De olho em 2022

Ciro Gomes rebate Lula: 'Reduz a política a uma briga de amigos'

Lula afirmou nesta quarta-feira (18) que não faria "jogo rasteiro" ao brigar com Ciro Gomes, que vem adotando uma postura de oposição ao petista

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Luisa Farias

Publicado em 19/05/2021 às 16:32 | Atualizado em 19/05/2021 às 16:57
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O ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) rebateu críticas feitas pelo ex-presidente Lula nesta quarta-feira (19) de que não estaria disposto a "brigar" com ele. O novo embate ocorre em meio a uma nova postura adotada por Ciro de oposição a Lula, seu antigo aliado, de olho nas eleições de 2022. 

O petista postou em seu Twitter a reprodução de uma fala dada por ele em entrevista à Rádio Folha nesta quarta (19). Ele disse que "infelizmente", Ciro não quer ser seu amigo, apesar de ele ser favorável a isso. "Mas eu aprendi uma teoria com a minha mãe Dona Lindu: quando um não quer, dois não brigam. Não farei jogo rasteiro", disse Lula. 

Em resposta, Ciro apontou que Lula usa "bajuladores e seu gabinete do ódio" para evitar um embate direto. "O que você não quer é debater o país, os projetos, as coisas que o PT fez no poder. Então você reduz a política a uma briga de amigos, a afetos. O povo brasileiro não merece isso", disse o pedetista.

Quando garantiu que não faria "jogo rasteiro", Lula falava sobre a possibilidade de ser candidato à presidência em 2022. Para ele, apesar das circunstâncias "pedirem que ele se candidata, o que está em jogo atualmente é a vacinação da população contra a covid-19. 

"Não entro em jogo rasteiro. Se tiver que voltar a ser candidato, não serei candidato para brigar, serei candidato para fazer mais do que fiz e desenvolver mais", disse. 

No seu Twitter, Ciro Gomes continuou os seus questionamentos sobre Lula. O presidenciável disse querer tratá-lo não como amigo, mas sim como oponente na política. "Estamos vivendo a maior crise de nossa história, temos que debater problemas e diferentes projetos com seriedade. Quero brigar contra a corrupção, a desindustrialização que você promoveu, a desigualdade que você manteve, os juros que seu governo pagou", disse. 

Ciro Gomes tem subido o tom contra Lula, desde quando as últimas pesquisas eleitorais vem apontando que o petista seria o único que poderia vencer Jair Bolsonaro em um segundo turno. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada no dia 12 de maio, Lula tem 41% das intenções de voto no primeiro turno, enquanto Bolsonaro possui 23%. Em entrevista ao Valor Econômico ele disse que ia "para cima" de Lula e o classificou como "maior corruptor da história moderna brasileira". 

Ainda nas declarações desta quarta (19), ele apontou Lula como responsável pela vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018. Ciro também foi candidato naquele pleito, mas não conseguiu ir ao segundo turno, disputado pelo ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. 

"Você é o responsável pela tragédia do desastrado Bolsonaro. Ou você assume que 70% dos eleitores de SP, RJ, MG, Sul, Norte e Centro Oeste que votaram no Bolsonaro são fascistas e gado como sua corte chama?", questionou Ciro, que tem buscado se aproximar com as forças políticas de Centro. 

Por fim, Ciro questionou o "verdadeiro projeto de nação" de Lula. "Se existir, aceito confrontá-los civilizadamente com o meu. Debato em qualquer dia, hora, meio ou território. Vamos debater o Brasil, não afetos pessoais", disse. 

Lula

Apesar de negar que será candidato em 2022, Lula adotou na entrevista um tom que vai na direção contrária, ao fazer críticas ao governo Bolsonaro e até falar sobre a possibilidade do PT retomar uma aliança com o PSB. 

Sobre a CPI da Covid, que ouve nesta quarta (19) o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o petista disse não ver necessidade dos trabalhos da comissão trazerem como resultado um pedido de impeachment contra o presidente. Para Lula, "estabelecer a verdade" seria o suficiente. 

"A CPI (da Covid) cumpre um papel importante ao estabelecer a verdade nua e crua do que aconteceu no país. Ninguém quer condenar ninguém, é apurar o fato é saber porque morreram mais de 400 mil pessoas pelo vírus", afirmou Lula. Para ele, Bolsonaro deveria ter montado uma equipe de crise para a pandemia, com um "ministro competente para unir um comitê técnico com secretários de saúde e governadores", afirmou. 


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