VOTAÇÃO

Sem apresentar provas, Bolsonaro lança dúvida sobre urna eletrônica e volta a defender voto impresso

Presidente afirmou que "falta no Brasil" uma forma de auditar os votos

Estadão Conteúdo
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Publicado em 16/11/2020 às 22:59 | Atualizado em 16/11/2020 às 23:07
EVARISTO SA / AFP
Entre risos, Bolsonaro declarou: "Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X." - FOTO: EVARISTO SA / AFP
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a lançar dúvidas, sem apresentar provas, sobre a regularidade das eleições feitas com urnas eletrônicas. "Você fica na dúvida. Não pode ter dúvida", disse Bolsonaro a apoiadores, ao defender o voto impresso, nesta segunda-feira, 16.
Bolsonaro afirmou que "falta no Brasil" uma forma de auditar os votos. O Comprova, no entanto, mostrou que ataques de hackers ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não violam a segurança das eleições, e que o sistema de voto eletrônico brasileiro pode ser auditado.
"No meu tempo tinha o papel. Podia fraudar na contagem do papel, mas se pedia recontagem... agora, não. Acabou, acabou. Alguns falam: por que está reclamando, se foi eleito pela urna eletrônica? Eu entendo que só fui eleito pela urna eletrônica porque tive muito voto, senão não teria chegado", disse Bolsonaro, conforme imagens divulgadas pelo canal Foco do Brasil no YouTube.
As acusações de Bolsonaro ocorrem no dia seguinte à derrota de candidatos que receberam apoio do presidente nas eleições municipais. Dos 45 candidatos a vereador que apareceram no "horário eleitoral gratuito" do presidente, nas redes sociais, apenas dez conquistaram uma vaga no Legislativo de suas cidades.
Bolsonaro negou que a derrota de aliados possa fragilizar a sua candidatura para reeleição em 2022. "A eleição municipal é dissociada das majoritárias. Não estou preocupado com 2022", disse.
Questionado por apoiadores se será candidato na próxima eleição presidencial, Bolsonaro sinalizou que sim e disse que está sendo "bem tratado" em viagens pelo Brasil. "Se esse tratamento deixar de existir, eu estou fora. Se continuar, vou pensar o que fazer."
Bolsonaro criticou a possível candidatura de Luciano Huck ao Palácio do Planalto. Sem citar o nome do apresentador, o presidente lembrou uma polêmica que envolveu marca de Huck, em 2015, que ofertou a camiseta infantil com a estampa "Vem ni mim que eu tô facin".
Bolsonaro disse que vê movimentações do "grupo de sempre", da esquerda, para o próximo pleito. "Tem um pessoal mais... Progressista aí, como um apresentador de televisão. Inclusive, lançou uma moda infantil há poucos anos, alguém sabe? 'Vem ni mim que eu tô facin'. É esse tipo de gente que se apresenta. E não é só isso. A gente vê que não tem como dar certo. Que compra avião no BNDES por quarenta e quatro milhões pagando quatro por cento ao ano de juros", disse Bolsonaro.
Em 2015, Huck pediu desculpas pela divulgação da camiseta em site de sua grife. "Assim que percebemos esse lamentável erro, imediatamente retiramos a imagem do ar", afirmou à época.
Huck teve encontros recentes como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.
Bolsonaro voltou a fazer comentários preconceituosos sobre nordestinos. A apoiadores, ele disse: "Sabia que lá no Ceará é proibido cantar aquela música 'encosta sua cabecinha no meu ombro e chora'? Senão, mata esmagado o namorado. Pronto, vai ter manchete pro Ceará aqui. Eu posso falar que o meu sogro é do Ceará."
Em julho de 2019, o presidente usou outra ofensa a nordestinos ao tratar do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Em conversa captada por microfones durante um café com jornalistas, ele afirmou que "daqueles governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão". "Não tem que ter nada para esse cara", afirmou o presidente.

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