Líderes políticos pernambucanos acatam decisão de Fachin sobre Lula, mas evitam extrapolar questão jurídica
Nesta segunda-feira (8), ministro do STF anulou todas as condenações do ex-presidente Lula (PT) ligadas à Operação Lava Jato do Paraná
Lideranças políticas pernambucanas dos mais variados espectros políticos avaliaram, nesta segunda-feira (8), a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular todas as condenações do ex-presidente Lula (PT) ligadas à Operação Lava Jato do Paraná. Grande parte delas, porém, preferiu opinar tecnicamente sobre o tema, sem se ater ao mérito da questão.
Ex-senador e ex-ministro no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Armando Monteiro (PSDB) declarou voto em Lula em 2018 até o momento em que o petista foi considerado inelegível para aquele pleito, abrindo espaço para a candidatura de Geraldo Alckmin. Questionado sobre a determinação de Fachin, o agora tucano afirmou que ainda é cedo para projetar consequências do ato do ministro.
"Essa decisão é puramente processual, não é uma decisão de mérito. Ele decidiu que a Justiça de Curitiba não seria o fórum próprio para fazer aquele julgamento, tendo em vista que não há uma conexão clara entre os fatos que foram indicados e a questão da Petrobras. Agora, não se pode deixar de reconhecer que para a defesa do presidente Lula isso representa um ganho. E tudo o que relaciona com Lula tem implicações políticas, mas não adianta antecipar muito posições, seja de quem celebra ou lamenta a decisão", observou Armando.
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O senador Jarbas Vasconcelos (MDB), crítico histórico do PT, mas que em 2018 declarou apoio ao então candidato petista Fernando Hadadd, no segundo turno, também se posicionou a respeito da decisão de Fachin. "Decisão judicial se cumpre. Porém, independente do juízo, vejo mais uma vez prevalecer a frase do ex-ministro Pedro Malan de que no Brasil até o passado é imprevisível", declarou Vasconcelos.
Para o presidente estadual do Republicanos, o deputado federal Silvio Costa Filho, essa decisão está dentro da jurisprudência do STF e está correta. "Goste ou não do ex-presidente Lula, é preciso respeitar a Constituição", cravou o parlamentar, que é da base aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "O ex-presidente é um ativo do nosso país, por isso fico feliz com a decisão do ministro Fachin", completou.
O deputado pernambucano não considera que as anulações possam afetar as conquistas da Lava Jato ao longo destes anos, mas fez críticas ao ex-ministro da Justiça e ex-juiz, Sergio Moro. “A Lava Jato teve avanços civilizatórios, entretanto, está muito claro para todo o Brasil, que houve um conjunto de excessos ao longo da sua trajetória. Moro cometeu muitos excessos, pela forma atrapalhada como conduziu o processo, gerando um conjunto de falhas processuais, cada vez mais expostas. Muitas das decisões foram tomadas de forma equivocada”, declarou Costa Filho.
DEFESA POLÍTICA
A presidente nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambco, Luciana Santos, declarou que os processos contra o ex-presidente Lula tinha motivação política, e que por isso, não poderiam ter sido julgados na 13ª Vara Federal de Curitiba.
"Então hoje venceu a Constituição e a Justiça. A cada dia, os fatos concretos revelam que os procuradores atuaram com o objetivo de retirar Lula da disputa presidencial e desconstruir o legado de um ciclo político inclusivo, nacional e popular", afirmou a governadora.
Luciana Santos também defende que seria preciso reconhecer a suspeição do ex-ministro Sergio Moro em todo o processo. "Importante observar ainda que, se por um lado, essa decisão desmascara Moro e a República de Curitiba, por outro, pode abrir caminho para uma nova ofensiva contra Lula. Que estejamos todos atentos. O que defendemos sempre foi um julgamento justo e o respeito à democracia", declarou.
O deputado federal do PCdoB, Renildo Calheiros, também saiu em defesa do ex-presidente Lula, apontando para a gravidade do que ocorreu com o líder petista. "São processos que prenderam o presidente Lula por mais de 500 dias, que tiraram ele do processo eleitoral em 2018 quando liderava as pesquisas em todos os cenários. Acho correta a decisão, embora tardia, mas que não possamos parar por aí, porque fica evidente que foi um julgamento político", afirmou Calheiros.