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Saiba tudo sobre o caso do petista assassinado por bolsonarista em festa de aniversário em Foz do Iguaçu

Marcelo Arruda estava em festa de aniversário de tema PT quando foi surpreendido por tiros de um policial penal que seria apoiador do presidente Jair Bolsonaro

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Katarina Moraes

Publicado em 11/07/2022 às 8:14 | Atualizado em 11/07/2022 às 13:48
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Um crime cometido na madrugada desse domingo (10) em Foz do Iguaçu, no Paraná, parou o Brasil e acirrou as tensões sobre as eleições de 2022. O guarda municipal Marcelo Arruda, de 50 anos, tesoureiro e candidato a vice-prefeito da cidade em 2020 pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foi assassinado a tiros na própria festa de aniversário pelo policial penal bolsonarista Jorge José Guaracho. Testemunhas  apontam motivação política, mas a polícia ainda investiga o caso.

Marcelo chegou a ser levado até o Hospital Municipal, mas não resistiu aos ferimentos. Ele deixa a esposa e quatro filhos, sendo uma menina de seis anos e um bebê de 1 mês. Antes de morrer, no entanto, ele conseguiu revidar à investida e também baleou Guaracho, que está internado em estado estável em um hospital da cidade, segundo informações repassadas pela delegada Iane Cardoso, que, até então, estava à frente do caso.

Segundo ela, Guaracho foi autuado em flagrante delito e está custodiado pela Polícia Militar enquanto recebe auxílio médico. A delegada afirmou que as investigações foram iniciadas sob a hipótese de conflito político, mas não afasta a possibilidade deles já se conhecerem. Isso porque o suspeito seria o diretor do estabelecimento onde acontecia a festa em que Arruda foi assassinado.

"Não há histórico de conflito anterior. A informação que a esposa do agente penal deu é que ele era diretor também do local em que estava ocorrendo a festa. Por isso a gente deduz que talvez eles se conhecessem, mas tudo é muito recente ainda e a gente tem que apurar", disse a delegada Iane. Nesta segunda-feira (11), ela foi substituída da investigação pela delegada divisional de homicídios, Camila Cecconello.

O crime aconteceu durante a comemoração dos 50 anos de Marcelo na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, na Vila A. O evento era temático do PT. O aniversariante, inclusive, vestia uma camisa com a foto do ex-presidente Lula.

No entanto, foi interrompido, segundo relato no boletim de ocorrência, por Guaracho, que teria chegado ao local de carro, onde estavam também uma mulher e um bebê. O documento diz que ele desceu do carro armado e gritando: "Aqui é Bolsonaro!", e que não era conhecido de ninguém, nem foi convidado.

Depois, Guaracho teria deixado o local, mas voltou após cerca de 20 minutos, armado e sozinho. Ele, então, teria atirado duas vezes contra o guarda municipal, que revidou e baleou o policial penal.

Autoridades se pronunciam sobre o caso

Por nota, o PT lamentou a morte do filiado e relacionou violência à "política oficial do atual Presidente da República, que estimula cotidianamente o enfrentamento, o conflito, o ataque a adversários".

"Basta de violência! Basta de destruição! É tempo de reconstrução e transformação do Brasil e das relações entre brasileiros e brasileiras! Vamos chorar e enterrar mais um companheiro que tombou vítima da violência política, basta!", afirmou o texto, assinado pela presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann.

No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (PL) evitou lamentar a morte do petista, e optou por compartilhar uma mensagem já publicada em 2018, ano que sua campanha para a presidência. "Independente das apurações, republico essa mensagem de 2018", escreveu:

"Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos", diz a mensagem.

Quem é o bolsonarista Jorge José Guaracho?

Em seu perfil no Twitter, o policial penal federal responsável pelo assassinato de Marcelo Arruda se descreve como "conservador" e "cristão".

(Reprodução/Internet)
Perfil do policial penal federal Jorge Guaranho - (Reprodução/Internet)

Guaracho também não esconde seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o perfil do policial, armas são para defesa. Ele também afirma ser contra o aborto e contra as drogas.

Em suas publicações, são recorrentes mensagens de apoio ao presidente e sua família - inclusive uma "selfie" com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) - críticas à Rede Globo e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

(Reprodução/Internet)
"Selfie" publicada por Jorge José da Rocha Guaranho, responsável pelo assassinato de guarda municipal e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) - (Reprodução/Internet)

Quem era Marcelo Arruda?

Marcelo Arruda era guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu. Em 2020, o guarda municipal foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu pela sigla.

Era diretor do Sindicato de Servidores Públicos do município e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu. Ele deixa mulher e quatro filhos.

"Arruda era um lutador incansável pelas causas dos servidores municipais, para ele não tinha tempo ruim, sempre disposto e aguerrido nas lutas pelos direitos dos trabalhadores. Fica uma lacuna de um grande homem na luta sindical. Neste momento de imensa dor pela perda irreparável, só Deus poderá confortar os corações dos familiares e amigos", disse a diretoria do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi), em nota de pesar pela morte.

A Câmara Municipal de Foz do Iguaçu também lamentou, por meio de nota, o assassinato. "Marcelo era servidor municipal da Guarda há 28 anos e era também membro da diretoria do Sindicato dos Servidores Municipais – Sismufi. Ele deixa esposa e quatro filhos. O Legislativo Iguaçuense se solidariza com familiares e amigos enlutados e deseja força para enfrentarem esse momento de dor e tristeza", afirma.

Líder do PT foi assassinado em festa de aniversário

Reprodução
Vídeo do aniversário de liderança petista, assassinada por bolsonarista durante celebração - Reprodução

Um vídeo mostra Arruda cantando "parabéns para você" ao lado de amigos e familiares pouco antes de ser baleado na festa, que tinha o PT como tema e acontecia na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), na Vila A. Ele próprio vestia uma camiseta com o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, disse à RPC que a Polícia Civil investigará as motivações do crime. "Pelo que a gente percebeu foi uma intolerância política", apontou.

Marcelo Arruda deixa esposa e quatro filhos, sendo uma menina de seis anos e um bebê de 1 mês. O corpo dele será velado neste domingo (10) no Cemitério Municipal Jardim São Paulo, em horário ainda a definir.

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