Diante de 485 novos soldados da Polícia Militar do Rio e seus familiares, o presidente
Jair Bolsonaro atacou no final da manhã desta sexta-feira (18) a imprensa e estimulou os novos agentes a não acreditarem no que está na mídia. "Não esperemos da imprensa a verdade. As mídias sociais, essas sim, trazem a verdade, e não a fábrica de fake news que é a imprensa brasileira", disse, em tom inflamado, para aplausos dos presentes. "Pensem nisso na hora de agir."
Nessa linha, o mandatário também pediu para os policiais terem cuidado em operações. "Se preparem cada vez mais, simulem as operações que podem aparecer, porque em uma fração de segundo está em risco sua vida, do cidadão de bem ou de um canalha defendido pela imprensa brasileira", orientou. "Não se esqueça disso, essa imprensa jamais estará do lado da verdade, da honra e da lei. Sempre estará contra vocês, pensem dessa forma para poderem agir", emendou".
A polícia do Rio matou 1.810 pessoas em 2019, segundo dados oficiais. "Trabalho de vocês policiais é um dos mais sublimes do Brasil. Vocês policiais oferecem a vida pela vida de terceiros e pelo patrimônio", afirmou o presidente.
Excludente de ilicitude
Na última terça-feira, 15, Bolsonaro defendeu retomar o debate da ampliação do excludente de ilicitude para forças policiais em operação. Proposta neste sentido foi rejeitada pelo Congresso na época do debate do pacote anticrime. O chamado excludente de ilicitude é previsto na Constituição e elimina a punição, em casos específicos, para aquele que pratica algo que pode ser considerado ilícito.
Em outro momento do discurso no Rio, Bolsonaro, em indireta aos demais Poderes, afirmou que, apesar da harmonia entre as três esferas, os "três Poderes são independentes e harmônicos, mas maior poder é o povo brasileiro". Nesta quinta-feira, 17, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a vacinação no País pode ser obrigatória por meio de medidas de Estados e municípios. Ele é contra.
O presidente participou da formatura de soldados da PM do Rio, no bairro de Jardim Sulacap, zona oeste da cidade. Estiveram com ele o governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), e os ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Braga Netto, de Casa Civil, além do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu filho "zero um", e deputados federais bolsonaristas. Todos estavam sem máscara.
Castro, que depende politicamente da família Bolsonaro, saudou o presidente logo no início de seu discurso. "Hoje é um dia de orgulho para o nosso Estado. Temos aqui hoje pela primeira vez um presidente da República no nosso curso de formação", apontou. E também cortejou Braga Netto, que atuou como interventor na Segurança do Rio em 2018. "O Rio de Janeiro jamais esquecerá do seu suor e de tudo o que a intervenção fez por aqui", alegou.
De surpresa, Castro convidou ainda o senador Flávio Bolsonaro, seu principal interlocutor no clã, para falar diante da tropa. O parlamentar chamou o mandatário interino de "governador honrado que defende a tropa, se preocupa com o servidor público e está completamente concentrado em seu Estado", em clara indireta ao afastado Wilson Witzel.
"Sabemos que a Polícia Militar durante tantos anos foi massacrada e estamos lutando contar isso. Estamos lutando para que a sociedade veja... Todos os índices menos um, que é a letalidade, baixaram sensivelmente. A maioria deles, mais de 50%. Mas o único que é divulgado é, infelizmente, o da letalidade por agente público", disse o governador.
Bolsonaro retribuiu os elogios de Castro, disse que o governador "honra seu mandato" e retomou o discurso de que ele e as Forças Armadas devem lealdade ao povo. "Jamais nossa democracia e liberdade serão ameaçadas por quem quer que seja", finalizou.