul e 25 localizados no espaço destinado às lanchonetes.