DECLARAÇÃO

Bolsonaro "paz e amor" dura menos de uma semana. Presidente posta imagem de protesto vazio e dispara: "imprensa de m..."

Presidente criticou matéria do Estadão que dizia: "Manifestação a favor de Bolsonaro em Brasília tem baixa adesão"

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Katarina Moraes

Publicado em 12/09/2021 às 15:48 | Atualizado em 12/09/2021 às 18:58
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A postura equilibrada que Jair Bolsonaro (sem partido) tentou adotar após falas antidemocráticas nos atos de 7 de setembro não durou. Neste domingo (12), no Twitter, o presidente criticou reportagem que mostrou um protesto a seu favor vazio, com a frase: "alguém sabia desse "ato"? Imprensa de m.....".

Ele publicou uma captura de tela de uma matéria do Estadão que dizia: "Manifestação a favor de Bolsonaro em Brasília tem baixa adesão", com a foto que mostrava apenas um apoiador no local.

Por todo Brasil, apoiadores do presidente foram convocados a ir para as ruas pedir pelo fechamento dos Poderes e a tomada de poder com ajuda das Forças Armadas - ações similares às que aconteceram durante a Ditadura Militar no país.

Durante discurso em São Paulo para mais de 100 mil pessoas, o presidente questionou a urna eletrônica e as eleições, citou novamente o voto impresso (que já foi rejeitado pelo Congresso) e disse que não pode "participar de uma farsa como essa patrocinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)".

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"Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil", disse o presidente.

"Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada Poder da República", completou Bolsonaro, conclamando o presidente do STF a interferir nas decisões de Moraes - algo que seria inconstitucional.

As declarações fizeram com que membros do Congresso Nacional e do Poder Judiciário se articulassem contra o chefe do executivo.

O presidente recuou dois dias depois, em 9 de setembro, ao divulgar nota oficial chamada de "Declaração à Nação", em que prega harmonia entre os poderes, manifesta "respeito pelas instituições da República" e pela Constituição. No texto, ele reconhece que ninguém tem o direito de "esticar a corda" a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e a economia. Leia:

No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil

 

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