Paulo Câmara vai ao ministro da Infraestrutura alegar que manter a obra da Transnordestina em Pernambuco é mais barato que concluir trecho do Ceará
No final de julho, o ministro anunciou que Pernambuco não teria mais um ramal da ferrovia. Pelo menos, por enquanto
O governador Paulo Câmara (PSB) vai se reunir com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, na próxima segunda-feira (16), para tentar manter de pé a obra da Ferrovia Transnordestina no trecho que corta Pernambuco.
Nesta quinta-feira (12), em entrevista à Rádio Jornal Petrolina, Paulo adiantou que usará como argumento o fato de a construção em Pernambuco custar menos que no Ceará.
"Tudo que cabe a Pernambuco foi feito, inclusive, vamos apresentar que para terminar o trecho do Ceará se gasta mais do que concluir o trecho de Suape. No momento de restrição financeira, nesse aspecto, a vantagem é ir para Suape. Claro que tem um grupo econômico que tem a concessão com interesses no Ceará, pois também possuem um tem terminal de grãos no porto Pecém, mas vamos mostrar que é mais barato terminar Pernambuco", afirmou o governador.
Nessa semana, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho disse que a obra da Transnordestina poderá ser relicitada, para que outra empresa toque e entregue a ferrovia. "Quem fez o contrato com a concessionária da Trasnordestina não fomos nós (Governo Bolsonaro), administramos porque é uma obra do Brasil. Constatamos que a empresa tem dificuldade de tocar nas duas vertentes, para Pecém e Suape. Então, há negociação com a empresa para permitir que uma das vertentes mais adiantada tenha funcionalidade e, se a empresa não pode tocar a outra vertente, que ela entregue a quem possa", disse.
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No final de julho, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas anunciou que Pernambuco não teria mais um ramal da ferrovia. Segundo ele, não há viabilidade para fazer a conexão da ferrovia até Porto de Suape, por isso o governo deverá optar por construir, por enquanto, somente o trecho da ferrovia Transnordestina até o Porto de Pecém, no Ceará. “Foi um imbróglio que foi herdado, mais um problema de modelagem. Entendo que as duas ‘pernas’ não coexistem. Estou deixando claro para todo mundo que não tem demanda para o ramal de Pernambuco e para o ramal do Ceará”, ressaltou Tarcísio à época.
Paulo Câmara, por sua vez, garante que da parte do Estado tudo foi viabilizado. "Está tudo viabilizado, do ponto de vista de desapropriação, ambiental, de projetos, não há dificuldade. E Suape tem estrutura mais avançada que Pecém, no nosso entendimento. A ferrovia pode ir ao Ceará, mas precisa vir a Pernambuco e vamos trabalhar e espero solução. A ferrovia é importante, para o minério de ferro do Piauí, por exemplo, e pode ajudar Pernambuco no gesso, pode viabilizar exportação das uvas, das mangas aqui do São Francisco por Suape, é projeto conectado com o que pesamos lá atrás para desenvolvimento de Pernambuco e do Nordeste", afirmou o governador de Pernambuco.
Transnordestina
A Transnordestina começou a ser construída em 2006 com prazo para estar concluída em 2014 e, depois, em 2016. Em 2017 o Tribunal de Contas da União suspendeu os repasses públicos em razão das incertezas quanto a possibilidade de conclusão do projeto que já havia consumido R$ 6 bilhões em investimentos e ainda demandava mais de R$ 5 bilhões para ser concluído.
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O governo federal aponta que a concessionária Transnordestina Logística, comandada pela CSN e responsável por construir e operar a ferrovia, mantém as obras em andamento, com praticamente 1.000 trabalhadores em campo, tendo investido R$ 300 milhões no ano passado. "O governo retomando a obra pode relicitar e permitir que outra empresa conclua o trecho de Pernambuco. O que não podemos é ficar olhando inertes se ela não desenvolve. Problema existe, somos um país enorme, mas o pior pecado é omissão", comentou Rogério Marinho.
Desde a divulgação que Pernambuco não teria mais o trecho da ferrovia que faria conexão até o Porto de Suape, o Governo do Estado e parlamentares da bancada federal pernambucana têm buscado reverter a decisão do governo federal.