Com o início da nova legislatura e a reorganização de espaços na Câmara dos Deputados, o estado de Pernambuco ganha um peso simbólico que não pode ser menosprezado no xadrez político. Na Mesa Diretora, três pernambucanos conquistaram as vagas de 1º secretário, com o deputado federal Luciano Bivar (PL), 2º vice-presidente, ocupado agora pelo deputado federal André de Paula (PSD), e a 2ª secretaria com a eleição da deputada federal Marília Arraes para o cargo. Há também quatro parlamentares do estado que irão liderar as bancadas de seus partidos. São os deputados federais: Renildo Calheiros (PCdoB), Sebastião Oliveira (Avante), Wolney Queiroz (PDT) e Danilo Cabral (PSB), que já assumiu o posto um dia antes do acordado com o partido.
A vaga de vice-líder do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também poderá ser ocupada por um pernambucano. A partir desta segunda-feira (8), a indicação do nome do deputado federal André Ferreira, que foi líder da bancada do PSC por dois anos, deverá ser oficializada. Para o cientista político e professor da Asces/Unita, Vanuccio Pimentel, a liderança de André Ferreira trará uma situação particular para Pernambuco, cujo objetivo poderá ser diminuir a rejeição do presidente para 2022.
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“Com o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) que é uma pessoa que já tem uma articulação política muito privilegiada com o governo, e que pode vir a ser substituído com a nova presidência da Casa para acomodar outros aliados, temos um espaço de interlocução muito privilegiado que não foi escolhido à toa pelo governo. Ele (Jair Bolsonaro) busca uma aproximação maior com o Nordeste, que é onde possui uma dificuldade do ponto de vista eleitoral”, avalia Pimentel.
O professor também rememora que não só Pernambuco, mas o Nordeste em si, sempre ocupou espaços de grande relevância no Congresso Nacional, até pelo tamanho da bancada representada na Câmara e no Senado. “No caso dos pernambucanos isso é interessante porque, desta vez, temos um peso maior na Mesa Diretora, além da liderança dos partidos. Isso representa uma coisa: capacidade de articulação”, frisou.
Ainda de acordo com Vanuccio, essas negociações também são benéficas para os governadores dos estados. “Eles ganham parlamentares com espaço de influência junto ao governo e quando se ocupa um espaço na Mesa Diretora, há um controle sobre a agenda legislativa do presidente e, de certa forma, uma influência sobre ela”, comentou.
A cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa, no entanto, faz algumas ponderações sobre estes cargos. No caso da Mesa Diretora, a docente explica que o ganho político é maior e isso não representa a liberação de mais recursos para determinado estado ou região.
“Estar na Mesa Diretora serve para dar destaque político simbólico e garantir a defesa de alguns interesses político partidários, mas não necessariamente do Estado. É mais para garantir os interesses daquela bancada, daquela correlação de forças que o deputado representa”, afirmou.
COLÉGIO DE LÍDERES
Já o papel da liderança da bancada os ganhos são equilibrados de uma outra forma. O presidente eleito Arthur Lira, em seu discurso de posse, declarou que iria presidir a Câmara dos Deputados de forma coletiva, sem personalismo. Apesar da atitude considerada “autoritária” pela oposição ao anular a eleição da Mesa Diretora, em seu primeiro ato como presidente, há uma expectativa de que as pautas sejam trabalhadas de maneira equilibrada a partir do colégio de líderes. Por isso, a instância colegiada se torna tão importante quanto a composição da Mesa.
“Isso é um recurso político importante. Não estamos acostumados com esse raciocínio porque os partidos políticos não seriam muito relevantes ainda do ponto de vista eleitoral, mas na arena legislativa eles são decisivos. Ou seja, partidos bem estruturados, com lideranças bem escolhidas com articulações bem feitas tem dianteiras sobre certos recursos políticos que outros partidos não têm. A liderança partidária dá acesso a recursos políticos que outros membros não têm”, avalia Priscila Lapa.
Em conversa com o JC, o deputado Renildo Calheiros afirmou que assumirá a função de líder a partir da terça-feira (9), e que espera junto aos outros líderes priorizar pautas como a prorrogação do auxílio emergencial e a equação da distribuição das vacinadas contra o coronavírus.
“A decisão que o presidente havia tomado, relacionado a Mesa, foi um absurdo, mas felizmente ele acabou recuando. Isso ficou para trás, agora vamos entrar no projeto e mérito das matérias a partir da semana que vem. Ele (Lira) assumiu o compromisso de montar essa pauta junto com o colégio de líderes e nós insistimos que o prioritário seja a questão do auxílio emergencial, porque a economia está ruim e o desemprego só aumenta. E precisamos equacionar a questão das vacinas, não podemos aceitar mil mortes por dia”, declarou. O PCdoB possui uma bancada com nove parlamentares.
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