Entrevista

''Não tem dinheiro para auxílio emergencial, mas tem para leite condensado'', diz Boulos sobre Bolsonaro

Boulos ainda falou sobre os caminhos da esquerda visando 2022

Cássio Oliveira
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Cássio Oliveira
Publicado em 28/01/2021 às 10:11
Foto: Felipe Jordão/JC Imagem
Guilherme Boulos concedeu entrevista à Rádio Jornal - FOTO: Foto: Felipe Jordão/JC Imagem
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Em passagem pelo Recife (PE), o professor e ativista Guilherme Boulos (PSOL) criticou a condução do governo Jair Bolsonaro na condução da pandemia do novo coronavírus (covid-19), disse ter esperança em uma aliança da esquerda para a eleição de 2022 e defendeu a continuidade do auxílio emergencial.

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Boulos disse concordar com a necessidade de um impeachment de Bolsonaro. "Temos um governo em crise permanente, isso por conta dos candidatos bolsonaristas que não se elegeram em 2020, porque Donald Trump, que era referência para Bolsonaro, perdeu nos Estados Unidos, e a condução da pandemia é desastrosa, mais de 215 mil mortes. O governo trabalhou contra a vacina, lamentou a chegada da vacina, não investiu em pesquisa e atua como aliado do vírus, pois estimula o que não é recomendado pelos médicos", disse Guilherme Boulos em entrevista à Rádio Jornal.

Dilma Rousseff foi derrubada por pedalada. Bolsonaro ele atenta contra a saúde pública. Rodrigo Maia precisa de compostura, abrir a gaveta, pegar uma caneta, assinar o impeachment e abrir um processo.
Guilherme Boulos (PSOL).

O psolista ainda criticou o recente episódio envolvendo as compras alimentícias do governo federal em 2020. "Não tem dinheiro para auxilio emergencial, mas tem para a farra, para leite condensado, para bombom superfaturado", disse Boulos.

Nesta semana, parlamentares pediram ao Tribunal de Contas da União (TCU) a abertura de uma investigação sobre os gastos com comida do governo federal. Uma representação ao TCU é assinada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES) e pelos deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES). Outra é de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

No domingo, o site Metrópoles divulgou uma reportagem com gastos do governo federal com comida em 2020, baseada em informações do Portal de Compras do governo federal. Alguns desses gastos geraram forte repercussão nas redes sociais, como a compra de R$ 15,6 milhões em leite condensado e de R$ 2,2 milhões em chicletes. A cifra corresponde ao custo anual com o produto alimentício em todos os órgãos do governo federal, não apenas a Presidência da República.

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Em nota, o Ministério da Defesa afirmou que o gasto é necessário para assegurar a alimentação dos militares em atividade. "O valor da etapa comum de alimentação, desde 2017, é de R$ 9,00 (nove reais) por dia, por militar. Com esses recursos são adquiridos os gêneros alimentícios necessários para as refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar). Esse valor não é reajustado há três anos", diz o texto. De acordo com a nota o leite condensado "é um dos itens que compõe a alimentação por seu potencial energético".

2022

No ano passado, Guilherme Boulos disputou a Prefeitura de São Paulo e foi ao segundo turno, sendo derrotado por Bruno Covas. Agora, as atenções já se voltam para a eleição presidencial de 2022. Para ele, é necessária uma aliança dos partidos de esquerda deixando de lado interesses individuais.

"Desde a redemocratização a esquerda sempre teve esquerda no segundo turno e sempre terá enquanto tivermos um País tão desigual, um país que volta ao mapa da fome. Defendo unidade na esquerda, que se tome juízo, e que se entenda que qualquer diferença é menor que objetivo comum do povo de reconstruir o país. Eu trabalho para chegar de forma unitária", afirmou.

A dois anos do pleito, ainda há uma fragmentação de candidatos de esquerda para disputar a Presidência, como Fernando Haddad (PT), Flávio Dino (PCdoB), Ciro Gomes (PDT), entre outros, como o próprio Boulos, e até o nome go governador Paulo Câmara (PSB) já foi citado. 

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Dilma Rousseff foi derrubada por pedalada. Bolsonaro ele atenta contra a saúde pública. Rodrigo Maia precisa de compostura, abrir a gaveta, pegar uma caneta, assinar o impeachment e abrir um processo.

Guilherme Boulos (PSOL).

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