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Polícia prende em São Paulo Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro

Ele estava em Atibaia, no interior de São Paulo, num imóvel de um advogado de Flavio Bolsonaro

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Publicado em 18/06/2020 às 6:54 | Atualizado em 18/06/2020 às 14:59
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O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) - FOTO: REPRODUÇÃO

Atualizada às 14h48

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na manhã desta quinta-feira (18), Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Ele estava em Atibaia, no interior de São Paulo, num imóvel de um advogado do senador e não resistiu à prisão. Já detido, Queiroz foi encaminhado para o Rio de Janeiro, onde seguiu diretamente para o Instituto Médico-Legal (IML) e posteriormente para o presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro. 

As investigações do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que levaram à prisão do ex-assessor e ex-motorista do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) começaram em 2018 com a divulgação de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou movimentações suspeitas nas contas de parlamentares, assessores e servidores públicos da Alerj, entre eles, Fabrício Queiroz. Essa investigação levou à instauração de 22 procedimentos investigatórios criminais, de acordo com o MP, com o objetivo de esclarecer suposta participação de parlamentares e de servidores nas movimentações de valores.

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Esse relatório surgiu durante a Operação Furna da Onça, um desdobramento da Operação Cadeia Velha. As duas resultaram na prisão de parlamentares da Alerj, segundo o MPRJ, por indícios de participação em esquema de propinas ligado à organização criminosa liderada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

Nathália Melo de Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz, filhas de Fabrício Queiroz, e a mulher dele, Márcia Oliveira de Aguiar, também estão sendo investigadas por participação do esquema da Rachadinha.

A prisão de Queiroz em São Paulo ocorreu dentro da Operação Anjo que cumpriu ainda outras medidas cautelares autorizadas pela Justiça relacionadas ao inquérito que investiga a rachadinha. Ainda na operação deflagrada no início da manhã de hoje, a Justiça decretou mandados de busca e apreensão de outros suspeitos, além do afastamento da função pública, o comparecimento mensal em Juízo e a proibição de contato com testemunhas. Os outros suspeitos são o servidor da Alerj Matheus Azeredo Coutinho; os ex-funcionários da casa legislativa Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins; e o advogado Luis Gustavo Botto Maia.

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Além da prisão, policiais também fazem busca e apreensão, que foram expedidos pela Justiça do Rio de Janeiro, dentro da investigação que apura esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). 

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Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) fez publicação no Twitter a respeito da prisão de seu ex-assessor. "Encaro com tranquilidade os acontecimentos de hoje. A verdade prevalecerá!", dizia tweet do senador.

Flávio se defendeu dizendo que em seu tempo no cargo de deputado nunca houve "uma vírgula" contra ele e que tudo teria começado a surgir após a eleição de seu pai. "O jogo é bruto", concluiu.

Flávio Bolsonaro

Flávio virou alvo de suspeita após Relatório de Inteligência Financeira (RIF) apontar que Queiroz recebia depósitos regulares de colegas de gabinete. Essas movimentações ocorriam perto do pagamento de salários. Para os promotores, esse era suposto indício de "rachadinha". Flávio disse, à época, que todos os "mandatos na Alerj foram pautados pela legalidade e pela defesa dos interesses da população."

O MP também apontou suposta ação de organização criminosa no gabinete de Flávio na Alerj e supostos sinais de que o hoje senador lavou o dinheiro na compra e venda de imóveis. O parlamentar acusou a promotoria de tentar atingir o governo do seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. O Coaf, porém, também apontou suspeitas de outros assessores, deputados e ex-deputados, no documento gerado na Operação Furna da Onça, sobre corrupção na Alerj.

Queiroz faltou a quatro convites para depor no Procedimento Investigatório Criminal (PIC) sigiloso do MP-RJ. Alegou problemas de saúde - trata-se de um câncer, do qual se operou no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Seu desaparecimento por meses rendeu à oposição um mote - "Cadê o Queiroz?" -, desfeito depois que o PM aposentado foi localizado pela revista Veja, na capital paulista. O ressurgimento se tornaria incômodo em outubro, quando, em áudio, o ex-assessor foi flagrado afirmando que o MP teria "problemas com o MP.

Outros ex-integrantes do gabinete também faltaram a depoimentos no MP. Apenas um, Agostinho da Silva, compareceu. Disse que entregava vencimentos ao ex-assessor, para que aplicação na compra e venda de carros.

Queiroz

O próprio Queiroz já disse que "fazia dinheiro" comprando e vendendo veículos e apresentou ao MP defesa por escrito com versão modificada. Afirmou que recolhia os salários dos colegas de gabinete para redistribuí-los por mais gente, pagando militantes e ampliando a base de Flávio. O então deputado, de quem era assessor próximo, desconheceria a prática, segundo afirmou.

Como o investigado não apresentou documentos (recibos, por exemplo) tornou-se difícil sustentar as alegações. À medida que a investigação se aproximava de Flávio Bolsonaro - inclusive com a quebra de seu sigilo bancário e de dezenas de outras pessoas físicas e jurídicas ligadas a ele, determinada pelo juiz Flávio Itabaiana - aumentou o mal-estar no governo.

O Planalto já se incomodou com a revelação de que tinham saído da conta de Queiroz R$ 24 mil para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, quando Jair Bolsonaro ainda era deputado federal, e ela, assessora parlamentar em Brasília. O presidente afirmou que se tratava do pagamento, na conta da sua mulher, de um empréstimo que fizera ao assessor do filho. Antecipou ainda que outras prestações poderiam aparecer. 

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