Conheça Eduardo Leite, governador que se assumiu gay e é pré-candidato a presidente da República
Eduardo Leite (PSDB) é o governador mais jovem do Brasil
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), assumiu a homossexualidade durante entrevista concedida ao jornalista Pedro Bial, em programa veiculado na madrugada desta sexta-feira (2). O anúncio fez com que o nome do político estivesse entre os assuntos mais comentados no Twitter e gerou mais de 200 mil pesquisas, segundo o Google Trends.
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“Nesse Brasil, com pouca integridade nesse momento, a gente precisa debater o que se é, para que se fique claro e não se tenha nada a esconder. Eu sou gay, eu sou gay. E sou um governador gay, não sou um gay governador, tanto quanto Obama, nos Estados Unidos, não foi um negro presidente, foi um presidente negro, e tenho orgulho disso”. Essa foi a fala do governador, inclusive utilizada para a divulgação do programa da TV Globo. Após a entrevista, o gestor ganhou 100 mil novos seguidores no Instagram.
Quem é Eduardo Leite
Mas você sabe quem é Eduardo Leite? Além de ser o governador mais jovem da história gaúcha e o mais jovem gestor estadual do País, o tucano tem o nome cotado para disputar a Presidência da República, em 2022, mas ainda sem decolar em pesquisas eleitorais.
Mesmo jovem, o governador já tem experiência no Executivo e no Legislativo. Em 2004, com 19 anos, ele se candidatou à Câmara Municipal de Pelotas (RS), sua cidade natal. Ficou com a suplência. Em 2008, aos 23 anos, conseguiu se eleger vereador. Três anos depois, foi presidente do Legislativo municipal.
Nas eleições de 2012, elegeu-se prefeito de Pelotas, aos 27 anos, com 110 mil votos. E quatro anos depois, em maio de 2016, quando ele liderava as pesquisas de intenção de voto, anunciou que não disputaria a reeleição. “A reeleição foi mal assimilada no Brasil. Se sou contra, não posso me beneficiar dela”, disse Leite à época. Sua vice-prefeita, Paula Mascarenhas (PSDB), acabou eleita em seu lugar.
O ato de Leite de desistir de disputar uma reeleição parece ter agradado os gaúchos, que nunca reelegeram um governador. Em 2018, o tucano disputou a eleição e elegeu-se para comandar o Rio Grande do Sul aos 33 anos. Ele obteve 3.128.317 votos – 53,62% dos votos válidos.
PSDB
Agora, Leite mira o Planalto, admitiu ser pré-candidato, mas há um racha interno no seu partido, o PSDB. Uma ala de tucanos defende a candidatura do gaúcho enquanto outra segue aliada ao projeto do governador de São Paulo, João Doria.
Além de Leite e Doria, o PSDB tem como pré-candidatos o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio e o senador Tasso Jereissati, do Ceará. O início dos debates entre os candidatos será em outubro e as prévias em novembro.
Ainda assim, Leite nega que haja uma divisão no PSDB. "É uma parte da sociedade e dentro do partido a gente tem lideranças, que estão apresentando suas biografias e trajetórias para que o partido decida de que forma que quer se apresentar pra população ano que vem".
Política
Do ponto de vista político, Leite defende quebrar a polarização entre esquerda e direita, buscando uma alternativa de centro. Em 2018, porém, durante a campanha, o tucano apoiou o candidato da direita, Jair Bolsonaro. Questionado no ano passado, sobre o apoio, Leite disse não se arrepender de ter votado em Bolsonaro, mas afirmou que o presidente estimula a divisão do Brasil.
Hoje, a situação entre Leite e Bolsonaro não é das melhores. O governador do Rio Grande do Sul defendeu na entrevista a Pedro Bial que haja uma rigorosa investigação sobre denúncias que podem levar a abertura de um processo de impeachment do presidente. "Tem fatores bastante preocupantes com as novas denúncias da vacina, fatores bastante fortes para que se analise um processo de impeachment. Não estou aqui defendendo pelo impeachment. O papel de defender o impeachment ou não cabe mais aos parlamentares ( ...) Deve ser apurado rigorosamente o que aconteceu e se houver fatos comprovados, precisa ser dada a sequência a um processo de impeachment se for o caso", afirmou.
Leite também falou sobre um ataque recente de Bolsonaro. Na ocasião, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena na Band, Bolsonaro disse a seguinte frase se referindo a Eduardo Leite. "Onde ele enfiou essa grana [destinada à Saúde no estado]? Eu não vou responder para ele né? Mas eu acho que é feio onde ele botou essa grana toda aí." Questionado por Bial quanto a um possível processo, Leite afirmou: "A gente ainda está avaliando. Eu entrei no STF com uma interpelação exigindo explicações do presidente. Ele apresentou as explicações em juízo e agora a gente está avaliando, a partir dessas explicações, as providências que devem ser tomadas".
Economia
No ponto de vista econômico, Eduardo Leite defende reformas e ajuste fiscal. Em seu próprio perfil no site do governo gaúcho, ele destaca que, em seus quatro anos à frente da prefeitura de Pelotas, “modernizou a gestão, priorizou a austeridade fiscal e, assim, conseguiu o equilíbrio das contas”. No governo do Rio Grande do Sul, Leite conseguiu aprovar uma reforma da Previdência no estado cujo objetivo era tornar sustentável o pagamento de aposentadorias e pensões dos servidores públicos civis do estado.
Eduardo Leite foi escolhido pela revista americana Americas Quarterly como um dos cinco políticos mais promissores da América Latina, entre os nomes com menos de 40 anos de idade. Estudou políticas públicas na Columbia University, em Nova York, EUA, e cursa mestrado em gestão pública na Fundação Getulio Vargas.