TRAGÉDIA

Motorista do micro-ônibus que atropelou procissão em Jaboatão prestou depoimento à Polícia

Dos 32 fiéis atropelados nesse domingo (31), cinco morreram e 26 seguem internados. Uma pessoa recebeu alta

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Katarina Moraes

Publicado em 01/04/2024 às 10:18 | Atualizado em 01/04/2024 às 15:19
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O motorista de um micro-ônibus que atropelou fiéis em uma procissão em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, apresentou-se e foi ouvido pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) horas após a colisão, ainda no domingo (31). Cinco pessoas morreram e outras 29 ficaram feridas. O caso segue sendo investigado pela Delegacia Seccional, em Prazeres.

Ele dirigia o ônibus da linha Marcos Freire/Barra de Jangada e tinha autorização da Prefeitura de Jaboatão para circular como transporte complementar. A Secretaria Executiva de Ordem Pública e de Mobilidade levantou que a documentação do permissionário estava regular.

O veículo, contudo, tem 10 anos de uso e estava com problemas mecânicos sérios, segundo apurou a coluna Mobilidade. Mas de acordo com a gestão, ele teve laudo de inspeção técnica veicular do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) realizada há cinco meses, com validade anual. 


O veículo foi guinchado para a Delegacia de Prazeres passou por perícia do Instituto de Criminalística nesta manhã de segunda-feira (1º). Dentro de uma semana, o laudo com as causas do acidente deve ser concluído podendo ser prorrogado caso haja necessidade de uma reconstituição do crime.

Tragédia

O condutor teria perdido o controle do veículo por volta das 17h quando descia uma ladeira na Avenida Barreto de Menezes, no bairro de Marcos Freire, onde acontecia a caminhada Cristo Vive, realizada pela Igreja Nossa Senhora do Perpétuo. Segundo testemunhas, ele tentou colaborar, mas começou a ser agredido por moradores. Então, saiu do local.

Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e de municípios vizinhos, além do Corpo de Bombeiros, foram acionadas para o socorro às vítimas. Equipes de trânsito, Guardas Municipais, da Assistência Social, Secretaria de Saúde e de Defesa Civil também foram dar apoio, além da Polícia Militar.

Ao todo, cinco pessoas vieram a óbito: três mulheres, de 66, 53 e 51 anos e dois homens, de 68 e 52 anos. Ainda há 15 pessoas internadas em hospitais públicos de Pernambuco. Dessas, quatro — entre elas uma criança de 8 anos — estão em estado de saúde grave no Hospital da Restauração (HR).

Lista de óbitos

  1. Amaury João de Lima - 68 anos
  2. Édson Maurício Barbosa - 52 anos
  3. Edite Maria da Silva - 51 anos
  4. Jessica Kelly Mendonça dos Santos - 22 anos
  5. Tereza Cristina Batista da Silveira - 66 anos

Familiares lamentam perdas

Entre as vítimas, das mais novas às mais velhas, muitas se conheciam, cresceram juntas e participavam da mesma Paróquia. Tereza, por exemplo, estava há 20 anos na Igreja, fundou a Pastoral da Criança e atuava na erradicação da desnutrição infantil, se doando para ajudar os mais vulneráveis. Ela com a neta, de 8 anos, que está em estado grave no HR. Abalados, os parentes não quiseram gravar entrevistas.

Outra pessoa atingida foi o idoso Amaury João de Lima, de 68 anos. Ele era católico fiel e participava de diversas celebrações. O filho e a nora estavam no trio cantando, tocando e puxando a procissão, e viram tudo.

Jéssica também costumava participar das celebrações católicas no bairro. O irmão, Jean Vinicius, ainda tentou socorrê-la, sem sucesso. "Corremos para ver e ela estava lá, embaixo do carro. A gente conseguiu levantar, tirou quem estava embaixo do carro, tentou ajudar. Ela passou a semana todinha indo [para o evento] de manhã, tarde e de noite. Ela era uma pessoa incrível. Muito especial na minha vida", disse.

Edson Maurício Barbosa, de 52 anos, deixou a esposa, com quem conviveu por 29 anos, e 4 filhos, que também estavam na procissão. A esposa, Geane Alves, denunciou a situação dos micro-ônibus de Jaboatão, enquanto sofre a perda do companheiro.

"São horríveis esses micro-ônibus. Cadeiras quebradas, tudo acabado, não tem cobrador e o motorista não respeita". Ele era um bom marido, um bom pai, bom companheiro e bom amigo. Costumava frequentar a missa", lamentou.

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