Ligação dos Coelho com Bolsonaro é principal motivo para a rejeição do MDB à candidatura de Miguel ao governo, diz Raul Henry
O pai de Miguel, Fernando Bezerra Coelho (MDB), é líder do governo Bolsonaro no Senado, enquanto Raul, que é deputado federal, e o senador Jarbas Vasconcelos fazem oposição dura ao militar da reserva no Congresso
Após o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), lançar uma nota nesta terça-feira (13) lamentando a decisão do MDB de permanecer na base do PSB no Estado - fato que inviabiliza a sua candidatura a governador de Pernambuco pelo partido em 2022 -, o presidente estadual da sigla, Raul Henry, veio a público afirmar que a principal razão que levou a cúpula emedebista a seguir por esse caminho foi o fato do grupo político do prefeito ter profunda ligação com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O pai de Miguel, Fernando Bezerra Coelho (MDB), é líder do governo Bolsonaro no Senado, enquanto Raul, que é deputado federal, e o senador Jarbas Vasconcelos fazem oposição dura ao militar da reserva no Congresso.
No texto, Raul explica que foi procurado pelo prefeito pela primeira vez para tratar das eleições no último dia 7 de abril. O deputado afirma que, na época, Miguel solicitou que uma resposta do partido sobre a sua postulação fosse dada até este mês de julho, um ano antes das convenções, "prazo necessário para organizar um calendário de iniciativas que pudessem fortalecer o projeto".
Raul frisa que, apesar de não ter restrições ao nome do gestor, pontuou à época que haveria "algumas contradições políticas" que deveriam ser enfrentadas para a viabilização da candidatura. "A primeira delas é que, hoje, temos uma aliança com a Frente Popular de Pernambuco, com colaborações na administração do Estado e da Prefeitura do Recife. Essa aliança foi construída por Jarbas e Eduardo Campos ainda no final de 2011", destaca Raul, no comunicado.
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Em segundo lugar, aponta o dirigente partidário, existiria o fato de que, de acordo com ele, a maior parte dos emedebistas do Estado seriam favoráveis à manutenção do partido na base socialista. Em seguida, o deputado cita a ligação dos Coelhos com o presidente Bolsonaro.
"Por fim, há uma contradição intransponível. É pública a aliança política entre o grupo liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho e o presidente Bolsonaro. Enquanto a nossa trajetória é marcada pela defesa dos valores democráticos, o presidente, todos os dias, aumenta a escalada do seu discurso contra as instituições e a ordem democrática", argumentou Raul Henry.
Segundo o presidente do MDB-PE, em um novo encontro com Miguel no dia 31 de maio foi reiterado que nenhuma dessas variáveis havia sido superada. O deputado diz que, nesta ocasião, pediu mais tempo para uma decisão e o prefeito acatou, desde que o mês de agosto de 2021 não fosse ultrapassado.
"Mantive Jarbas informado do conteúdo das conversas e também troquei ideias com vários quadros do partido. De Jarbas, ouvi a ponderação que deveríamos atender ao desejo do prefeito Miguel Coelho de acelerar o calendário. Não seria adequado deixar nele a impressão que estávamos adiando a decisão para trazer prejuízo ao seu projeto", observou Raul, dizendo logo em seguida que seu último encontro com o gestor municipal foi no dia 8 de julho, quando ele foi informado sobre a decisão do partido. Nas palavras de Raul, a cúpula estadual da agremiação o deixou "à vontade" para "encaminhar da maneira que lhe fosse mais conveniente os passos seguintes".
Miguel Coelho é, junto com os prefeitos de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL), e de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), um dos principais cotados do grupo de oposição ao PSB em Pernambuco para concorrer ao governo no ano que vem. Ele foi procurado para comentar a nota de Raul, mas não respondeu à tentativa de contato da reportagem até a publicação desta matéria.