Maia, após Bolsonaro falar em 'porrada': reação desproporcional, não ajuda o País

Presidente Jair Bolsonaro afirmou ter "vontade de encher de porrada" a boca de um repórter do jornal O Globo
Estadão Conteúdo
Publicado em 24/08/2020 às 12:01
Maia viu seu candidato a presidente da Câmara ser derrotado pelo candidato de Bolsonaro Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que "não cabe uma reação desproporcional como a do presidente Jair Bolsonaro". No domingo (23), o presidente Jair Bolsonaro afirmou ter "vontade de encher de porrada" a boca de um repórter do jornal O Globo em resposta ao questionamento sobre as transferências do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz à primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
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"Espero que o episódio de ontem não se repita. Não é bom e não ajuda. Vai criando tensionamentos", afirmou Maia nesta segunda-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Na avaliação do presidente da Câmara, o impacto da frase é "muito negativo, interna e externamente". Segundo o parlamentar, "os últimos 66 dias foram muito positivos para o Brasil e para o próprio governo. Seria bom que mantivéssemos o mesmo caminho".

Repercussão

Parlamentares e partidos políticos reagiram à ameaça feita pelo presidente Jair Bolsonaro a um repórter do jornal O Globo neste domingo (23). 

O PSDB diz em nota que a fala do presidente "desrespeita a liberdade de imprensa" e "não condiz com o cargo". "O presidente volta a mostrar apreço por posturas agressivas e antidemocráticas", publicou o perfil oficial do partido no Twitter. O MDB, por sua vez, pediu respeito aos jornalistas. "O presidente da República precisa se retratar", diz a legenda.

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) chamou a fala de "inaceitável". Ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, avaliou que o aumento da popularidade do presidente o encoraja a voltar a ativar sua base militante. "Bolsonaro bem comportado é uma ilusão... durou pouco", declarou à reportagem. Sâmia, hoje líder do PSOL na Câmara dos Deputados, diz que falas como a deste domingo, 23, "mostram a que o presidente veio".

Para a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), parlamentar com um histórico de embates com o presidente, o ataque ao jornalista é "gravíssimo". "Na democracia, tal atitude não pode ser tolerada. Chega deste tensionamento diário. Fora Bolsonaro", publicou Maria do Rosário no Twitter. O também petista Alencar Braga (SP) chamou a atitude de "ira de mafioso".

Entre os senadores, Humberto Costa (PT-PE) classificou o episódio como "absurdo". Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que Bolsonaro tem medo. "O medo de responder é tão grande que Bolsonaro quer silenciar quem o fiscaliza de toda forma... Ele vai dizer o mesmo à justiça?", questionou o parlamentar, no Twitter.

 
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