Para presidente do PSOL, tentativa de Bolsonaro de ligar partidos de esquerda à facada é 'desespero' por denúncias de corrupção
Após ser transferido para São Paulo para a realização de exames médicos, o presidente publicou nas suas redes que iria atravessar "mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL"
Diante das insinuações feitas nos perfis oficiais do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última quarta-feira (14), de que o PSOL e o PT teriam ligação com o autor do atentado a faca que ele sofreu em 2018, durante a campanha à presidência da República, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, afirmou que o gesto do chefe do Executivo federal demonstra o "desespero" que ele sente por conta "do aprofundamento das denúncias de corrupção contra o seu governo". A declaração do dirigente partidário foi dada na manhã desta quinta (15), em entrevista ao JC.
"Toda vez que o Bolsonaro se depara com uma crise no seu governo, com um escândalo de corrupção, cada vez que se aprofunda o seu isolamento político, ele tenta mobilizar a sua tropa de choque nas redes sociais contra aqueles que são, no seu entendimento, seus principais adversários. Primeiro, é um orgulho para o PSOL ser considerado pelo Bolsonaro como um adversário, porque um governo que já levou 500 mil pessoas à morte deve ser frontalmente combatido. Mas já não funcionam mais as tentativas do Bolsonaro de tentar nos relacionar com o atentado que ele sofreu. O autor do atentado foi identificado, preso e condenado, não foi defendido por nenhum partido de esquerda. Aliás, Bolsonaro recebeu a solidariedade de todos os candidatos naquela eleição, inclusive o candidato do PSOL, Guilherme Boulos", declarou Medeiros.
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Na tarde de ontem, após ser transferido para São Paulo para a realização de exames médicos, o presidente publicou nas suas redes que iria atravessar "mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil". Na visão de Juliano Medeiros, a declaração "não faz o menor sentido".
"Essa tentativa de tentar associar o PSOL e outros partidos, o PT, no caso, (ao atentado) não faz o menor sentido e revela o desespero do Bolsonaro diante do aprofundamento das denúncias de corrupção contra os seu governo", pontuou.
2022
Sobre as eleições de 2022, Medeiros afirmou que, na última semana, o diretório nacional do PSOL decidiu que não definirá, ao menos por enquanto, um pré-candidato à Presidência da República. Hoje, parte da legenda aposta no lançamento de um nome próprio para a disputa ao Palácio do Planalto, enquanto outra ala acredita que a melhor tática seria a formação de uma aliança ampla com outras agremiações de esquerda.
"O nosso diretório nacional acabou de reafirmar a centralidade da luta pelo impeachment, pela vacina, pela volta do auxílio emergencial, da agenda que elaboramos esse ano em defesa do povo brasileiro. Obviamente, o partido está diante de apenas duas possibilidades, ou a candidatura própria ou apostar na construção de uma unidade das forças de esquerda", observou.
Segundo o dirigente, o partido só deve bater o martelo sobre a estratégia que será adotada pelo grupo nas próximas eleições em setembro de 2021. "A definição sobre a tática do partido para construir essa unidade será feita no nosso congresso nacional, no mês de setembro, onde a nossa militância, os nossos filiados, nossos dirigentes e parlamentares vão poder se manifestar. Nesse momento, a gente tem trabalhado para construir o melhor ambiente político entre os partidos de oposição, inclusive para que a possibilidade de uma aliança esteja colocada quando for a hora de tomar uma decisão", declarou Juliano Medeiros.
A respeito da disputa ao governo do Rio de Janeiro, o psolista afirmou que, com a recente saída do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) do partido, a rota da sigla no Estado precisará ser completamente reformulada. O cenário em São Paulo, porém, estaria mais definido, com uma candidatura de Guilherme Boulos praticamente confirmada.
"O Boulos foi para o segundo turno em São Paulo nas eleições municipais no ano passado e é o nome que estamos apresentando para tentar construir essa unidade. Tenho certeza que ele é o melhor nome e quem tem mais condições de unir a esquerda. Nós estamos conversando com vários partidos e essa é a nossa prioridade no Estado", frisou Medeiros.