Um ala do partido Rede Sustentabilidade defende o lançamento de uma candidatura própria na eleição para a Prefeitura do Recife em novembro deste ano. Os nomes apresentados são os do coronel da reserva da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) e educador Sérgio Rodrigues e da advogada e ativista ambiental Alice Gabino.
Até então, estão postas no Recife as pré-candidaturas de João Campos (PSB), Marília Arraes (PT), Túlio Gadêlha (PDT) e Isabella de Roldão (PDT) no campo da esquerda, e no campo da direita as de Daniel Coelho (Cidadania) e Mendonça Filho (DEM), Patrícia Domingos (Podemos), Marco Aurélio (PRTB), Alberto Feitosa (PSC) e Charbel Maroun (Novo).
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Mas a decisão sobre o Recife ainda não está definida internamente na Rede Sustentabilidade. Por tratar-se de um município com mais de 200 mil habitantes, e por consequência, com segundo turno, a discussão passa pelo âmbito estadual e também nacional, onde o partido integra o grupo formado pelo PSB, PT, PDT e Cidadania.
"Qualquer um filiado ou filiada que quiser se apresentar (para ser candidato) pode fazê-lo, mas de uma forma pessoal, mas não é uma definição nossa do ponto de vista partidário", diz o porta-voz (presidente) da Rede em Pernambuco, Clécio Araújo.
Segundo Clécio, a Rede tem dialogado com João Campos, Marília Arraes e Túlio Gadêlha, este último com quem compartilha maior afinidade. "Túlio Gadêlha tem simpatia de lideranças da rede a nível nacional, por exemplo nosso senador Randolfe Rodrigues. Ele inclusive já sinalizou nessa construção de uma aliança programática, da possibilidade inclusive da Rede compor uma vice na prefeitura. Há uma boa identidade política programática em relação ao nome dele, a gente com certeza na hora de decidir vai levar muito essas questões em consideração", disse o presidente.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira (11), assinada por Sérgio Resende, que também é Coordenador de Formação, a ala da Rede em defesa da candidatura-própria no Recife considera que, apesar de manter diálogo com forças progressistas, o partido não deve estar sujeito a coligar-se com outros apenas por questões pragmáticas, "O que já foi julgado em outras eleições e condenado pela sociedade e povo recifense", diz trecho do comunicado.
Nas eleições de 2018, a Rede lançou Júlio Lóssio (atualmente no PSD) como candidato a governador. Lóssio acabou sendo expulso do partido por ter apoiado Jair Bolsonaro (sem partido), eleito presidente. Apesar dele ter conseguido disputar o pleito, o partido decidiu apoiar a candidata do PSOL, Dani Portela.
Em 2016, a Rede integrava a Frente Popular, liderada pelo PSB, que reelegeu o prefeito Geraldo Julio (PSB). Já em 2014, quando a Rede ainda tentava viabilizar o seu registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSB abrigou os membros do partido. Marina Silva disputou na vice de Eduardo Campos nas eleições presidenciais, e após sua morte, encabeçou a chapa. No segundo turno, o grupo apoiou Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Roussef (PT).
A nota assinada por Sérgio Resende fala de um cenário eleitoral difuso, que não contempla "os verdadeiros interesses dos recifenses". A sigla critica o que chama de "velhas práticas" adotadas por partidos que têm polarizado o discurso político na cidade, de um lado a defesa de "políticas federais desastrosas que buscam destruir o meio ambiente, que amplia a desigualdade quando busca retirar direitos de grupos vulneráveis como idosos, mulheres, negros e pardos, quando trabalha a ideia de novos impostos para o cidadão", e do outro "os que querem levar o discurso do pleito eleitoral para o nível nacional como forma de buscar um salvo conduto para erros do passado", diz trecho do comunicado.
"(A Rede) quer partidos e pré candidatos como alternativa verdadeira, como uma nova VIA, sem velhos vícios políticos, onde as pessoas se sintam representadas pelo gênero, pela cor, classe social, pela experiência, capacidade, enfim pela diversidade que é a nossa sociedade e capazes de discutir os problemas da nossa VENEZA brasileira", diz outro trecho do comunicado.
Veja a íntegra do comunicado
"Viemos comunicar a partir da presente nota, que em face do cenário atual do processo eleitoral na cidade do Recife se apresentar de forma difusa, não contemplar até o momento os verdadeiros interesses dos recifenses, qual seja a ausência de debates sobre os problemas enfrentados por nossos cidadãos com a crise pandêmica da saúde pública e mau uso dos recursos disponibilizados, a crise pandêmica da segurança pública municipal em geral, destruição e vandalização dos patrimônios públicos e históricos, da violência pandêmica nas comunidades mais desassistidas face ausência de políticas públicas do poder municipal, da crise pandêmica com a falta de organização urbanística da cidade, da crise pandêmica no saneamento básico e falta de água em pleno século XXI em bairros recifenses, da crise pandêmica por falta de assistência e proteção que atinge negros, pardos, idosos, grupos ligados a movimentos LGBTQIA+ e mulheres com as violências sofridas, a crise pandêmica pela falta de mobilidade urbana municipal, a crise pandêmica pela falta de iniciativa e criatividade para gerar emprego e renda para o recifense, além da degradação ambiental que ocorre nos nossos mananciais, estuários e reservas ecológicas.
Agregado a todos estes fatores citados, há ainda a falta de um modelo de gestão mais moderno, democrático e ecosustentável que dialogue em parceria com as comunidades e entidades civis na discussão e construção do emprego dos recursos e da construção das políticas públicas necessárias ao enfrentamento dos problemas municipais.
Vemos que os velhos partidos que se mantém no poder e suas velhas políticas com suas velhas práticas e oligarquias políticas tem se válido de discursos de enfrentamentos recíprocos para gerar polarizações políticas e levar ao cidadão a ideia de que só existem as opções do EU ou ELE, do BOM ou RUIM, do BEM ou MAL, jogando com o MEDO, pré candidatos e partidos que utilizam como discursos defender políticas federais desastrosas que buscam destruir o meio ambiente, que amplia a desigualdade quando busca retirar direitos de grupos vulneráveis como idosos, mulheres, negros e pardos, quando trabalha a ideia de novos impostos para o cidadão, o que é indefensável, outros que querem levar o discurso do pleito eleitoral para o nível nacional como forma de buscar um salvo conduto para erros do passado, o Recife e o povo recifense não merecem esse tipo de política, de partidos e de políticos.
Que quer partidos e pré candidatos como alternativa verdadeira, como uma nova VIA, sem velhos vícios políticos, onde as pessoas se sintam representadas pelo gênero, pela cor, classe social, pela experiência, capacidade, enfim pela diversidade que é a nossa sociedade e capazes de discutir os problemas da nossa VENEZA brasileira. Face ao exposto no comunicado, a REDE está discutindo internamente o lançamento também das pré candidaturas dos Filiad@s SÉRGIO RODRIGUES, Coronel da reserva remunerada da PMPE, Defensor dos Direitos Humanos e Educador e da filiada ALICE GABINO, Advogada, Feminista e Ativista Ambiental.
Recife, 10 de agosto de 2020
Sérgio Rodrigues de Paula – Filiado
Coordenador de Formação da REDE Sustentabilidade Recife/Pernambuco"
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