Vereadores do Recife querem criar comissão para fiscalizar Compesa

Os problemas de abastecimento de água em várias comunidades do Recife foram tema de ampla discussão dos vereadores do município na primeira sessão de 2021 da Câmara Municipal, realizada na última terça-feira (2). Na ocasião, o 1º vice-presidente da Casa, Helio Guabiraba (PSB), informou que deu entrada em requerimento (nº 253/2021) para a criação de uma Comissão Interpartidária de Fiscalização da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). De acordo com o Regimento Interno, a comissão especial é formada por sete parlamentares e tem prazo de atuação de 180 dias. 

Há uma previsão de chuvas abaixo da média climatológica na Região Metropolitana do Reicfe (RMR) neste primeiro trimestre de 2021, o que pode prejudicar o armazenamento nos reservatórios e provocar uma mudança no esquema de distribuição de água pela Compesa, que diz estar monitorando a situação. Entre os dias 12 e 15 de janeiro deste ano, a Compesa paralisou todas as unidades operacionais do Sistema Tapacurá para fazer a sua manutenção. No Recife, 39 bairros foram atingidos. 

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Em seu discurso, Helio Guabiraba queixou-se da falta de água em locais como o bairro de Casa Amarela, Córrego da Loura, Córrego do Marreco, do Passarinho, da Bica e Alto de Santa Tereza. "É um absurdo a gente ter que estar todos os dias cobrando para que as pessoas tenham direito ao que lhe é de direito, pessoas que pagam suas contas em dia", afirmou o vereador. 

Entre os requerimentos de autoria do vereador aprovados na sessão da terça, um deles era um pedido para a Compesa "adotar providências" sobre falta de água na Rua Regina, na comunidade da Macaxeira, na Zona Norte do Recife, que segundo ele tem que lidar com a escassez de água há mais de quatro meses. "Esse é um problema recorrente. São diversas famílias que entram em contato comigo e não podemos deixar que a população continue passando por tamanho transtorno", reclamou. 

Vários vereadores endossaram o coro de queixas quanto a problemas de abastecimento. "Nós precisamos de compromisso da Compesa para ver o que ela realmente pode trazer de melhorias. São muitos lugares. Esta faltando água na cidade toda", disse Luiz Eustáquio (PSB). O socialista sugeriu a realização de uma  audiência pública virtual com representantes do órgão. 

"É importante que a gente continue cobrando investimentos e a participação do povo para que as nossas comunidades possam ter água em suas torneiras", disse Almir Fernando (PCdoB). 

Dilson Batista (Avante) mencionou o bairro de Dois Irmãos. "Especialmente no Córrego da Fortuna. Todo o Recife sabe que a Compesa é um órgão emblemático em problemas. E temos um bastante grave e a comunidade vem sofrendo com a falta d’água", disse. 

Dani Portela (PSOL) apontou que os problemas de abastecimento de água são antigos. "Isso é uma questão histórica, que tem se agravado nos últimos tempos. A gente chama a atenção para a urgência da necessidade de discutir a questão da água no município do Recife", salientou.

Marco Aurélio Filho (PRTB) questionou o motivo de haver falta de água em determinados bairros e em outros não. "Lembro que nesses tempos de pandemia, a água é imprescindível para que as pessoas mantenham a higiene e se previnam do vírus", afirmou o vereador, que também sugeriu a participação do Procon na discussão sobre o tema, já que há relatos de pessoas que não tem água nas suas residências mas recebem a conta mensal. 

Cobrança

Helio Guabiraba também solicitou uma audiência com a presidente da Compesa, Manuela Marinho, com caráter de urgência. A líder do PT na Câmara, Liana Cirne (PT), disse ao JC ter uma visita técnica á sede da Compesa já marcada e que entrou com um requerimento para solicitar a ida de todos os vereadores interessados ao local. 

"É muito importante que a gente ouça a Compesa, entenda os pontos de estrangulamento do abastecimento e dessa crise hídrica que vai se agravar. É ilusório imaginar que a crise hídrica é pontual", afirmou Liana. 

Liana defendeu a formação de um movimento suprapartidário para buscar soluções para o problema no âmbito legislativo. "A gente precisa de soluções. Ou os políticos se debruçam com muita seriedade na questão do abastecimento da água ou vai faltar água na cidade do Recife de uma maneira muito mais severa do que estamos vivenciando hoje. Essa pauta é emergencial e ambiental porque isso está ligado não apenas a questão estrutural, mas com o desmatamento. As pessoas insistem em não dar importância que o tema merece", completou.