EX-MINISTRO

Sem dar razões de sua saída, Nelson Teich diz que deixou "plano de atuação pronto" no Ministério da Saúde

Nelson Teich iniciou o pronunciamento afirmando que "a vida é feita de escolhas"

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 15/05/2020 às 16:17 | Atualizado em 15/05/2020 às 17:33
REPRODUÇÃO/MINISTÉRIO DA SAÚDE
Teich ficou no cargo de ministro da Saúde por menos de um mês - FOTO: REPRODUÇÃO/MINISTÉRIO DA SAÚDE

Atualizada às 17h33

O agora ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, falou pela primeira vez após o seu pedido de demissão do Ministério da Saúde, feito na manhã desta sexta-feira (15). Sucessor de Luiz Henrique Mandetta, Teich assumiu a pasta em 17 de abril e ficou no cargo por menos de um mês. Ele iniciou o pronunciamento afirmando que "a vida é feita de escolhas", disse ainda que deixou um plano de atuação pronto e agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a oportunidade de atuar no sistema público de saúde. 

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"Seria muito ruim na minha carreira não ter tido a oportunidade de atuar pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Eu nasci graças ao serviço público, minhas escolas foram públicas, minha faculdade foi pública, residências públicas. Não aceitei o convite pelo cargo, aceitei porque eu achei que podia ajudar o Brasil e ajudar as pessoas", disse.

Ao lado do secretário-executivo, general Eduardo Pazuello, nome mais cotado para assumir o cargo, e técnicos da pasta, Nelson Teich fez um pronunciamento curto, que durou cerca de seis minutos. Em seguida, ele se retirou sem abrir a coletiva para perguntas dos jornalistas.  

"A vida é feita de escolhas e eu hoje escolhi sair. Digo a vocês que dei o melhor de mim neste período, não é uma coisa simples estar à frente de um ministério como este em um período tão difícil", iniciou. Nelson não justificou sua saída do cargo e citou o nome de Bolsonaro apenas uma vez, no final do pronunciamento, agradecendo a oportunidade que teve de ocupar o cargo de ministro da Saúde. 

Principal ponto de divergência entre o presidente e o ex-ministro, o uso da cloroquina no protocolo de tratamento do SUS em pacientes com a covid-19, além do isolamento social, também não foi citado por Teich em seu pronunciamento.  

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Antes de relatar brevemente o que fez em sua passagem pelo ministério da Saúde, Nelson Teich afirmou que um plano estratégico foi traçado e deve ser seguido. "É importante lembrar que durante esse período a gente tem um foco total na covid, mas a gente tem que lembrar que tem todo um sistema que envolve várias outras doenças e toda uma população para ser cuidada. Então em todo tempo que a gente trabalha e trabalhou para solucionar e passar por esse momento da covid, todo o sistema é pensado em paralelo. Nesse período a gente auxilia Estados e Municípios a passar por essa dificuldade, habilitação de leitos, foram quase quatro mil, são os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), respiradores, recursos humanos e isso acontece em um momento de grande crise mundial", detalhou. "Deixo um plano de trabalho pronto", completou. 

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O ex-ministro contou ainda que foi fundamental ir até a "ponta", ou seja, visitar a linha de frente do enfreamento à pandemia. Ele elogiou e agradeceu o trabalho dos profissionais da saúde e da equipe que esteve com ele na pasta. "Agradeço aos profissionais de saúde mais uma vez. Quando você vai na ponta se impressiona com a dedicação das pessoas. Essa equipe (do Ministério da Saúde) é espetacular. É uma honra para mim ter feito parte disso", finalizou.  

 

Divergências entre Teich e Bolsonaro

No último dia 11 de maio, o presidente ampliou as atividades essenciais no decreto para salões de beleza, barbearia e academias de ginástica. Teich ficou sabendo dessa alteração por jornalistas, enquanto concedia coletiva de imprensa no Palácio do Planalto e, ao ser informado, demonstrou estar confuso e justificou que esse tipo de decisão não é atribuição do Ministério da Saúde. 

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O chefe de Estado quis alterar o protocolo do SUS e liberar a aplicação da cloroquina desde o início do tratamento do coronavírus. Bolsonaro fez essa afirmação em videoconferência com empresários de São Paulo e também ressaltou que estava tudo bem com relação ao ministro. "Votaram em mim para eu decidir, e essa decisão da cloroquina passa por mim. É mais do que pedir. Está tudo bem com o ministro da Saúde, tudo sem problema nenhum com ele, acredito no trabalho dele, mas essa questão vamos resolver". 

Bolsonaro também defende uma flexibilização mais ampla com relação ao plano de diretrizes para a saída do isolamento.

Eduardo Pazuello, o mais cotado

O nome do general Eduardo Pazuello começa a ser cotado para assumir o Ministério da Saúde. Diferente de Teich e Mandetta, o militar não é da área da saúde.

Nascido no Rio de Janeiro, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras, em 1984, como oficial de intendência. Atualmente ele ocupa o cargo de secretário executivo da pasta e chegou ao ministério para ser o braço direito do então ministro Nelson Teich.

Pazuello já se colocou a favor do uso da cloroquina desde os primeiros sintomas, medicamento e tratamento que são fortemente defendidos por Bolsonaro.

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