DEBATE TV JORNAL

Entre troca de farpas, João Campos e Marília Arraes apresentam algumas propostas para o Recife no debate da TV Jornal

Apesar da série de ataques trocados entre os candidatos, eles conseguiram equilibrar o debate com as suas propostas de governo em áreas como saúde, segurança, educação e moradia

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Publicado em 24/11/2020 às 17:21
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BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM - 24/11/2020 - ELEIÇÕES - Debate Eleições 2020 com Marília Arraes e João Campos na TV Jornal. - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Eleições de 2020 - Arte: JC

O que era para ser um espaço para debater propostas e ideias para o Recife, acabou se tornando uma oportunidade para troca de acusações e denúncias. No debate da TV Jornal, nesta terça-feira (24), os candidatos a prefeito João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), aproveitaram a maior parte do tempo de suas falas para fazerem críticas entre si, no entanto, algumas propostas puderam ser reforçadas entre os cinco blocos do programa.

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Inovação 

Na temática a respeito da inovação, João Campos cita que o Recife tem 86% do seu PIB baseado nos serviços e que, por isso, é necessário fazer com que a capital pernambucana possa crescer mais. Ele questionou quais as estratégias que sua adversária possui para inovar na gestão pública. “Nós vamos abrir um processo de inovação aberta, apresentando as entidades daqui e de outros lugares, as questões que devem ser resolvidas. Inclusive, das áreas meio para diminuir a burocracia e facilitar o acesso do pequeno empresário, médio e grandes também, sobre as questões da prefeitura. A burocracia é grande entrave para os negócios, vamos colocar a inovação a serviço da população”, destacou Marília Arraes.

O candidato a prefeito, também possui uma proposta semelhante no campo da inovação. Anunciada ainda no primeiro turno das eleições, João Campos quer dar um “choque de gestão robusto” na Prefeitura do Recife. “ A gente pode trazer, o que é um compromisso da nossa geração, para a gestão pública um processo de diálogo e digitalização dos serviços muito mais otimizados, que possam ajudar as pessoas. A gente vive numa era digital, a comunicação na sociedade já é em rede e a gente vai trazer isso para a gestão pública, fazendo, junto com a transformação digital a transformação aberta”, frisou.

Saúde 

Com o tema da saúde sorteado, Marília perguntou para João como ele resolveria o problema das filas a rede municipal para ter acesso a exames. “Filas para consulta de especialistas. Para você ter uma ideia, para ultrassonografia com doppler, são sete mil esperando na fila, para um ortopedista tem gente que está esperando mais de um ano e meio”, afirmou a candidata.

Segundo João argumentou, o desafio não é atenção básica, mas sim a média complexidade, que demanda profissionais especializados e recursos tecnológicos. Ele citou a sua proposta de construção do Hospital da Criança “quem vai ter emergência 24h, especialidade, sala de cirurgia, UTI, dedicada exclusivamente para as crianças do Recife. Porque a gente faz assim”.

O socialista também falou da promessa de construir uma Unidade Pernambucana de Atenção Especializada (UPAE) no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife. “Nós vamos fazer parcerias com a iniciativa privada para utilizar o tempo ocioso dos hospitais privados para fazer cirurgia, exames, procedimentos que possam ajudar as pessoas da cidade do Recife. Porque tem de fato uma grande fila como tem em todo o Brasil e nosso esforço vai ser para diminuir e poder zerar essa fila em parceria com a iniciativa privada, expandindo a rede própria do Recife”, disse João.

Já Marília ressaltou que a média complexidade está condicionada a um bom atendimento na atenção básica. “Por isso, nós vamos atenção a essas duas questões, ampliar de verdade a rede de equipes de Saúde da Família, com médicos, com enfermeiros, e também vamos criar três centros de medicina diagnóstica para desafogar mais essa fila de exames”, disse.

De acordo com Marília, na gestão, caso seja eleita, vai requalificar a estrutura de equipamentos de saúde já existentes. “É disso que a cidade precisa, precisa manter o que já tem, colocar para funcionar as estruturas e ampliar diversas questões como as creches, como a rede de atenção básica e outras coisas que precisam funcionar de verdade, e não somente de promessas”, cravou a petista.

Palafitas e morros 

No tema Palafitas e Morros, João Campos quis saber qual seria a viabilidade da proposta da candidata em zerar o número de palafitas na cidade do Recife. No entanto, Marília Arraes afirmou que “jamais anunciou isso”, explicando que Palafita Zero é o nome do programa. “Nós vamos executar uma política decente de habitação, diferente do que foi feito nos últimos anos. Como já falei aqui, sequer um projeto teve o início, o meio e o fim nas gestões de Geraldo Julio. Ele não concluiu os cinco habitacionais que estão parados, a mais de oito anos. Vamos ter novos projetos e correr atrás de mais recursos com o governo federal. E também buscar parceria com a iniciativa privada que quer construir”, respondeu a parlamentar sem mencionar qual seria o custo para a execução dessas iniciativas, conforme perguntado por seu adversário.

