A participação de Mendonça Filho (DEM) no primeiro debate televisivo com os candidatos a prefeito do Recife, que foi ao ar nesta terça-feira (10) na TV Jornal, foi marcada pelo enfrentamento do democrata aos postulantes do PSB, João Campos, e do PT, Marília Arraes. De acordo com a quarta rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, divulgada na última segunda-feira (9), Mendonça disputa com Marília a segunda posição na disputa, colocação que pode garantir a presença de um dos dois no segundo turno com João, que lidera as menções no levantamento.
Já no primeiro bloco do debate, ao ser questionado por João Campos sobre as suas propostas para reduzir a taxa de desemprego no Recife, Mendonça usou o seu tempo de resposta para tecer críticas duras à gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB), que é do mesmo partido do candidato. "Primeiro eu vou fazer tudo diferente do que foi feito por Geraldo Julio, que abandonou o micro e pequeno empreendedor, contribuindo para a ampliação do desemprego na cidade. Perseguiu os empresários na pandemia, não ofereceu qualquer tipo de assistência para quem vive do próprio negócio, mesmo os ambulantes", declarou o ex-ministro da Educação.
Na sua resposta, Mendonça ainda usou a cidade de Salvador como exemplo para defender que as gestões socialistas no Estado e no Recife não fizeram nada durante a pandemia para auxiliar os empreendedores do município. "Não venha me dizer que essa é uma missão exclusiva do governo federal (ajudar os empresários durante a pandemia). Eu acompanhei cidades como Salvador, por exemplo, onde se criou um programa específico para quem vive do próprio negócio e o prefeito ACM Neto (DEM) conseguiu atender cerca de 20 mil pequenos empreendedores. Aqui no Recife a gente não teve nenhuma assistência do governo do Estado e da prefeitura, pois a marca do seu governo, de Geraldo Julio, é perseguir o empreendedor, inclusive com a elevação de impostos. O IPTU do Recife é o mais elevado no do Norte/Nordeste, e isso é marca do seu partido e do PT. A gente criaria um ambiente onde a prefeitura pudesse reduzir a carga tributária, qualificar a mão de obra e auxiliar o pequeno empreendedor, inclusive com crédito para aqueles que precisam desenvolver o seu próprio negócio", disparou o democrata.
Quando, na sua réplica, o socialista afirmou que os dados que Mendonça apresentou estavam incorretos, pois segundo ele a taxa de desemprego de Salvador é superior a do Recife, e que a lei que determina o reajuste do IPTU na cidade seria de autoria do Democratas, o ex-governador do Estado afirmou que o concorrente "não sabe fazer conta", apesar de ser engenheiro civil. "Eu lamento que o engenheiro João Campos não saiba fazer conta. A receita per capita do Recife é muito superior a de Salvador, de R$ 1250 de média de imposto por habitante no comparativo com Salvador, portanto o seu dado está errado, é bom voltar para a universidade para aprender a fazer conta. Com relação à elevada carga tributária da cidade, você não explicou porque o IPTU do Recife ela é tão elevada. Mais de 80% nos oito anos da gestão de Geraldo Julio. Além disso, o prefeito elevou a taxa de lixo, por isso empreender é muito difícil na cidade. É por essa razão que vamos criar o Simplifica Recife, para facilitar a vida do pequeno e médio empreendedor da cidade", pontuou.
Após o debate, usando a sua conta no Instagram, Mendonça voltou a falar sobre o episódio, desta vez classificando o oponente como "estagiário". "O debate deixou claro quem é o estagiário e quem é o #prefeitodeverdade! João Campos quis fugir da responsabilidade e se enrolou nas contas, mas a gente repete e até ensina: o Recife é sim a capital do Norte e Nordeste que mais cobra impostos municipais dos seus cidadãos - R$ 1.250,00/hab. Em Salvador, cobrança é de R$ 928,00/hab. Herança de 20 anos de gestão socialista, muito competente quando o assunto é sufocar o orçamento das nossas famílias. Anotou, João?", escreveu o democrata.
HABITAÇÃO
No segundo bloco do debate, ao ser questionado pelo candidato Charbel (Novo) sobre o déficit habitacional da cidade, Mendonça voltou a mirar nos candidatos de centro-esquerda e disse ser do partido deles a responsabilidade pela carência das 70 mil habitações que o Recife tem hoje. "Essa área de habitação demonstra a incompetência e a falta de compromisso do PT, de Marília Arraes, e do PSB, de João Campos, com a habitação popular. Estima-se que 6 mil pessoas vivam hoje em palafitas no Recife. Eu visitei a comunidade do Bode, no Pina, onde a primeira promessa de Geraldo Julio chegou ao local na sua primeira eleição e eles ainda aguardam os habitacionais. Vários habitacionais iniciados nas gestões do PT estão inacabados. Há obras no Pilar, na Praça Sérgio Loreto, em Joana Bezerra, Vila Brasil I e II. Um vergonha. Uma incapacidade de entrega de um estoque de mais de 2 mil habitações para a população pobre da nossa cidade. Nós vamos priorizar a entrega desses empreendimentos habitacionais, são 2600 unidades no total que o PT e o PSB não conseguem entregar e garantir 10 mil novas habitações populares para atender aqueles que residem em palafitas, e as cerca de 5 mil famílias que ainda vivem do auxílio-moradia", declarou o candidato.
SANEAMENTO
Mendonça ainda teve a oportunidade de confrontar o candidato João Campos depois que o socialista respondeu a uma pergunta sua sobre gestão metropolitana prometendo aumentar em 50% a cobertura de coleta e tratamento de esgoto na cidade. Em sua réplica, o democrata lembrou que Geraldo já havia feito essa promessa e, portanto, João não teria "moral" para fazê-la novamente.
"O partido do João Campos, o PSB, não apresenta seriedade, responsabilidade e compromisso com o tema metropolitano saneamento básico. Geraldo Julio fez essa promessa na sua primeira disputa à Prefeitura da cidade do Recife, de ampliar em mais de 50% a cobertura de coleta e tratamento de esgoto na cidade e não entregou nada. João vem agora repetir a promessa de oito anos atrás. Quem vai acreditar? Está aí o sistema de saneamento básico do Cordeiro para atender a sete bairros: abandonado. João não tem moral para defender uma proposta como essa. Cerca de 150 mil pessoas vivem o sofrimento da falta de água, porque a Compesa não consegue abastecer a casa dos cidadãos, então infelizmente você não tem condições de apresentar isso", argumentou Mendonça Filho.
"POR QUE QUERO SER PREFEITO?"
Durante o debate, os candidatos também tiveram a oportunidade de falar diretamente ao seus eleitores e explicar a razão pela qual desejam comandar a capital pernambucana. O vídeo abaixo mostra o democrata afirmando que está disputando a eleição porque o Recife teria se tornado a cidade "dos impostos altos, do desemprego e da corrupção" durante a passagem de prefeitos do PT e do PSB.
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