Eleição

Em Pernambuco, corrida para a eleição 2022 já está a todo vapor

Em meio à pandemia, partidos estão conversando fazendo contas para o pleito do próximo ano

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Cássio Oliveira, Luisa Farias

Publicado em 26/04/2021 às 8:35 | Atualizado em 01/11/2021 às 22:02
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A ideia de que a classe política sai de uma eleição já pensando na próxima se impõe no Brasil pelo próprio calendário eleitoral, com escolha de representantes a cada dois anos. Desta forma, o cronograma partidário fica claro, sendo um ano de eleição seguido de um ano de articulação e assim por diante, sucessivamente, como explica o doutor em Ciência Política pela UFPE (Universidade federal de Pernambuco) Arthur Leandro.

"O processo eleitoral tem caráter permanente no Brasil, a eleição nunca cessa. Temos uma janela eleitoral muito curta, com eleição de dois em dois anos. Na prática, isso estabelece que um ano é de eleição e o outro de articulação. Assim que termina a eleição, fecham as urnas e os atores já se articulam para a eleição seguinte", explicou o professor.

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Em 2021 não temos eleições, mas os partidos já começam a reunir lideranças para deliberar sobre o futuro. É o caso do PT em Pernambuco, que no último dia 28 de março aprovou resolução deliberando o caminho a ser seguido para a disputa eleitoral de 2022. A legenda definiu que as decisões serão tomadas em conjunto com a Direção Nacional para "buscar construir o maior número possível de alianças das forças progressistas nos Estados".

O cientista político Antonio Henrique Lucena, da Universidade Católica de Pernambuco, destaca que as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo o ex-presidente Lula movimentaram o cenário politico. "Neste primeiro momento, não estão trabalhando a militância, são as elites partidárias que estão se movimentando, principalmente, depois que o STF julgou a vara de Curitiba incompetente no caso de Lula. Isso fez uma movimentação do tabuleiro acontecer. Rearranja a possibilidade de alianças entre PT e PSB", comentou.

No caso do PT, a expectativa gira em torno de uma candidatura própria ao Governo de Pernambuco, ou um retorno à Frente Popular, caso isso seja visto como melhor estratégia para fortalecer a candidatura do partido à nível nacional, que pode ser de Lula. A legenda já fez isso em 2018, quando deixou Marília Arraes ensaiar uma candidatura ao governo, mas acabou apoiando Paulo Câmara e rifando a candidata.

Para este ano, o PT vai fazer uma campanha estadual de filiação, segundo Doriel Barros, presidente estadual da legenda. "Vamos organizar o PT em todo o Estado, vamos buscar fazer esse trabalho esse ano de organizar as chapas proporcionais", comentou.

DEM

Outro que deu início nas tratativas de 2022 foi o Democratas. No último dia 19, o partido realizou encontro para planejar os rumos da legenda no Estado. Participaram o deputado federal Fernando Filho e os deputados estaduais Antonio Coelho e Priscila Krause com Mendonça Filho, presidente estadual do DEM. Os integrantes classificaram o evento como "marco inicial" do debate interno.

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“O encontro marcou mais um importante passo do Democratas em Pernambuco no sentido de preparar o partido para as eleições do ano que vem”, complementou Priscila Krause. De acordo com Mendonça, inicialmente. os partidários com mandato foram chamados para o debate sobre suas candidaturas visando a reeleição.

PSB

Fazer reunião com militância se tornou um desafio em meio à pandemia. Assim, o presidente do PSB no Estado, Sileno Guedes, disse estar focando no trabalho remoto. "Estamos conversando em rodízios de reuniões regionais, lideranças para o Recife de forma escalonada e a partir do conjunto de informações vamos definindo se vai até o município. Então, não da para fazer os eventos, a Agenda 40, embora a gente esteja na formação da militância de forma remota", disse.

PSDB

Os tucanos também se movimentam em Pernambuco neste ano. O PSDB tem uma nova presidente no Estado, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, que pode ser candidata a governadora, e correu atrás de filiar um nome tradicional da política pernambucana: o ex-senador e ex-ministro Armando Monteiro Neto. "Armando chega com a missão de contribuir nacionalmente, preparando o partido para as eleições de 2022”, destacou o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo, no dia da filiação.

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"Já estamos fazendo contatos, mapeando lideranças. Nós tínhamos todo o time do PTB, tem os candidatos naturais do PSDB, que vão certamente integrar as chapas proporcionais e gente que era do nosso grupo no PTB  e disputou eleição, mas ficou sem mandato", explicou Armando sobre o trabalho que iniciou no partido.

Os tucanos podem ter apoio do Cidadania, de Daniel Coelho, no próximo ano. O presidente nacional do partido, Roberto Freire disse, na última semana, que a legenda deve apoiar a candidatura de Raquel Lyra ao governo do Estado em 2022. “Se ela vai ser candidata, não sei, mas tem chances”, comentou Roberto à Rádio Clube AM. Para ele, se João Doria (PSDB), governador de São Paulo, disputar a Presidência da República, Raquel ganharia maior visibilidade para disputar o Palácio do Campo das Princesas. “O candidato nacional vai, de qualquer forma, induzir que sua aliança nacional se reflita nos estados”, disse.

Prefeitos

Outros possíveis candidatos a governador da oposição como Miguel Coelho (MDB) e Anderson Ferreira (PL) também estão se mexendo. Ambos estão se reunindo com lideranças políticas e buscando protagonismo político quer vá além dos limites de seus municípios.

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Anderson, por exemplo, mesmo sendo prefeito de Jaboatão, estava ouvindo demandas de lideranças do Agreste na última semana. Miguel segue na mesma linha e, recentemente, chegou a fazer um giro pelo Grande Recife trocando experiência com outros prefeitos. Ele já esteve com Yves Ribeiro, em Paulista, Célia Sales, em Ipojuca, e com Keko do Armazém, no Cabo. Todos venceram candidatos do PSB na última eleição.

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Nas discussões que tomam início, a oposição deverá chegar ou não a um consenso sobre quem será o candidato a governador, se serão um ou dois, algo que a sigla enfrentou dificuldades em bater o martelo, nas últimas vezes que tentou vencer o PSB no Estado e no Recife. "A fragmentação da oposição favorece o PSB, isso já foi visto em outras eleições e será assunto discutido pelos membros desse grupo", comentou Antonio Lucena.

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