Mudança no tom. Após encontro com os governadores do Norte e Nordeste, nesta segunda-feira (23), por videoconferência, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que os gestores se mostraram satisfeitos com os anúncios feitos, e que as palavras de “cooperação” e “entendimento” foram as que conduziram o diálogo. “Sabemos que temos um inimigo em comum, o vírus (covid-19), bem como também sabemos e temos a consciência do efeito colateral, que pode ser combatido”, declarou o presidente.
O clima de cordialidade, um dia após Bolsonaro ter chamado os governadores de "exterminadores de empregos" - colocando em xeque, as medidas restritivas adotadas pelos gestores no combate ao coronavírus -, também foi reforçado pelos chefes do executivo estadual.Nas redes sociais, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), fez uma declaração curta, sem mencionar as ações do governo federal, como a liberação de R$ 8 bilhões para os fundos estaduais e municipais da saúde.
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“Muito importante a abertura do diálogo e agora vamos analisar as propostas apresentadas para o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Seguimos firmes na direção de tomar as medidas responsáveis para encarar o desafio dos próximos meses”, declarou.
O presidente do Consórcio Nordeste e governador da Bahia, Rui Costa (PT), fez um agradecimento a presidência, por ter realizado a reunião com os gestores. “Considero importante que neste momento, que todos os entes federados possam agir em cooperação, com serenidade, colocando o interesse da população em primeiro lugar”, afirmou. Ainda segundo o governador, este não seria o momento de pensar “em política e em partido”.
“Quero de antemão, agradecer a oportunidade de iniciar o diálogo com o governo federal. Isso será muito importante não só para o Nordeste, mas para o Brasil inteiro”, concluiu.
Durante coletiva de imprensa, Bolsonaro explicou que as medidas anunciadas por ele e sua equipe ministerial, foram frutos das reivindicações dos governadores e prefeitos que encaminharam documentos reivindicando suporte ao combate do novo coronavírus. O pacote de R$ 88 bilhões do governo federal, também contempla a suspensão da dívida que os estados possuem com o União, por um período de seis meses, o que corresponde a R$ 12,6 bilhões.
“Obviamente, apelamos para que nossas propostas, que estão em tramitação (no Congresso), tivessem olhar muito especial por parte deles. Nós sairemos fortalecidos e com a satisfação do dever cumprido. De forma cordial nos despedimos”, declarou o presidente, que se reunirá com os governadores do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, nesta terça-feira (24).
AMUPE CONSIDERA MEDIDAS UM COMEÇO
O presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), considerou as medidas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro, um começo. “São ações necessárias e uma partida interessante. Nós fomos contemplados quando formulamos a segunda proposta, que trata da recomposição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Isso dá uma respirada”, declarou Patriota ao JC.
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O gestor se refere a manutenção do FPM e o FPE, nos mesmos níveis de 2019 - uma das 17 solicitações encaminhadas pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), no dia 19 de março. “Estima-se que o Governo Federal acesse com R$ 16 bilhões em quatro meses”, informou o presidente.
A recomposição do sistema da saúde e da Assistência Social, onde o Ministério da Cidadania irá liberar R$ 2 bilhões para o orçamento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), também foi visto como positivo para Patriota. “Estamos devendo muito com a assistência, temos R$ 1,5 bilhões de dívidas, não sei se o governo federal irá pagar o que nos deve, mas esse recurso renova a esperança de não fecharmos os CRAS”, declarou.
O presidente da Amupe explicou que outras medidas serão apresentadas para o governo federal, como a autorização para contratação dos médicos que integravam o programa Mais Médicos. “Essa é uma questão importante, pois muito dos médicos da atenção básica, são idosos e estão se afastando. Nós estamos com um déficit grande, se o governo liberar a entrada dos cubanos, queremos ter autorização para fazer a contratação direta com o profissional ou com a OPAS”, declarou José Patriota.
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