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Lula afirma que a CPI da Covid não precisa propor impeachment, mas responsabiliza Bolsonaro por mortes na pandemia

O ex-presidente afirma que, pelas circunstâncias, pode ser candidato em 2022, mas disse que não será ''candidato para brigar''

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JC

Publicado em 19/05/2021 às 13:59 | Atualizado em 19/05/2021 às 16:53
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer duras críticas ao Governo Jair Bolsonaro pela condução da pandemia no Brasil, mas enfatizou não ser preciso que a CPI da Covid no Senado termine propondo cassação ou impeachment. Para o petista, a CPI só precisa "estabelecer a verdade".

Em entrevista à Rádio Folha, na manhã desta quarta-feira (19), o ex-presidente claramente falou em tom de candidato, mesmo afirmando não querer tratar de 2022 neste momento. Lula disse que Bolsonaro tem responsabilidade pelas mortes por coronavírus no Brasil, falou da relação com o ex-aliado Ciro Gomes (PDT), criticou Eduardo Pazuello e garantiu trabalhar em nome de alianças para o pleito do próximo ano.

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"A CPi (da Covid) cumpre um papel importante ao estabelecer a verdade nua e crua do que aconteceu no país. Ninguém quer condenar ninguém, é apurar o fato é saber porque morreram mais de 400 mil pessoas pelo vírus", afirmou Lula. Para ele, Bolsonaro deveria ter montado uma equipe de crise para a pandemia, com um "ministro competente para unir um comitê técnico com secretários de saúde e governadores".

Segundo Lula, o governo federal protelou a compra de vacina, "pois na cabeça do presidente (Bolsonaro) não era grave, era gripezinha". "O governo tem responsabilidade direta pelo descaso, depois insistiu em remédio (cloroquina) que é bom para malária, mas não para covid e continuou teimando que as pessoas não deveriam ficar isoladas, fazia questão de provocar, dizia que usar marcara era bobagem, que ficar em casa é coisa marica, contrariou conhecimento científico internacional. Esse cidadão tem responsabilidade direta pelo fracasso no combate à pandemia", disse o petista

Governadores

Ainda sobre a CPI, Lula apontou que o governo federal quer tenta culpar os governadores pelo "descompasso" no combate à pandemia. "Os governadores foram vítimas desse desgoverno. Tentaram fazer o que podiam, gastar o que não tinham, porque o governo se omitiu. Tudo que o governo federal fez foi com atraso e se contrapondo aos governadores.

CPI

Ao comentar sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, Luiz Inácio disse que o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten não deveria ter participado de conversas sobre a compra de vacinas da Pfizer. "O que faz a pessoa da comunicação ser comprador de vacina? Não tem nada a ver, ele foi mentir lá na CPI. O das Relações exteriores (ex-ministro Ernesto Araújo) foi mentir também, foi dizer que não falou mal da China e que não atrapalhou, mas ele se submeteu a outro maluco que era o Donald Trump, que achou que a pandemia não era nada e os Estados Unidos teve aquela quantidade de mortes", destacou.

Sobre o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, realizado nesta quarta-feira, Lula disse que o general faz discurso com glórias no Ministério não admitiu que "não sabia nada de saúde". "Ele disse ter cuidado da saúde do Exercito. Eu, no sindicato, cuidei do departamento médico, mas para cuidar são médicos que estudaram e ele deveria ter se submetido e não submeteu a isso. Ele levou seus amigos das Forças Armadas e colhemos o que colhemos agora", afirmou.

Ciro Gomes

Lula disse que Ciro Gomes quer "briga". O ex-governador do Ceará já foi ministro de Lula, mas hoje faz críticas ao petista. "Eu gostaria dizer que o Ciro é amigo, mas ele não quer e se ele não quer, ele não vai ser. Ele quer brigar, mas aprendi com minha mãe que quando um não quer, dois não brigam. Ciro não é meu inimigo, pode ser adversário, não vou ficar dizendo defeitos dele. Ele foi candidato e não chega a doze por cento. O problema é que ele só gosta dele, ele faz política para ele, então paciência", disse Lula.

Eleição

Lula disse que as circunstâncias "pedem" que ele seja candidato, mas que este não é momento para discutir 2022, porque a população está preocupada com vacina contra o coronavírus. "Não entro em jogo rasteiro, se tiver de voltar a ser candidato, não serei candidato para brigar, serei candidato para fazer mais do que eu fiz e desenvolver mais", disse.

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