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Dimas Covas contraria Pazuello e aponta ofertas de vacina ignoradas por governo

A guerra política que envolveu as negociações do imunizante foi o foco do interrogatório do diretor do Butantan

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Estadão Conteúdo

Publicado em 27/05/2021 às 17:28
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Após mais de seis horas, o diretor do Butantan, Dimas Covas, encerrou seu depoimento à CPI da Covid. O instituto, ligado ao governo de São Paulo, é responsável pelo fornecimento da Coronavac no Brasil, primeira vacina contra a covid-19 disponível no País, produzida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
A guerra política que envolveu as negociações do imunizante foi o foco do interrogatório de Dimas Covas. Aos senadores, o diretor do Butantan afirmou que se o governo tivesse aceitado uma oferta apresentada ao Ministério da Saúde em julho do ano passado, 60 milhões de doses da vacina poderiam ter sido entregues ao Programa Nacional de Imunização (PNI) até dezembro de 2020. A proposta, no entanto, não teria tido retorno do governo.
Dimas Covas ainda contrariou a versão do ex-ministro Eduardo Pazuello, de que as declarações do presidente Jair Bolsonaro contra a Coronavac não teriam influenciado as negociações. Segundo o diretor do Butantan, as conversações com o Ministério da Saúde sobre a compra do imunizante "não prosseguiram" em razão da manifestação do presidente, que desautorizou Pazuello publicamente sobre a aquisição da vacina.
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Segundo ele, até o episódio, as tratativas com o Ministério da Saúde em outubro transcorriam bem. Na ocasião, a proposta envolvia 100 milhões de doses. No entanto, no dia seguinte ao anúncio do ministério sobre a aquisição da vacina no dia 20 daquele mês, as conversas tomaram outro rumo e ficaram paralisadas. "Aí no outro dia de manhã (após anúncio do Ministério sobre Coronavac), infelizmente conversações não prosseguiram porque houve manifestação do presidente Jair Bolsonaro dizendo que vacina não seria incorporada", afirmou o diretor.
Na sessão, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou vídeos envolvendo o caso, tanto das manifestações de Bolsonaro como do então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco. Após a fala do presidente, ele declarou que não havia intenção de comprar vacina chinesa, uma referência à Coronavac.
De acordo com Covas, o cenário só mudou em janeiro, quando o contrato com o Ministério da Saúde foi fechado - o que, para o diretor do Butantan, foi fruto de tentativas frustradas do governo em adquirir outros imunizantes. Ele ainda reforçou que, se a contratação com a pasta tivesse ocorrido antes, 100 milhões de doses poderiam ter sido integralizadas em maio deste ano. "E nesse momento (com o contrato atual) não sabemos se 100 milhões de doses serão integralizadas em setembro dada as dificuldades em relação à matéria-prima", relatou Covas.
Para o diretor do Butantan, o apoio do governo federal à produção da Coronavac, que segundo ele não aconteceu, poderia ter conferido "maior velocidade" ao desenvolvimento do imunizante. "Essa vacina não teve o apoio (do governo federal) na hora que foi solicitado, e poderia ter dado uma velocidade maior ao desenvolvimento. Poderíamos ter, como mostrei em vários depoimentos, um quantitativo maior de vacinas disponíveis para o Brasil no momento adequado", concluiu Dimas Covas.
Aos senadores governistas, Covas manteve as declarações de que a Coronavac é uma vacina eficaz e segura contra a covid-19, a qual poderia ter ajudado a reduzir o número de vítimas da doença se fosse adotada mais cedo. Figura carimbada nas entrevistas coletivas do governo de São Paulo, o diretor do Butantan chegou a participar três vezes por semana das sabatinas do governo paulista.
 

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