Por outro lado, em sua réplica, João Campos não falou sobre suas propostas para o tema. Apenas criticou o fato de que já havia dito em outras ocasiões, que a conta para zerar as palafitas da cidade, não fecha.” A candidata tinha anunciado que iria sim acabar com as palafitas na cidade do Recife, depois que eu apresentei a ela a conta de quanto seria isso e ela viu que seria impossível fazer. Está dizendo que não anunciou. Nosso compromisso é de poder trazer a verdade, poder apresentar os problemas e os caminhos das soluções. A gente vê a candidata Marília falar o tempo todo de Geraldo Julio, mas a disputa aqui candidata, é entre João Campos e Marília, nós temos que comparar os nossos mandatos, o que fizemos como deputados, como selecionamos as pessoas para trabalhar no gabinete, qual foi a nossa produtividade, o que fizemos de ação”, disparou o socialista.

Enfrentamento da violência

A editora Ciara Carvalho, no quarto bloco do debate em que os candidatos respondem as perguntas feitas por jornalistas do Sistema Jornal do Commercio, questionou João Campos sobre como será a política de enfrentamento da violência, principalmente quando se trata do extermínios de jovens negros da cidade. O candidato da Frente Popular ressaltou que o retrato da desigualdade não é uma especificidade do Recife, mas de todo o país. “Isso é muito duro, perverso e o nosso compromisso por quem se dedicou a vida pública, é enfrentar isso. Nós vamos ampliar sim a rede de Compaz, que já é uma política efetiva que mostra que reduz a criminalidade, que gera a oportunidade na vida das pessoas”, afirmou.

A proposta é de que o Centro Social Urbano Bidu Krause, no bairro do Totó, seja transformado em um novo Compaz, e uma nova unidade também seja construída no bairro do Pina. Ainda segundo João Campos, em sua gestão caso eleito, a cidade alcançará os 100% de iluminação LED, além de contar com a ampliação das câmeras de videomonitoramento. No que diz respeito a guarda municipal - cujo o candidato é contra o seu armamento - haverá um efetivo maior em áreas com grande circulação de pessoas.

A candidata Marília Arraes, que teve oportunidade de comentar a proposta de seu adversário, afirmou que é preciso ampliar a atuação do Compaz. Em sua gestão, caso eleita, ela pretende requalificar os Centros Sociais Urbanos que estão desativados.

"Temos diversos equipamentos como o CSU que estão abandonados. É possível reativá-los e revitalizá-los.O CSU de Dois Unidos poderia estar gerando emprego e renda para os moradores do bairro, mas ele foi abandonado. Abandonado igual a outros CSU's espalhados pela cidade, como o do Engenho do Meio, do Ibura, da Mustardinha”,disparou.

Recursos próprios da gestão 

No quarto bloco, quando os candidatos responderam perguntas de jornalistas do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, a editora Mona Lisa Dourado questionou à Marília Arraes sobre o Programa Retomada, um modelo híbrido de crédito e auxílio para pequenos empreendedores.

Ela lembrou da previsão de déficit primário de R$ 240 milhões no Recife para 2021. “Isso significa que o próximo gestor ou gestora não terá dinheiro para investir na cidade com recursos próprios. Apesar desse cenário, dos gastos extras feitos pela pandemia, a senhora promete criar um fundo de R$ 50 milhões por ano para microcrédito. Como a prefeitura sem recursos poderá emprestar dinheiro a população”, questionou.

O recursos, respondeu Marília, serão obtidos a partir de um corte de gastos na máquina da prefeitura, através da revisão de contratos e diminuição dos cargos comissionados. “Eu tenho certeza de que auditar os contratos, chamar os órgãos de controle para dentro da prefeitura, verificar toda essa antecipação de receita que houve e deixar tudo bem esclarecido em pratos limpos, nós vamos conseguir sim aumentar a capacidade de investimento com recursos próprio”, garantiu a candidata.

Marília apontou a captação de recursos com o governo federal como outra alternativa, “Para você ter uma ideia, a prefeitura recebeu recursos para construir seis creches”, disse. “O recurso e voltou porque a prefeitura não conseguiu resolver problema de terreno, não conseguiu executar o projeto. Então nós vamos conseguir sim destinar 1%, é 1% só da Receita Líquida para a criação desse fundo de aval e do auxílio popular que nós propomos”, completou a candidata.

Segundo João, com o crescimento da economia haverá a possibilidade do déficit ser convertido em superávit, ou seja, uma receita positiva nos cofres municipais. “Quando a gente coloca a oportunidade do crédito, fomos a primeira candidatura a oferecer isso de maneira responsável, a gente vai dar a chance da economia se desenvolver, da pessoa poder gerar emprego, gerar renda, fazer a cadeia de suprimentos poder rodar na cidade e com isso gerar a distribuição de renda na cidade do Recife”, disse.

Nós temos esse compromisso e o bom gestor público tem que fazer a economia de gastos sempre. O caso de carros, por exemplo, Recife lançou uma plataforma para compartilhamento de carros, uma inovação entre as capitais brasileiras. O tempo do PT, de João da Costa, o aliado de Marília, isso estava longe de existir. Nós vamos avançar na economia, gerando emprego e renda e fazendo o Recife crescer.

 

 

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Eleições de 2020 - FOTO:Arte: JC

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