O novo protocolo do Ministério da Saúde, que permite a liberação do uso da cloroquina para todos os pacientes infectados pelo novo coronavírus (covid-19), será assinado nesta quarta-feira (20), segundo informou o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Mesmo diante das críticas em relação aos efeitos colaterais da droga e a contestação de sua eficácia no tratamento da covid-19, o chefe do Executivo adiantou, em entrevista ao Blog do Magno, nesta terça-feira (19), que o uso da medicação não é obrigatória, apenas para os pacientes que quiserem.
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“O último protocolo foi no dia 31 de março e permitia a cloroquina apenas em casos graves, e agora, nesse novo protocolo, vai permitir a partir dos primeiros sintomas. E o que é a democracia? Se você não quiser tomar, você não toma a cloroquina. Agora, quem quiser tomar, que tome”, disparou. Ele citou o exemplo do presidente dos Estados Unidos (EUA) Donald Trump, que afirmou tomar a medicação de forma preventiva.
O presidente chegou a recomendar, aos risos, que o governador Paulo Câmara (PSB) - diagnosticado com covid-19, nesta segunda-feira (18) - fizesse uso da medicação. “Quem falou que era veneno não pode tomar. Mas, eu sou cristão, o governador pode tomar sim. Pode ser que não precise, mas eu no lugar dele tomaria”, afirmou Bolsonaro, que ainda brincou, “Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína”, referindo-se a uma marca de refrigerante.
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Mais cedo, o secretário estadual de Saúde de Pernambuco, André Longo, reforçou que o Estado não tem, neste momento, evidência científica para adotar um protocolo que norteie os médicos para o uso da cloroquina, mas ressaltou que está em contato com o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco e respeita a prescrição dos médicos que acreditam no tratamento com a utilização dessas medicações. “Há uma cortina de fumaça sobre essa questão. É preciso respeitar a prescrição do médico e o paciente. Não se trata simplesmente de uma imposição”, afirmou Longo.
A assinatura do novo protocolo será feita pelo ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, a quem Bolsonaro fez diversos elogios, afirmando que não pretende, por ora, tira-lo do comando da pasta. “Ele é um gestor de primeira e está fazendo um trabalho excepcional”, frisou. Ao ser questionado sobre a relação com o ex-ministro Nelson Teich, que tinha ressalvas quanto a liberação da cloroquina a todos os casos da covid-19, o presidente explicou que não há nenhum tipo de problema. “Estou quase apaixonado pelo Teich, ele tem ligado e conversado com Pazuello, diferente do anterior (Henrique Mandetta), que está criticando”, afirmou o presidente durante a live.
Sobre o isolamento social, o presidente da República, voltou a criticar as medidas restritivas adotada pelos governadores classificando aqueles que não cumprem os decretos da União de “ditadores”. Bolsonaro se referiu ao fato de ter incluído como atividades essenciais academias de ginástica, salões de beleza e barbearias entre os serviços, o que gerou uma reação negativa por parte dos governadores, que afirmaram que não iriam cumprir o decreto.
“Desde o começo dessa pandemia, fui uma voz destoante. Mas, se o Supremo Tribunal Federal (STF) disse que quem decide são os governadores e prefeitos. A minha liberdade é escolher, dentro do total de atividades quais são as essenciais e decidimos por decreto. Fora isso, cabe aos governadores e prefeitos”, afirmou. O presidente disse que os chefes do Executivos estaduais que não queiram cumprir os seus decretos tem dois caminhos.
Um deles, seria contar com o apoio do parlamento através de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL), para que seja votado no Plenário. “Ou então entra na Justiça, que a última palavra final será do Supremo Tribunal Federal e eu tenho certeza que vou ganhar. Agora, quando ele (governador) diz que não vai cumprir, ele está agindo como ditador”, enfatiza.
Polícia Federal
O presidente Jair Bolsonaro reforçou que o novo diretor-geral da Polícia Federal, Ronaldo Alexandre de Souza, tem autonomia para trabalhar e que não há acesso a informações privilegiada, negando que esteja interferindo no trabalho da PF.
Ainda segundo Bolsonaro, a gravação da reunião ministerial, que ocorreu no dia 22 de abril, não deveria ser liberada ao público, por conter informações de segurança nacional e trechos referente a política internacional. A preocupação do gestor, se dá em relação ao próprio linguajar entre ele e os ministros durante a reunião.
Bolsonaro também comentou sobre as denúncias feitas pelo suplente do senador Flávio Bolsonaro, o empresário Paulo Marinho, do suposto vazamento das informações a respeito das investigações da PF, envolvendo o ex-assessor Fabrício Queiroz. “Não é assim não, vai ter que provar. Você está mexendo com a honra das pessoas”, disparou.
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