A insatisfação com os espaços dados ao PP na Prefeitura do Recife, com a Secretaria de Habitação ao invés de Saneamento, externada publicamente pelo presidente estadual do partido, o deputado federal Eduardo da Fonte, corre em paralelo às ocupações almejadas no Governo do Estado. Há uma tendência de que o Partido Progressista, que já possui o comando da pasta de Políticas de Prevenção às Drogas, possa de fato assumir a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, gerida pelo PT. Já insatisfeito, o PP ainda deve perder a administração de Fernando de Noronha, que tem como titular o advogado Guilherme Rocha. Ele poderá ser substituído pela ex-secretária de Turismo do Recife, Ana Paula Vilaça.
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Entretanto, o nome do deputado estadual Claudiano Martins Filho, que encontra-se de licença das atividades parlamentares por 120 dias, não é unânime na indicação para o cargo devido a uma suposta falta de experiência na área. Está prevista uma reunião com o diretório do partido para deliberar sobre estas questões, após a recuperação de Eduardo Fonte, diagnosticado com covid-19.
Mesmo sob ameaça do dirigente progressista em entregar os cargos da Prefeitura, e vir até a assumir a oposição na Câmara de Vereadores - onde ocupa a 1º secretaria com Eriberto Rafael -, nos bastidores há uma leitura que esse “recado seja direto para o Executivo municipal”. Ou seja, esse posicionamento poderia não ter um impacto maior no âmbito estadual. O governador Paulo Câmara (PSB) afirmou no início desta semana, que dedicará o mês de janeiro para fazer os “ajustes necessários” na administração.
“A fala de Eduardo Fonte é uma forma dele procurar ser compensado com mais espaços, inclusive no segundo escalão, que ainda não foi definido. E até obter uma ampliação na pasta de Habitação para alcançar uma estrutura maior. Mas precisamos observar como se dará a condução política pelo prefeito João Campos”, avalia um socialista, em reserva.
Outro socialista, ligado ao governo, também sob reserva, ressalta que essa espera do PP para ter mais espaço e mais estrutura surgiu após a movimentação do PT em lançar candidatura própria no Recife, e ensaiar entrega de cargos nas duas esferas - a própria licença de Claudiano Martins Filho tem sido uma forma de pressão para demarcar posição de “quem teria mais direito”. “Só acho que Eduardo tem errado na estratégia, não se discute cargos pela imprensa e isso é muito grave”, salienta. Ele também sublinha que é preciso avaliar que o PT ainda faz parte da Frente Popular de Pernambuco, com o secretário Dilson Peixoto, ainda no comando da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, e que partidos como PSD, PDT e MDB, também aguardam uma conversa com o governador sobre novas acomodações.
Na balança do “quem ganha mais ou perde mais”, o PSB tem avaliado quais seriam os possíveis desgastes que valem a pena serem encarados de olho em 2022. O Partido Progressista possui a presidência da Alepe, com o deputado Eriberto Medeiros, e uma bancada formada por 11 parlamentares. Não seria interessante para os socialistas embarcarem em uma série de desgastes, diante da intenção de possivelmente lançar o ex-prefeito do Recife e, agora, secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, como candidato à sucessão no Governo do Estado. Vale lembrar que o PP foi o terceiro partido a fazer o maior número de prefeitos eleitos nesta eleição, com 17 chefes do Executivo, atrás do PSB (53) e MDB (23).
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